Como morremos - uma revisão histórica dos Cuidados Paliativos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Raposo, Pedro Tiago Fernandes
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/82093
Resumo: Trabalho de Projeto do Mestrado Integrado em Medicina apresentado à Faculdade de Medicina
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spelling Como morremos - uma revisão histórica dos Cuidados PaliativosHow we die - a historical review of Palliative CareCuidados paliativosOncologiaHistóriaEutanásiaPalliativa careOncologyHistoryEuthanasiaTrabalho de Projeto do Mestrado Integrado em Medicina apresentado à Faculdade de MedicinaA pesquisa para este trabalho mostrou-se ser um desafio em si própria, devido à pouca oferta de informação acerca desta área.Quando comecei esta tese esperei que diversas culturas me trouxessem pontos de vista diferentes em relação aos cuidados paliativos, a doentes terminais em geral. Desde o doente em que se coloca um manto para agasalhar até à investigação do tratamento da grande doença que mais se associa aos cuidados paliativos, o cancro. Em parte, isso foi conseguido, muito devido à teologia de cada cultura, desde o optimismo cristão, à obstinação judaica passando pela falta de dramatismo das culturas do Vale do Indo. Mas depressa fui-me apercebendo que isso não é o mais importante, que há um padrão mais marcado, de que os recursos dispensados ao tratamento dos doentes terminais estão mais intimamente ligados à prosperidade económica e estabilidade cultural do que a qualquer outro factor.Tomemos como exemplo os aborígenes em África, assim como as culturas caçadoras-colectoras do Paleolítico, lutando pela sobrevivência a cada dia que passa, sem ter sequer a próxima refeição garantida! Estas culturas praticam a eutanásia, por necessidade. Os recursos não chegam para todos e a prioridade vai para as gerações mais novas, não para os idosos.Depois do advento da agricultura a próxima refeição podia estar garantida, mas continuavam dependentes dos elementos para garantir a próxima colheita. Isto, aliado ao estilo de vida mais sedentário levou a que começasse a haver uma maior aposta nos cuidados paliativos e, depois do crescimento económico a seguir à Segunda Guerra Mundial, tivemos finalmente uma abundância de recursos sem precedentes.Um outro exemplo: nos EUA a morte de uma criança é das experiências mais trágicas que uma família pode enfrentar, já nas sociedades economicamente menos privilegiadas a morte do principal fornecedor de bens poderá ser mais trágica. No nordeste brasileiro, onde o antropólogo Scheper-Hughes estudou famílias empobrecidas, a morte de crianças, algo que acontece frequentemente, era visto como algo inevitável, e o luto durava apenas alguns dias .Hoje, no mundo ocidental globalizado e secularizado, os produtos estão disponíveis em maior quantidade e durante todo o ano, não é de surpreender que cada vez faça mais sentido fazermos tudo o que pudemos pelos doentes terminais.Outro efeito da secularização do mundo moderno é de nos fazer olhar menos para a religião e mais para uma medicina humanista, centrada no indivíduo. E em poucos sítios se denota mais isto do que no desenvolvimento e investigação de tratamentos para o cancro e a atitude que temos para com outros doentes terminais. Já não somos “Deus decide” como Galeno, somos mais proactivos nos tratamentos, fazendo o que podemos em termos de tratamento, quando esse tratamento é possível. Do ponto de vista judaica nós somos parte e uma extensão de Deus, por isso não será descabido afirmar tanto o tratamento como o conforto dado por nós é uma extensão de Deus. Tratamos porque estamos cá, damos a mão porque estamos cá.Independentemente da cultura ou religião, todos somos capazes de empatia. E é isso que faz com que queiramos o melhor para quem nos rodeia, para quem sofre, porque é impossível não nos revermos em parte neles. Este trabalho mostra que, tendo os recursos necessários, todos faremos o melhor pelos nossos.The research for this work proved to be a challenge in itself due to the lack of information about this area.When I started this thesis I hoped that different cultures would bring me different points of view regarding palliative care, the terminally ill in general. From the patient who puts on a mantle to wrap up the investigation of the treatment of the great disease that is most associated with palliative care, cancer. In part this was achieved, much owing to the theology of each culture, from Christian optimism, to Jewish obstinacy, to the lack of drama in the cultures of the Indus Valley. But I soon realized that this is not the most important, that there is a more pronounced pattern, that the resources given to the treatment of the terminally ill are more closely tied to economic prosperity and cultural stability than to any other factor.Take for example the Aborigines in Africa, as well as the Paleolithic hunter-gatherer cultures, struggling for survival with each passing day without even having the next guaranteed meal! These cultures practice euthanasia out of necessity. Resources are not enough for everyone, and the priority goes to the younger generations, not the elderly.After the advent of agriculture the next meal could be guaranteed, but they were still dependent on the elements to secure the next harvest. This, coupled with a more sedentary lifestyle, led to a greater commitment to palliative care and, after economic growth following World War II, we finally had an abundance of resources unprecedented.Another example: in the United States, the death of a child is one of the most tragic experiences a family can face, even in economically underprivileged societies the death of the main supplier of goods may be more tragic. In northeast Brazil, where the anthropologist Scheper-Hughes studied impoverished families, the death of children, which is often the case, was seen as inevitable, and the mourning lasted only a few days.Today, in the globalized and secularized Western world, products are available in greater quantity and throughout the year, it is not surprising that it makes more sense to do all we can for the terminally ill.Another effect of the secularization of the modern world is to make us look less to religion and more to a humanistic, person-centered medicine. And in a few places this is denoted more than in the development and research of treatments for cancer and the attitude we have towards other terminally ill patients. We are no longer "God decides" as Galen, we are more proactive in the treatments, doing what we can in terms of treatment, when this treatment is possible. From the Jewish point of view we are part and an extension of God, so it will not be unreasonable to affirm both the treatment and the comfort given by us is an extension of God. We treat because we are here, we shake hands because we are here.Regardless of culture or religion, we are all capable of empathy. And this is what makes us want the best for those around us, for those who suffer, because it is impossible not to re-examine them in part. This work shows that, having the necessary resources, we will all do our best for our own.2017-05-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10316/82093http://hdl.handle.net/10316/82093TID:202047822pormetadata only accessinfo:eu-repo/semantics/openAccessRaposo, Pedro Tiago Fernandesreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2021-08-20T15:24:02Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/82093Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:04:04.016718Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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