O comércio internacional e a segurança nacional

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gonçalves, Jorge Augusto Marques
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/53327
Resumo: A relação entre o comércio e a segurança faz-se presente desde a gêneses da humanidade. Esse conturbado relacionamento tem trazido, no decorrer dos séculos, diversos conflitos e entendimentos destoantes. O homem compreendeu o comércio como a melhor alternativa para dispor do seu excesso de produção e para obter os bens essenciais que não produz. Entretanto, o temor fruto da necessidade de se ter sempre disponível os produtos essenciais e o medo de que a eventual falta de tais produtos gerasse um problema de segurança, levou vários povos e nações a colocar, desde a antiguidade, barreiras e restrições às trocas comerciais. Além disso, ao longo dos séculos, a compreensão sobre o que é a segurança nacional se expandiu e deixou de ser considerada apenas como uma questão militar. As nações começaram a compreender a segurança nacional como um interesse que deveria ser também travado pela economia nacional. Portanto, barreiras e medidas restritivas de comércio começaram a se tornar cada vez mais frequentes, mas a partir de então como instrumentos econômicos para a segurança. Dentre as barreiras e medidas restritivas de comércio, sempre houve um tema que se mostrou mais polêmico do que os outros, qual seja, o argumento da segurança como justificativa para a adoção de tais medidas. Os Estados, respaldados em sua soberania e, às vezes, em normas jurídicas internacionais, entendiam que a imposição de sanções econômicas e barreiras comerciais era legal justificada pela segurança nacional. Consequentemente, entendiam também que a segurança, quando conveniente, sobrepunha-se ao comércio. De fato, muitas normas jurídicas internacionais permitiam a adoção de medidas restritivas de comércio sob a mencionada justificativa da segurança nacional. Um exemplo é o Artigo XXI do GATT, que exemplifica o fato de que, à época, grande parte dos membros da OMC entendiam que a exceção da segurança nacional não poderia ser limitada. Todavia, um recente relatório do painel DS512 interpretou tal exceção e impôs limites à sua abrangência e à sobreposição da segurança sobre o comércio. O presente trabalho concentra-se na análise do relacionamento entre o comércio e a segurança sob a luz das medidas restritivas adotas durante a história, especialmente aquelas vinculadas às normas jurídicas internacionais e às visões econômicas relevantes.
id RCAP_2cc0723e44d3c3b8d25283a6bfdd6f1e
oai_identifier_str oai:repositorio.ul.pt:10451/53327
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling O comércio internacional e a segurança nacionalComércio internacionalSegurançaOMCGATTTeses de mestrado - 2022DireitoA relação entre o comércio e a segurança faz-se presente desde a gêneses da humanidade. Esse conturbado relacionamento tem trazido, no decorrer dos séculos, diversos conflitos e entendimentos destoantes. O homem compreendeu o comércio como a melhor alternativa para dispor do seu excesso de produção e para obter os bens essenciais que não produz. Entretanto, o temor fruto da necessidade de se ter sempre disponível os produtos essenciais e o medo de que a eventual falta de tais produtos gerasse um problema de segurança, levou vários povos e nações a colocar, desde a antiguidade, barreiras e restrições às trocas comerciais. Além disso, ao longo dos séculos, a compreensão sobre o que é a segurança nacional se expandiu e deixou de ser considerada apenas como uma questão militar. As nações começaram a compreender a segurança nacional como um interesse que deveria ser também travado pela economia nacional. Portanto, barreiras e medidas restritivas de comércio começaram a se tornar cada vez mais frequentes, mas a partir de então como instrumentos econômicos para a segurança. Dentre as barreiras e medidas restritivas de comércio, sempre houve um tema que se mostrou mais polêmico do que os outros, qual seja, o argumento da segurança como justificativa para a adoção de tais medidas. Os Estados, respaldados em sua soberania e, às vezes, em normas jurídicas internacionais, entendiam que a imposição de sanções econômicas e barreiras comerciais era legal justificada pela segurança nacional. Consequentemente, entendiam também que a segurança, quando conveniente, sobrepunha-se ao comércio. De fato, muitas normas jurídicas internacionais permitiam a adoção de medidas restritivas de comércio sob a mencionada justificativa da segurança nacional. Um exemplo é o Artigo XXI do GATT, que exemplifica o fato de que, à época, grande parte dos membros da OMC entendiam que a exceção da segurança nacional não poderia ser limitada. Todavia, um recente relatório do painel DS512 interpretou tal exceção e impôs limites à sua abrangência e à sobreposição da segurança sobre o comércio. O presente trabalho concentra-se na análise do relacionamento entre o comércio e a segurança sob a luz das medidas restritivas adotas durante a história, especialmente aquelas vinculadas às normas jurídicas internacionais e às visões econômicas relevantes.The relation between trade and security is something that has been present since the genesis of humanity. This conflicted relationship has brought, during the centuries, diverse conflicts and controversial conceptualizations. Humankind has comprehended that trade is the best alternative to dispose of its production excess and to obtain the essential goods, which it does not produce. However, fear about the necessity of always having the essential products available and that the lack of them may generate security problems, which has taken many people and nation to impose, since the earlier ages, barriers and restrictions to the commercial trades. Over the years, the comprehension of what is national security has expanded and detached itself from the simple of idea of it being only a military interest. Nations have begun to understand that national security was an interest, which was directly related to the national economy. Hence, barriers and restrictive trade measures have become more and more frequent, but this time as an economic instrument for security. Among the barriers and restrictive trade measures, there has always been an issue that has shown itself as more controversial than others: the argument of national security as a justification for the abovementioned measures. The states, supported by their sovereignty and sometimes by international legal norms, understood that the imposition of economic sanctions and trade barriers were legal, if justified under the light of national security. Thus, they had the vision that security, when convenient, could overstep trade. In fact, many international legal norms permitted the adoption of restrictive trade measures under this mentioned justification. One example is Article XXI of GATT in which many WTO members understood that this security exception could not be limited. However, a recently report of the panel of the case DS 512 has interpreted the exception and imposed limits and boundaries to the once wide exception, limiting, consequently, the overstep of security on trade. This study will, therefore, analyze the relationship between trade and security under the light of the measures adopted through history, legal norms, and economic visions.Mota, Pedro InfanteRepositório da Universidade de LisboaGonçalves, Jorge Augusto Marques2022-06-07T17:01:30Z2022-05-022022-05-02T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/53327porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:59:02Zoai:repositorio.ul.pt:10451/53327Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:04:17.734234Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv O comércio internacional e a segurança nacional
title O comércio internacional e a segurança nacional
spellingShingle O comércio internacional e a segurança nacional
Gonçalves, Jorge Augusto Marques
Comércio internacional
Segurança
OMC
GATT
Teses de mestrado - 2022
Direito
title_short O comércio internacional e a segurança nacional
title_full O comércio internacional e a segurança nacional
title_fullStr O comércio internacional e a segurança nacional
title_full_unstemmed O comércio internacional e a segurança nacional
title_sort O comércio internacional e a segurança nacional
author Gonçalves, Jorge Augusto Marques
author_facet Gonçalves, Jorge Augusto Marques
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Mota, Pedro Infante
Repositório da Universidade de Lisboa
dc.contributor.author.fl_str_mv Gonçalves, Jorge Augusto Marques
dc.subject.por.fl_str_mv Comércio internacional
Segurança
OMC
GATT
Teses de mestrado - 2022
Direito
topic Comércio internacional
Segurança
OMC
GATT
Teses de mestrado - 2022
Direito
description A relação entre o comércio e a segurança faz-se presente desde a gêneses da humanidade. Esse conturbado relacionamento tem trazido, no decorrer dos séculos, diversos conflitos e entendimentos destoantes. O homem compreendeu o comércio como a melhor alternativa para dispor do seu excesso de produção e para obter os bens essenciais que não produz. Entretanto, o temor fruto da necessidade de se ter sempre disponível os produtos essenciais e o medo de que a eventual falta de tais produtos gerasse um problema de segurança, levou vários povos e nações a colocar, desde a antiguidade, barreiras e restrições às trocas comerciais. Além disso, ao longo dos séculos, a compreensão sobre o que é a segurança nacional se expandiu e deixou de ser considerada apenas como uma questão militar. As nações começaram a compreender a segurança nacional como um interesse que deveria ser também travado pela economia nacional. Portanto, barreiras e medidas restritivas de comércio começaram a se tornar cada vez mais frequentes, mas a partir de então como instrumentos econômicos para a segurança. Dentre as barreiras e medidas restritivas de comércio, sempre houve um tema que se mostrou mais polêmico do que os outros, qual seja, o argumento da segurança como justificativa para a adoção de tais medidas. Os Estados, respaldados em sua soberania e, às vezes, em normas jurídicas internacionais, entendiam que a imposição de sanções econômicas e barreiras comerciais era legal justificada pela segurança nacional. Consequentemente, entendiam também que a segurança, quando conveniente, sobrepunha-se ao comércio. De fato, muitas normas jurídicas internacionais permitiam a adoção de medidas restritivas de comércio sob a mencionada justificativa da segurança nacional. Um exemplo é o Artigo XXI do GATT, que exemplifica o fato de que, à época, grande parte dos membros da OMC entendiam que a exceção da segurança nacional não poderia ser limitada. Todavia, um recente relatório do painel DS512 interpretou tal exceção e impôs limites à sua abrangência e à sobreposição da segurança sobre o comércio. O presente trabalho concentra-se na análise do relacionamento entre o comércio e a segurança sob a luz das medidas restritivas adotas durante a história, especialmente aquelas vinculadas às normas jurídicas internacionais e às visões econômicas relevantes.
publishDate 2022
dc.date.none.fl_str_mv 2022-06-07T17:01:30Z
2022-05-02
2022-05-02T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10451/53327
url http://hdl.handle.net/10451/53327
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799134594032730112