A retórica do (des)encontro nas cantigas de amigo. Ludus pragmático e erotização da figura feminina.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Coval, Olga da Silva
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/25210
Resumo: Esta dissertação pretende contribuir para a compreensão da relevância cultural e artística das cantigas de amigo galaico-portuguesas e dos principais mecanismos que suportam a sua estruturação. Com efeito, ao lermos estas composições apercebemo-nos de que elas evidenciam a existência de movimentos opostos nas relações humanas, filtrados através da linguagem poética. É que a temática amorosa, intemporal e constantemente revisitada, assume nesses textos algumas particularidades interessantes por virtude do contexto histórico de produção. Partindo da definição de um corpus de estudo, constituído por 505 cantigas de amigo, em resultado da comparação e da análise de várias edições críticas, classificámo-lo de acordo com dois eixos temáticos principais: o encontro e o desencontro amorosos. Em cada uma dessas categorias foi possível determinar subgrupos homogéneos com o objectivo de clarificar o que motiva ambas as situações. Estas composições podem, ao mesmo tempo, funcionar como jogo, exorcização ou apelo. Seguidamente empreendemos uma análise da hibridez de modos literários no género em questão e da forma como interagem. Para além de composições líricas, constatámos que alguns poemas são essencialmente narrativos e que outros se assemelham a uma cena encenada. De resto, o recurso a estes estratagemas resulta numa dinâmica textual variada que pretende, entre outras motivações, captar a atenção de uma audiência específica. Elaborámos também uma revisão crítica do papel da mulher no cancioneiro de amigo, não só como elemento da enunciação e personagem fulcral, mas ainda como presença feminina erotizada através da visão masculina, que revela como o lugar ambíguo e indefinido do feminino no contexto medieval se expressa nas composições sob a forma de uma dualidade entre erotismo e contenção, palavra e silêncio. O trabalho assim desenvolvido problematiza o modo como as composições em questão adquiriram uma finalidade pragmática na sociedade do galego-português, mais além do que mera distracção lúdica ou deleite artístico. As assimetrias registadas na selecção dos temas, na manipulação dos modos literários e na concepção do feminino são representativas quer da fragilidade humana quer do engenho artístico. Mas não é menos verdade que ao desenredar os fios desta enigmática meada nos deparamos com um cancioneiro coeso que se configura também como uma apetecível janela para o passado.
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