Temporal segregation in mesocarnivores in Mediterranean ecosystems
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | eng |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/58937 |
Resumo: | Tese de Mestrado, Biologia da Conservação, 2022, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências |
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Temporal segregation in mesocarnivores in Mediterranean ecosystemsCoexistênciaCães assilvestradosÍndice de pegada humanaCompetição interspecíficaAgregação espaço-temporalTese de mestrado - 2022Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências BiológicasTese de Mestrado, Biologia da Conservação, 2022, Universidade de Lisboa, Faculdade de CiênciasO nicho ecológico duma espécie é afetado pelas relações ecológicas que estabelece com outras espécies e pelas características do ambiente num determinado ecossitema. Ele é composto por três eixos principais – espacial, trófico e temporal - permitindo que cada espécie se distribua ao longo dum espaço tridimensional. Cada espécie ocupa um determinado lugar nesse espaço tridimensional e a variação desse lugar pode promover ou restringir a coexistência entre as espécies. As estratégias ecológicas que adotam (ex. partição de nicho numa ou mais dimensões) podem facilitar a coexistência entre espécies. Segregação no nicho temporal é especialmente importante quando a sobreposição nas outras duas dimensões é elevada, como acontece com espécies da mesma guilda, pois possibilita que as espécies partilhem o mesmo habitat e o mesmo alimento em diferentes alturas do dia, reduzindo a competição interspecífica entre elas. Esta segregação pode ser feita através de alterações dos períodos de maior atividade ou até mesmo através da inatividade em certos períodos do ciclo diário, o que diminui a probabilidade de ocorrererem encontros agonisticos entre as espécies. Compreender os mecanismos que possibilitam a coexistência é fundamental para assegurar a preservação dos ecossistemas, especialmente entre espécies que, como os mesocarnívoros, são cruciais para a regulação do ecossistema e para a manutenção do funcionamento e estrutura das comunidades biológicas. Os mesocarnívoros enfrentam desafios à sua conservação, associados a fatores de perturbação antropogénica, como a presença humana e as suas atividades e a ocorrência de cães assilvestrados. Estes, juntamente com a composição e estrutura da paisagem (que na região Mediterrânica também é moldada pelo Homem), influenciam os padrões ecológicos das espécies silvestres, incluindo os padrões de atividade. Deste modo, o objetivo deste estudo é investigar o processo de partição do nicho temporal, na guilda de mesocarnivoros terrestres, que habita diversos ecossistemas Mediterrânicos, representativos da paisagem portuguesa. Para isso, utilizámos uma abordagem não invasiva – a armadilhagem fotográfica - que é utilizada para detetar espécies inconspícuas, sendo por isso ideal para estudar os mesocarnívoros, e pode ser implementada em vastas áreas com esforço relativamente baixo. Assim, entre agosto de 2020 e maio de 2021, colocámos 233 câmaras de armadilhagem fotográfica em seis áreas de estudo, que englobam zonas que, na sua maioria, apresentam algum estatuto de proteção. Estas áreas encontram-se distribuídas de Norte a Sul de Portugal Continental e estão incluídas na região Mediterrânica. Englobam variadas coberturas de solo, desde áreas abertas a densas florestas, e variados habitats, desde áreas altamente preservadas a sistemas agrícolas. Para cada fotografia, foi registada a espécie identificada, a data e a hora correspondentes. Cada registo foi depois utilizado para estimar e consequentemente analisar os padrões de atividade diários das espécies (utilizando estimadores de densidade de kernel). Foi estimado o grau de sobreposição desses padrões, utilizando o coeficiente de sobreposição (∆), para a mesma espécie em diferentes ambientes (intraspecífica) e para espécies diferentes num mesmo ambiente (interspecífica). Também testámos a agregação espaço-temporal para espécies diferentes, num mesmo ambiente, utilizando a análise time-to-encounter. Para avaliar o modo como diferentes contextos ambientais afetam o nicho temporal dos mesocarnívoros em paisagens Mediterrânicas, dividimos os nossos dados de acordo com diferentes contextos: de habitat (floresta e matos) e de perturbação (humana e cães assilvestrados). Analisamos oito contextos diferentes: áreas de menor e maior extensão de floresta, áreas de menor e maior extensão de matos, áreas com menor e maior perturbação humana, e áreas com presença de cães assilvestrados e áreas cuja presença não foi detetada. Em áreas de maior extensão de floresta e de maior extensão de matos, previu-se que os mesocarnívoros tivessem padrões de atividade menos noturnos e consequentemente menor sobreposição temporal, uma vez que estas áreas podem oferecer mais oportunidades de refúgio, possibilitando a atividade durante horas de sol, sem comprometer a sua baixa detetabilidade. Relativamente à análise espaço-temporal, esperou-se que houvesse menor agregação nestas áreas, por haver mais áreas com as condições necessárias para serem utilizadas pelos mesocarnivoros (florestas e matos) e mais opções a nivel temporal para as usar. Em áreas de maior perturbação humana e em áreas com presença de cães assilvestrados, previram-se padrões de atividade mais noturnos e consequentemente maior sobreposição temporal, por parte dos mesocarnívoros. Isto porque é expectável as espécies estarem menos ativas durante o dia, para evitar o Homem, as suas atividades e a deteção pelos cães assilvestrados, reduzindo assim a probabilidade de encontros agonísticos. Previu-se ainda uma maior agregação espaço-temporal nestas áreas, pois os predadores ao terem que concentrar a sua atividade à noite, terão menos oportunidades temporais para usar áreas ricas em recursos. Foram estudadas cinco espécies de mesocarnívoros (a raposa, o texugo, a fuinha, a geneta e o sacarrabos) maioritariamente noturnas, com exceção do sacarrabos, que é diurno. De entre as espécies noturnas, a raposa mostrou ser a espécie com mais atividade crepuscular. Os nossos resultados mostram que a extensão de matos, a perturbação humana e a presença de cães assilvestrados, influencia o nicho temporal da guilda de mesocarnívoros Mediterrânicos, contribuindo para a sua coexistência. Em áreas de menor extensão de matos, as raposas, os texugos e as fuinhas concentram a sua atividade mais à noite, o que sugere que os matos funcionam como barreiras visuais. Em áreas em que há uma menor extensão de matos, as espécies ficam mais vulneráveis a serem detetadas umas pelas outras, alterando, assim, os seus padrões de atividade para evitar esta perturbação. As genetas mostram um padrão oposto, o que sugere que outros mecanismos não relacionados com a necessidade de evitar competição com outras espécies, devem dar origem a este padrão. Em áreas de maior extensão de matos, a abundância da presa preferencial da geneta - os micromamíferos - é maior, e como os micromamíferos têm maior atividade à noite, é natural que a geneta seja mais noturna nestas áreas, de modo a aumentar o sucesso de captura destas presas. Em áreas de menor extensão de matos, a abundância de micromamíferos é menor, o que pode levar a geneta a aumentar a sua atividade crepuscular de modo a aumentar a deteção e sucesso de captura de outras presas (e.g., artrópodes). Em áreas com maior perturbação humana, as genetas concentram a sua atividade mais à noite e, em áreas com presença de cães assilvestrados, as raposas e as fuinhas mostram o mesmo padrão. O que sugere que estas espécies evitam estar ativas durante os períodos de maior perturbação humana e de atividade de cães assilvestrados, o que ocorre principalmente durante o dia. Os padrões de atividade dos texugos e dos sacarrabos não sofreram grandes alterações entre os diferentes contextos de perturbação. As espécies ecologicamente mais semelhantes (a fuinha e a geneta), mostram segregação temporal entre elas em áreas de maior extensão de matos e em áreas sem cães detetados. Enquanto que, nas áreas complementares a estas, mostram maior sobreposição temporal. Estes resultados sugerem que estas duas espécies utilizam o nicho temporal para facilitar a sua coexistência e que priorizam evitar cães assilvestrados, em áreas em que este carnívoro doméstico está presente. Os nossos resultados sugerem que o tipo de perturbação antropogénica e o seu efeito nos mesocarnívoros é muitas vezes específico para cada espécie. Também sugerem que as raposas, as genetas e as fuinhas são os mesocarnívoros mais influenciados e os texugos e os sacarrabos são os mais resilientes à perturbação associada ao Homem. Todos os resultados relativos à análise espaço-temporal mostraram, no geral, um padrão de agregação entre as espécies estudadas, o que sugere que a dimensão mais relevante para possibilitar a coexistência entre os mesocarnívoros seja a dimensão trófica. Os nossos resultados evidenciam a importância dos contextos de habitat e de perturbação antropogénica na determinação dos padrões de atividade dos mesocarnívoros. Através da realização deste estudo, concluimos que é necessária mais investigação relativa ao impacto dos cães assilvestrados nos mesocarnívoros, e que a avaliação de múltiplas dimensões do nicho ecológico (espacial, trófica e temporal) de uma guilda, em diferentes estações do ano, deve ser prioritária para permitir uma melhor identificação e compreensão dos mecanismos que promovem a coexistência entre mesocarnívoros em ecossistemas Mediterrânicos.Coexistence between mesocarnivores can be achieved by niche partitioning, on one or several of the main niche axes: trophic, spatial, and temporal. Segregation in the temporal niche is especially important when the overlap in the other two dimensions is high, such as between species of the same guild. Understanding the mechanisms that allow coexistence is pivotal to assure ecosystem preservation, especially between species, such as mesocarnivores that are crucial for the ecosystem and community structure’s regulation and functioning. These predators face conservation challenges linked to human and free-roaming dogs’ disturbance, which together with the landscape composition, influence their activity patterns. Thus, the aim of this study is to investigate the temporal niche partitioning process, in the mesocarnivores’ guild that inhabits several Mediterranean ecosystems, representative of the Portuguese landscape. Therefore, we deployed 233 camera-traps in six study areas, across Portugal, estimated and analyzed the daily activity patterns, their intra, and interspecific overlaps, and tested the species' spatiotemporal aggregation in different types of habitat cover and disturbance contexts. Five mesocarnivores were studied (red fox, European badger, stone marten, common genet, and the Egyptian mongoose) all mainly nocturnal, except mongooses. We found that the amount of shrub cover, and human and dog disturbance, influence mesocarnivores, with animals generally avoiding periods where humans and dogs are more active. Our results suggest that the type of anthropic disturbance and its effect is often species-specific, and that foxes, genets, and stone martens are the most impacted mesocarnivores, with badgers and mongooses being the most resilient to human-associated disturbance. We concluded that more research regarding the impact of free-roaming dogs on mesocarnivores and assessing multiple niche dimensions within the same guild, in different seasons, should be prioritized. Such research will allow better identification and understanding of the mechanisms that promote the coexistence between mesocarnivores in Mediterranean ecosystems.Rosalino, Luís Miguel do CarmoNegrões, NunoRepositório da Universidade de LisboaDias, Marta Virgínia Ribeiro2023-08-21T11:41:35Z202220222022-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/58937enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T17:07:55Zoai:repositorio.ul.pt:10451/58937Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:09:00.962132Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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