Autoperceção das famílias sobre a sua participação na intervenção terapêutica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10773/39234 |
Resumo: | As investigações realizadas no campo do desenvolvimento na infância e, especificamente, sobre a importância da família nas experiências precoces das crianças, assim como as realizadas sobre a eficácia de intervenções baseadas nas rotinas e levadas a cabo nos contextos naturais de aprendizagem, contribuíram para uma mudança significativa na organização e funcionamento da Intervenção Precoce (IP). Atualmente, as práticas de IP assentam numa perspetiva sistémica, ecológica e centrada na família, deixando o pressuposto anterior, prática centrada exclusivamente na criança, para segundo plano. A abordagem centrada na família é, assim, um dos eixos principais das práticas recomendadas a nível internacional e em Portugal para a IP. Não obstante o facto de os profissionais de saúde estarem cada vez mais familiarizados com as Práticas Centradas na Família (PCF) e compreenderem a importância das mesmas, na maior parte das situações concretas, não se verifica a participação das famílias em todo o processo de avaliação e intervenção. Assim, a presente investigação pretende determinar o nível e tipo de perceção que as famílias possuem sobre o envolvimento que lhes é proporcionado no processo terapêutico do(s)/da(s) seu(s)/sua(s) filho(s)/a(s), em contexto escolar, por parte do Terapeuta da Fala (TF). A amostra é constituída por 16 cuidadores de crianças, com idades compreendidas entre os 3 e os 6 anos e que são acompanhadas em Terapia da Fala, em contexto escolar. Para a recolha dos dados foi elaborado um questionário constituído por três partes: questionários sociodemográficos do cuidador principal e da criança e questionário de autoperceção das famílias. Este instrumento foi alvo de escrutínio sobre a sua validade e fiabilidade através de um painel de 5 peritos especializados na temática. A validade de conteúdo foi verificada com recurso ao Índice de Validade de Conteúdo (IVC). Os resultados do estudo mostram que, do ponto de vista dos cuidadores, o TF utiliza as PCF na sua prática profissional, em contexto escolar. As práticas mais frequentes são as do tipo relacional, sendo as do tipo participativo menos frequentes – o que se encontra de acordo com estudos prévios, em que se verifica uma maior adesão pelos profissionais de saúde às práticas relacionais e menos às práticas participativas. Como considerações finais, tem-se que as famílias creem que os TF são necessários em contexto escolar, e o seu trabalho, em parceria, é reconhecido e valorizado por elas. Os resultados deste estudo permitem uma interpretação que vai no sentido de que as famílias consideram que os Terapeutas da Fala que trabalham em contexto escolar usam grande parte das atividades preconizadas nas PCF e apontam uma maior adesão por parte dos técnicos a práticas relacionais. Desta forma, torna-se essencial preparar estes profissionais para desenvolverem a sua compreensão e prática para ensinar os pais e as famílias no seu desenvolvimento profissional, nomeadamente através de formação pós-graduada, em específico, na área da andragogia, por forma a encorajar mudanças na conceção dos papéis dos intervenientes do processo terapêutico. Como principais limitações, aponta-se a amostra reduzida de participantes, assim como a localização geográfica dos mesmos, que ficou limitada às regiões norte e centro do país, não permitindo a constituição de uma amostra representativa da população. Por forma a colmatar esta limitação, propõe-se uma metodologia a nível nacional, que permita recolher dados que possibilitem a generalização de resultados e que seja mediada pela Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala (APTF). Considera-se, ainda, a possibilidade de a influência da desejabilidade social ter contribuído para o enviesamento das respostas dadas pelos participantes. Assim, propõe-se que, no futuro, o tipo de questões do instrumento utilizado seja revisto e que o mesmo seja divulgado por pessoas e/ou entidades sem ligação aos investigadores principais. |
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Não obstante o facto de os profissionais de saúde estarem cada vez mais familiarizados com as Práticas Centradas na Família (PCF) e compreenderem a importância das mesmas, na maior parte das situações concretas, não se verifica a participação das famílias em todo o processo de avaliação e intervenção. Assim, a presente investigação pretende determinar o nível e tipo de perceção que as famílias possuem sobre o envolvimento que lhes é proporcionado no processo terapêutico do(s)/da(s) seu(s)/sua(s) filho(s)/a(s), em contexto escolar, por parte do Terapeuta da Fala (TF). A amostra é constituída por 16 cuidadores de crianças, com idades compreendidas entre os 3 e os 6 anos e que são acompanhadas em Terapia da Fala, em contexto escolar. Para a recolha dos dados foi elaborado um questionário constituído por três partes: questionários sociodemográficos do cuidador principal e da criança e questionário de autoperceção das famílias. Este instrumento foi alvo de escrutínio sobre a sua validade e fiabilidade através de um painel de 5 peritos especializados na temática. A validade de conteúdo foi verificada com recurso ao Índice de Validade de Conteúdo (IVC). Os resultados do estudo mostram que, do ponto de vista dos cuidadores, o TF utiliza as PCF na sua prática profissional, em contexto escolar. As práticas mais frequentes são as do tipo relacional, sendo as do tipo participativo menos frequentes – o que se encontra de acordo com estudos prévios, em que se verifica uma maior adesão pelos profissionais de saúde às práticas relacionais e menos às práticas participativas. Como considerações finais, tem-se que as famílias creem que os TF são necessários em contexto escolar, e o seu trabalho, em parceria, é reconhecido e valorizado por elas. Os resultados deste estudo permitem uma interpretação que vai no sentido de que as famílias consideram que os Terapeutas da Fala que trabalham em contexto escolar usam grande parte das atividades preconizadas nas PCF e apontam uma maior adesão por parte dos técnicos a práticas relacionais. Desta forma, torna-se essencial preparar estes profissionais para desenvolverem a sua compreensão e prática para ensinar os pais e as famílias no seu desenvolvimento profissional, nomeadamente através de formação pós-graduada, em específico, na área da andragogia, por forma a encorajar mudanças na conceção dos papéis dos intervenientes do processo terapêutico. Como principais limitações, aponta-se a amostra reduzida de participantes, assim como a localização geográfica dos mesmos, que ficou limitada às regiões norte e centro do país, não permitindo a constituição de uma amostra representativa da população. Por forma a colmatar esta limitação, propõe-se uma metodologia a nível nacional, que permita recolher dados que possibilitem a generalização de resultados e que seja mediada pela Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala (APTF). Considera-se, ainda, a possibilidade de a influência da desejabilidade social ter contribuído para o enviesamento das respostas dadas pelos participantes. Assim, propõe-se que, no futuro, o tipo de questões do instrumento utilizado seja revisto e que o mesmo seja divulgado por pessoas e/ou entidades sem ligação aos investigadores principais.Research in childhood development and, specifically, on the importance of the family in children's early experiences, as well as those carried out on the effectiveness of interventions based on routines and implemented in natural learning contexts, have contributed to a significant change in the organization and operation of Early Childhood Intervention (ECI). Currently, ECI practices are based on a systemic, ecological, and family-centered perspective, leaving the previous assumption, a practice centered exclusively on the child to background. The family-centered approach is, therefore, one of the main axes of recommended practices at an international level and in Portugal for ECI. Even though health professionals are increasingly familiar with Family-Centered Practices (FCP) and understand their importance, in most concrete situations, families do not participate in the whole evaluation process, and intervention. Thus, the present investigation intends to determine the level and type of perception that families have about the involvement that is provided to them in the therapeutic process of their children, in a school context, by the Speech-Language Therapist (SLT). The sample consists of 16 caregivers of children, aged between 3 and 6 years old, who are accompanied in Speech-Language Therapy, in a school context. For data collection, a questionnaire consisting of three parts was prepared: socio-demographic questionnaires for the main caregiver and the child, and a self-perception questionnaire for the families. This instrument was subject to scrutiny for its validity and reliability by a panel of 5 experts specialized in the subject. Its content validity was analyzed based on the Content Validity Index (CVI). The results of the study show that, from the caregivers' point of view, the SLT uses the PCF in their professional practice, in a school context. The most frequent practices are those of the relational type, with the participatory type being less frequent – which is in line with previous studies, in which there is a greater adherence by health professionals to relational practices and less to practices participatory. As final considerations, families believe that SLT are necessary in the school context, and their work, in partnership, is recognized and valued by them. The results of this study allow an interpretation that goes in the sense that the families consider that the Speech-Language Therapists who work in a school context use most of the activities recommended in the PCF and point out a greater adherence by the technicians to relational practices. In this way, it becomes essential to prepare these professionals to develop their understanding and practice to teach parents and families in their professional development, namely through postgraduate training, specifically in andragogy, in order to encourage changes in the roles’ conception of the actors in the therapeutic process. As main limitations, we point out the reduced sample of participants, as well as their geographic location, which was limited to the north and center regions of the country, not allowing the constitution of a representative sample of the population. To overcome this limitation, a methodology is proposed at a national level, which enables the collection of data that allow the generalization of results, and which is mediated by the Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala (APTF). It is also considered the possibility that the influence of social desirability may have contributed to the bias of the answers given by the participants. Thus, it is proposed that, in the future, the type of questions in the used instrument is reviewed and that it is disseminated by people and/or entities with no connection to the main researchers.2023-08-25T14:45:14Z2023-07-14T00:00:00Z2023-07-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/39234porRodrigues, Joana Filipa Sousainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T12:16:43Zoai:ria.ua.pt:10773/39234Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:09:30.089741Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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