Uma aproximação à genealogia da perturbação borderline da personalidade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Guerra, Cátia
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.25752/psi.11980
Resumo: Introdução: A perturbação borderline da personalidade surge na ausência de uma categoria para classificar pessoas que se encontravam entre o diagnóstico de neurose e psicose e tem, desde o seu nascimento, sofrido modificações na sua definição e aplicação clínica. Objectivos: Este artigo tem por objectivo traçar a genealogia da perturbação borderline da personalidade de modo a ensaiar hipóteses para o surgimento desta categoria diagnóstica. Métodos: Com base numa revisão da literatura, foi efectuada uma leitura crítica da evolução da categoria borderline na psiquiatria. Resultados: A evolução do conceito pode ser definida ao longo de três fases: desde o final do XIX ao início do século XX são usadas múltiplas terminologias e o diagnóstico é heterogéneo; de 1960 a 1980 surge o conceito de organização borderline da personalidade e a sua sistematização segundo a teoria psicanalítica; desde 1980 até à actualidade ocorre a entrada na DSM III e a homogeneização do diagnóstico sob a égide da biopsiquiatria. Os limites entre as diferentes fases do conceito são fluídos e dependem das condições socio-políticas associadas. Para o nascimento da doença em análise são ensaiadas várias hipóteses: criação de novos sujeitos-psíquicos, melhor acesso à saúde mental e identificação da doença, governamentalidade biopolítica, identificação de comportamentos anteriormente não considerados patológicos, descontinuidade social, nova expressão de sofrimento e contágio social. Conclusão: A perturbação borderline da personalidade resulta de práticas, representações, interacções sociais e modos de subjectificação, onde ocorre uma nova relação entre as ideias de corpo e identidade.
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spelling Uma aproximação à genealogia da perturbação borderline da personalidadeUma aproximação à genealogia da perturbação borderline da personalidadeArtigos de RevisãoIntrodução: A perturbação borderline da personalidade surge na ausência de uma categoria para classificar pessoas que se encontravam entre o diagnóstico de neurose e psicose e tem, desde o seu nascimento, sofrido modificações na sua definição e aplicação clínica. Objectivos: Este artigo tem por objectivo traçar a genealogia da perturbação borderline da personalidade de modo a ensaiar hipóteses para o surgimento desta categoria diagnóstica. Métodos: Com base numa revisão da literatura, foi efectuada uma leitura crítica da evolução da categoria borderline na psiquiatria. Resultados: A evolução do conceito pode ser definida ao longo de três fases: desde o final do XIX ao início do século XX são usadas múltiplas terminologias e o diagnóstico é heterogéneo; de 1960 a 1980 surge o conceito de organização borderline da personalidade e a sua sistematização segundo a teoria psicanalítica; desde 1980 até à actualidade ocorre a entrada na DSM III e a homogeneização do diagnóstico sob a égide da biopsiquiatria. Os limites entre as diferentes fases do conceito são fluídos e dependem das condições socio-políticas associadas. Para o nascimento da doença em análise são ensaiadas várias hipóteses: criação de novos sujeitos-psíquicos, melhor acesso à saúde mental e identificação da doença, governamentalidade biopolítica, identificação de comportamentos anteriormente não considerados patológicos, descontinuidade social, nova expressão de sofrimento e contágio social. Conclusão: A perturbação borderline da personalidade resulta de práticas, representações, interacções sociais e modos de subjectificação, onde ocorre uma nova relação entre as ideias de corpo e identidade.Background: The diagnosis of borderline personality disorder arises from the absence of a category to classify people whose diagnosis did not correspond to either neurosis or psychosis and has, since its emergence, suffered changes in its definition and clinical application. Aims: Outline the genealogy of borderline personality disorder in order to formulate an hypothesis regarding the emergence of this category of diagnosis. Methods: On the basis of a review of the literature, a critical reading of the evolution of borderline category was done. Results: The concept’s evolution can be defined in three phases: from the end of 19th century to the beginning of 20th century several terminologies were used and the diagnosis was heterogeneous; from 1960 to 1989 the concept of borderline personality organization emerged as well as its systematization according to psychoanalytic theory; from 1980 to the present day it appeared in DSM III and the homogenization of the diagnosis under biopsychiatry occurred. The limits between the different phases are fluid and dependent of socio-politic conditions. Several reasons are given to explain the emergence of this nosological entity: creation of new psychic subjects, better access to mental health and disease identification, biopolitic governmentality, identification of previously non-pathologic behaviour, social discontinuity, expression of new suffering and social contagion. Conclusion: Borderline personality disorder results from practices, representations, social interactions and modes of subjectification, in which there is a new relationship between the ideas of the body and identity.Departamento de Saúde Mental | Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE2018-07-02T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25752/psi.11980por2182-31461646-091XGuerra, Cátiainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-05-16T14:12:00Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/11980Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T14:57:13.853765Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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