A Relação Psicoterapêutica à Distância: aliança terapêutica, sentimentos contratransferenciais e caraterísticas dos psicoterapeutas em telepsicologia

• Autor(a) principal: Nogueira, Samuel Antunes
• Data de Publicação: 2021
• Outros Autores: Farate, Carlos (Orientador)
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://repositorio.ismt.pt/jspui/handle/123456789/1274
• topic: Telepsicologia - Telepsychology; Identidade psicoterapêutica - Psychotherapeutic identity; Aliança terapêutica - Therapeutic alliance; Contratransferência - Countertransference; Sars-Cov-2 - Sars-Cov-2

No campo da saúde mental, o interesse sobre terapia à distância (telepsicologia) tem aumentado exponencialmente, principalmente com a eclosão do surto do Sars-Cov-2 que atingiu proporções pandémicas. Tanto em teoria como em prática, este setting psicoterapêutico parece ser viável e eficaz. No entanto, a maioria dos estudos focam-se nos pacientes, discriminando a perceção dos clínicos em relação a variáveis terapêuticas comuns a diferentes modelos teóricos, como a aliança terapêutica e a contratransferência. Este estudo destinou-se, precisamente, a avaliar a interação dinâmica entre a aliança terapêutica e os sentimentos contratransferenciais em clínicos experimentados de diversa orientação teórica, com diferente experiência no uso das ferramentas da terapia à distância, principalmente antes e depois da pandemia. A amostra foi constituída por 34 psicólogos e médicos portugueses (24 do sexo feminino e 10 do sexo masculino) com idades compreendidas entre os 28 e os 73 anos de idade com diferente experiência clínica. Os participantes preencheram um questionário online com 3 instrumentos confiáveis de autorresposta que avaliam a identidade psicoterapêutica (ThId), aliança terapêutica (IAT-R), sentimentos contratransferenciais (LS) e um questionário sobre a experiência com telepsicologia. Os dados indicam que não existem diferenças na aliança terapêutica e nos sentimentos contratransferenciais entre terapeutas que faziam uso da telepsicologia antes da pandemia, comparativamente aos que começaram a usar este setting depois da pandemia. Os meios de comunicação usados em telepsicologia não dependem de nenhum fator da identidade psicoterapêutica. Psicólogos que utilizam a chamada telefónica, como meio principal de telepsicologia, pontuam significativamente menos na subescala que avalia a vinculação e são propícios a sentir-se aborrecidos/as e paralisados/as com os seus pacientes, comparativamente aos que usam videochamada. A aliança terapêutica global está negativamente correlacionada com a psicanálise focada na relação objetal. O sentimento caloroso/a está positivamente correlacionado com psicoterapias experienciais e o sentimento sereno/a com a orientação centrada no cliente. Por último, observou-se que os sentimentos paralisado/a e aborrecido/a estão ambos positivamente correlacionados com a terapia comportamental. Apesar da amostra reduzida, conclui-se que o principal interesse para projetos de investigação futuros deverá ser a identificação das caraterísticas únicas da telepsicologia por chamada telefónica na vinculação e identificar as variáveis responsáveis pelo aumento dos sentimentos paralisado/a e aborrecido/a em terapia comportamental. / In the field of mental health, the interest in distance therapy (telepsychology) has increased exponentially, especially with the outbreak of Sars-Cov-2 that has reached pandemic proportions. Both in theory and practice, this psychotherapeutic setting appears to be viable and effective. However, most studies focus only on patients, discriminating the perception of psychologists about common variables to different theoretical models, such as the therapeutic alliance and countertransference. Therefore, this study intends to explore the dynamic interaction between the therapeutic alliance and countertransference feelings in experienced clinicians of different theoretical orientation and with different experience in the use of telepsychology tools, especially before and after the pandemic. The sample consists of 34 Portuguese psychologists (24 female and 10 male) aged between 28 and 73 years old with different clinical experience. Participants completed an online questionnaire with 3 reliable self-response instruments that assess psychotherapeutic identity (ThId), therapeutic alliance (IAT-R), countertransference feelings (LS) and a questionnaire about the experience with telepsychology. The data suggests that there are no differences in therapeutic alliance or countertransference among therapists who used telepsychology before the pandemic compared to those who started using this setting after the pandemic. The means of communication used in telepsychology do not depend on any factor of psychotherapeutic identity. Psychologists who use telephone as the main mean of telepsychology, score significantly less on attachment and are prone to feeling “bored” and “paralyzed” towards patients compared to those who use video calling. The global therapeutic alliance is negatively correlated with psychoanalysis focused on the object relationship. The warm feeling is positively correlated with experiential psychotherapies and the serene feeling with the client-centered orientation. Finally, it was observed that the paralyzed and bored feelings are both positively correlated with behavioral therapy. Despite the small sample, it is concluded that the main key for future investigations is to identify the unique characteristics of telepsychology by telephone in the bond with patients and to identify which variables are responsible for the increase in paralyzed and bored feelings in behavioral therapy.