Arte e etnografia cokwe: antes e depois de Marie-Louise Bastin

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Porto,Nuno
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-65612015000100007
Resumo: Este texto parte do recenseamento e debate sobre o contexto em que o trabalho empírico de Marie-Louise Bastin no Dundo (1956) e a publicação original de Art Décoratif Tshokwe (1961) ocorrem, e analisa as recorrências contemporâneas do contexto de produção de categorias de “arte africana” e o seu consumo como “arte nacional”. O trabalho levado a cabo no Museu do Dundo desde 1936 permite inscrever a emergência da categoria de arte durante os anos 50 e 60 no contexto da promoção internacional da cultura material cokwe como “arte”, em detrimento da sua classificação, até aí vigente, como “etnografia”. Neste sentido, a promoção dos artefactos cokwe como “arte” está em relação com uma nova política de desenvolvimento do museu - que, entre outros fatores, motivara a cessação de funções de José Redinha como conservador (em 1959) - no quadro das transformações políticas na arena internacional. A análise deste processo, argumenta-se, revela-se útil a dois níveis: por um lado, para pensar relações entre o local e o global mediadas pela categoria de “arte”; por outro, na medida em que a categoria de “arte” constitui um fator de empoderamento de sujeitos ou populações, a análise de processos passados pode tornar-se um ponto de partida para compreender processos contemporâneos, tais como os que são analisados e debatidos a propósito da 1.ª Trienal de Luanda, como se propõe na segunda parte deste texto.
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