Comportamento fisiológico e vitícola da casta Touriga-Franca face a variável disponibilidade hídrica: caso de estudo na sub-região do Douro Superior
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10348/11494 |
Resumo: | A Região Demarcada do Douro (RDD), em particular a sub-região do Douro Superior, é caracterizada climaticamente por baixa precipitação e elevadas temperaturas do ar durante o período de Verão (clima tipicamente mediterrânico). Estas condições ambientais limitam o crescimento e desenvolvimento da videira, bem como a produção e a qualidade da vindima. O clima e as condições meteorológicas interferem, assim, significativamente na sustentabilidade económica da atividade vitivinícola. Acresce que se preveem decréscimos de precipitação e intensificação de fenómenos extremos, como ondas de calor, seca e chuvas torrenciais, com consequências para a sustentabilidade da viticultura de montanha (onde a RDD se insere). Deste modo, devemos estudar possíveis medidas de adaptação às condições ambientais adversas, em que a rega deficitária se inclui, visando a otimização e sustentabilidade da produção e a qualidade das uvas. O objetivo da presente dissertação foi contribuir para o conhecimento de uma melhor gestão hídrica da videira, mediante o estudo das relações entre elementos meteorológicos e variáveis fisiológicas, produtivas e qualitativas, em videiras sem rega e a três níveis de rega deficitária (condições de variável disponibilidade hídrica). Neste sentido, estabeleceram-se, diferentes tratamentos em função da evapotranspiração cultural (ETc) numa vinha de Touriga-Franca, localizada na sub-região do Douro Superior (“Quinta da Senhora da Ribeira”, Carrazeda de Ansiães): T0, que consiste no tratamento controlo, não regado; T1 com rega deficitária correspondente a 20% de ETc; T2 com 40% de ETc e T3 com 60% de ETc. Os resultados observados, respeitante a 2020, na fração de água disponível no solo, no potencial hídrico do ramo, trocas gasosas e a área foliar total, mostraram que as videiras do tratamento T3 apresentaram melhor respostas (diferenças estatisticamente significativas) comparativamente às do tratamento T0. Globalmente, as videiras dos tratamentos T1 e T2 (melhores respostas neste último) evidenciaram performances intermédias entre T0 e T3. Em relação aos componentes do rendimento, o peso médio dos cachos foi maior no tratamento T3, com diferenças estatisticamente significativas para T0, T1 e T2 (sem diferenças significativas entre estes últimos dois tratamentos). O peso médio por lançamento (vigor) foi igualmente maior no tratamento T3, assim como o Índice de Ravaz. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos, em termos do número de lançamentos e número de cachos por videira. Em termos qualitativos ao nível do mosto, as variáveis avaliadas apresentaram globalmente diferenças estatisticamente significativas entre tratamentos. O tratamento T3 apresentou geralmente valores maiores de grau brix, álcool provável, açúcares redutores, pH e índice de maturação, revelando diferenças significativas comparativamente ao T0, T1 e T2, exceto na acidez total. Os tratamentos T1 e T2 não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre si. A aplicação de rega deficitária permitiu reduzir significativamente o impacto das altas temperaturas e escassa precipitação, particularmente durante a maturação, reduzindo os efeitos negativos ao nível dos processos fisiológicos da videira e da produtividade, sem detrimento da qualidade do mosto. É, contudo, importante efetuar mais anos de ensaios, de forma a robustecer as conclusões. |
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Deste modo, devemos estudar possíveis medidas de adaptação às condições ambientais adversas, em que a rega deficitária se inclui, visando a otimização e sustentabilidade da produção e a qualidade das uvas. O objetivo da presente dissertação foi contribuir para o conhecimento de uma melhor gestão hídrica da videira, mediante o estudo das relações entre elementos meteorológicos e variáveis fisiológicas, produtivas e qualitativas, em videiras sem rega e a três níveis de rega deficitária (condições de variável disponibilidade hídrica). Neste sentido, estabeleceram-se, diferentes tratamentos em função da evapotranspiração cultural (ETc) numa vinha de Touriga-Franca, localizada na sub-região do Douro Superior (“Quinta da Senhora da Ribeira”, Carrazeda de Ansiães): T0, que consiste no tratamento controlo, não regado; T1 com rega deficitária correspondente a 20% de ETc; T2 com 40% de ETc e T3 com 60% de ETc. Os resultados observados, respeitante a 2020, na fração de água disponível no solo, no potencial hídrico do ramo, trocas gasosas e a área foliar total, mostraram que as videiras do tratamento T3 apresentaram melhor respostas (diferenças estatisticamente significativas) comparativamente às do tratamento T0. Globalmente, as videiras dos tratamentos T1 e T2 (melhores respostas neste último) evidenciaram performances intermédias entre T0 e T3. Em relação aos componentes do rendimento, o peso médio dos cachos foi maior no tratamento T3, com diferenças estatisticamente significativas para T0, T1 e T2 (sem diferenças significativas entre estes últimos dois tratamentos). O peso médio por lançamento (vigor) foi igualmente maior no tratamento T3, assim como o Índice de Ravaz. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos, em termos do número de lançamentos e número de cachos por videira. Em termos qualitativos ao nível do mosto, as variáveis avaliadas apresentaram globalmente diferenças estatisticamente significativas entre tratamentos. O tratamento T3 apresentou geralmente valores maiores de grau brix, álcool provável, açúcares redutores, pH e índice de maturação, revelando diferenças significativas comparativamente ao T0, T1 e T2, exceto na acidez total. Os tratamentos T1 e T2 não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre si. A aplicação de rega deficitária permitiu reduzir significativamente o impacto das altas temperaturas e escassa precipitação, particularmente durante a maturação, reduzindo os efeitos negativos ao nível dos processos fisiológicos da videira e da produtividade, sem detrimento da qualidade do mosto. É, contudo, importante efetuar mais anos de ensaios, de forma a robustecer as conclusões.The Douro Demarcated Region, in particular the Douro Superior sub-region, is climatically characterized by low precipitation and high air temperatures during the summer period (typically Mediterranean climate). These environmental conditions limit the growth and development of the grapevine, as well as the yield and quality. The climate and meteorological conditions thus significantly interfere in the economic sustainability of the winemaking industry. In addition, decreases in precipitation and the intensification of extreme phenomena, such as heat waves, drought, and torrential rains, are expected, with consequences for the sustainability of mountain viticulture (where this region is inserted). In this way, we must study possible measures to adapt to adverse environmental conditions, in which deficient irrigation is included, aiming at the optimization and sustainability of yield and the quality of the grapes. The objective of the present dissertation was to contribute to the knowledge of a better grapevine water management, through the study of the relationships between meteorological elements and physiological, productive, and qualitative variables, in vines under rainfed and at three levels of deficient irrigation (conditions of variable availability water supply). In this sense, different treatments were established depending on the crop evapotranspiration (ETc) in a Touriga-Franca variety, located in the Douro Superior sub-region (“Quinta da Senhora da Ribeira”, Carrazeda de Ansiães): T0, which consists of the control treatment, rainfed; T1 with deficit irrigation corresponding to 20% of ETc; T2 with 40% ETc and T3 with 60% ETc. The observed results, regarding 2020, in the fraction of available soil water, stem water potential, gas exchange and the leaf area showed that the T3 treatment always presented significant differences (statistically significant differences) compared to the T0 treatment. Regarding treatments T1 and T2 (This one with better results), in the results were moderated, in-between T0 and T3. Regarding the yield components, the average weight of the bunches was higher in the T3 treatment, with statistically significant differences with the T0, T1 and T2 (there were no significant differences between these two). The average weight per cane (vigour) was also higher in the T3 treatment, as was the Ravaz Index. There were no significant differences between treatments in terms of number of canes and number of shoots per vine. In qualitative terms at the must level, the evaluated variables showed overall statistically significant differences between treatments. Treatment T3 generally presented higher values of degree Brix, potential alcohol content, reducing sugars, pH, and maturation index, always showing significant differences compared to T0, T1 and T2, except for total acidity. Treatments T1 and T2 never showed statistical differences between each other. The application of deficit irrigation made it possible to significantly reduce the impact of high temperatures and low precipitation, particularly during maturation, reducing the negative effects on the physiological processes of the vine and on productivity, without detriment of quality of the must. It is, however, important to carry out more years of tests, to strengthen the conclusions.2023-04-12T13:06:17Z2022-11-16T00:00:00Z2022-11-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/11494porPereira, António Pedro Monteiroinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:31:33Zoai:repositorio.utad.pt:10348/11494Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:00:41.914524Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A Região Demarcada do Douro (RDD), em particular a sub-região do Douro Superior, é caracterizada climaticamente por baixa precipitação e elevadas temperaturas do ar durante o período de Verão (clima tipicamente mediterrânico). Estas condições ambientais limitam o crescimento e desenvolvimento da videira, bem como a produção e a qualidade da vindima. O clima e as condições meteorológicas interferem, assim, significativamente na sustentabilidade económica da atividade vitivinícola. Acresce que se preveem decréscimos de precipitação e intensificação de fenómenos extremos, como ondas de calor, seca e chuvas torrenciais, com consequências para a sustentabilidade da viticultura de montanha (onde a RDD se insere). Deste modo, devemos estudar possíveis medidas de adaptação às condições ambientais adversas, em que a rega deficitária se inclui, visando a otimização e sustentabilidade da produção e a qualidade das uvas. O objetivo da presente dissertação foi contribuir para o conhecimento de uma melhor gestão hídrica da videira, mediante o estudo das relações entre elementos meteorológicos e variáveis fisiológicas, produtivas e qualitativas, em videiras sem rega e a três níveis de rega deficitária (condições de variável disponibilidade hídrica). Neste sentido, estabeleceram-se, diferentes tratamentos em função da evapotranspiração cultural (ETc) numa vinha de Touriga-Franca, localizada na sub-região do Douro Superior (“Quinta da Senhora da Ribeira”, Carrazeda de Ansiães): T0, que consiste no tratamento controlo, não regado; T1 com rega deficitária correspondente a 20% de ETc; T2 com 40% de ETc e T3 com 60% de ETc. Os resultados observados, respeitante a 2020, na fração de água disponível no solo, no potencial hídrico do ramo, trocas gasosas e a área foliar total, mostraram que as videiras do tratamento T3 apresentaram melhor respostas (diferenças estatisticamente significativas) comparativamente às do tratamento T0. Globalmente, as videiras dos tratamentos T1 e T2 (melhores respostas neste último) evidenciaram performances intermédias entre T0 e T3. Em relação aos componentes do rendimento, o peso médio dos cachos foi maior no tratamento T3, com diferenças estatisticamente significativas para T0, T1 e T2 (sem diferenças significativas entre estes últimos dois tratamentos). O peso médio por lançamento (vigor) foi igualmente maior no tratamento T3, assim como o Índice de Ravaz. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos, em termos do número de lançamentos e número de cachos por videira. Em termos qualitativos ao nível do mosto, as variáveis avaliadas apresentaram globalmente diferenças estatisticamente significativas entre tratamentos. O tratamento T3 apresentou geralmente valores maiores de grau brix, álcool provável, açúcares redutores, pH e índice de maturação, revelando diferenças significativas comparativamente ao T0, T1 e T2, exceto na acidez total. Os tratamentos T1 e T2 não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre si. A aplicação de rega deficitária permitiu reduzir significativamente o impacto das altas temperaturas e escassa precipitação, particularmente durante a maturação, reduzindo os efeitos negativos ao nível dos processos fisiológicos da videira e da produtividade, sem detrimento da qualidade do mosto. É, contudo, importante efetuar mais anos de ensaios, de forma a robustecer as conclusões. |
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