Canabinoides na dor crónica: uma revisão baseada na evidência.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva,Ricardo Garcia
Data de Publicação: 2021
Outros Autores: Remtula,Sofia Piarali, Gonçalves,Tiago Castelar
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732021000200133
Resumo: Resumo Objetivo: Avaliar a evidência existente relativa à eficácia de canabinoides no tratamento da dor crónica. Fontes de dados: MEDLINE/PubMed, Cochrane Library, TRIP Database, National Guideline Clearing House, Canadian Medical Association Practice Guidelines. Métodos de revisão: Utilizando os termos MeSH cannabis e chronic pain fez-se, em agosto de 2019, uma pesquisa de meta-análises (MA), revisões sistemáticas (RS), estudos observacionais (EO), ensaios clínicos (EC) e guidelines, publicados em português e inglês, sem limite temporal. Incluíram-se estudos realizados em adultos com dor crónica, independentemente da causa, submetidos a terapêutica com canabinoides, excluindo-se aqueles com intervenção em dor aguda. Utilizou-se a escala Strength of Recommendation Taxonomy, da American Academy of Family Physicians, para atribuir níveis de evidência (NE) e força de recomendação (FR). Resultados: Dos 244 artigos encontrados, 16 cumpriram os critérios de inclusão: nove RS, quatro EC duplo-cegos aleatorizados e controlados com placebo, dois estudos retrospetivos de série de casos e um estudo prospetivo de série de casos. Todos os estudos selecionados abordavam dor crónica, mas de etiologia diversa (oncológica, neuropática, reumatológica, visceral). Os resultados entre os estudos não foram consistentes. Parece haver algum benefício na dor neuropática e na dor oncológica, embora haja consenso pelas revisões de que serão necessários estudos de maior dimensão e duração para que a utilização de canabinoides tenha evidência robusta. Podem verificar-se efeitos adversos gastrointestinais e nas funções cognitiva e motora, sobretudo com as preparações contendo maior dosagem de tetrahidrocanabinol. Não há evidência para utilização em dor de origem reumatológica ou visceral. Não se atribuiu NE 1 a qualquer estudo. Conclusões: A utilização de canabinoides, embora promissora e com eventual benefício identificado em pequenos estudos para alguns tipos de dor crónica (sobretudo a neuropática), tem evidência limitada (FR B) e requer a realização de ensaios de maior qualidade e dimensão. Devem ser considerados a eficácia e os possíveis efeitos secundários a longo prazo em estudos de maior duração, algo que poderá ser alcançado com a crescente utilização dos fármacos na prática clínica. Com base na evidência disponível, os canabinoides poderão ser uma solução de última linha em casos de dor refratária neuropática e oncológica.
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