Hospitality relations and overlapping displacements in refugee camps (capes) in Lebanon
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | eng |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/47173 |
Resumo: | The ambiguous position of the Lebanese authorities towards the recognition of refugees and their formulation of the Syrian diaspora in de-politicised terms has produced a heterogeneous geography of dwelling and emplacement, where many displaced by the current Syrian conflict – including Palestinian, Iraqi and Kurdish refugees – have resorted to different informal strategies to cope with re-territorialisation in Lebanon. This dispersed refugee geography speaks to a pre-existing cartography of Palestinian refugee camps, whose complex social ecology and materiality are encapsulated by the spatial model of analysis of the campscape (Martin, 2015) and informed by Deleuzian assemblage theory. Through ethnographic research in the Palestinian refugee camp of Shatila (Beirut) and the collective creation of critical mapping accounts with residents of the camp, this thesis investigates Shatila’s residents’ understandings of the campscape as a collective space animated by a multiplicity of actors. By opening a fissure through the residents’ discourses on the micro- and macro-politics of the camp, it was possible to cast a light on local responses, refugee-led initiatives of hospitality, and sites of friction emerging from the overlapping of displaced groups. Thus, the dynamics of refugee host and refugee guest relations were illuminated as they are performed and reproduced, from the everyday encounters of the street to the institutional confrontations over refugee benefits’ eligibility. These sites of encounter and friction simultaneously highlight how refugees are not only victims of their exile but also resourceful agents producing alternative infrastructures in contexts of state withdrawal. Considering the complexity of agencies, meanings, and materials that inflect the relations moulding the irregular shapes of Shatila’s campscape enhances our understanding of refugee spaces and refugee relationships. It also forces us to question how economic and social relations of marginal urban places reformulate the sense of cityness through an interplay of subordination, resistance and alternativity that collective mapping experiences can harness, catalyse, and empower. |
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Through ethnographic research in the Palestinian refugee camp of Shatila (Beirut) and the collective creation of critical mapping accounts with residents of the camp, this thesis investigates Shatila’s residents’ understandings of the campscape as a collective space animated by a multiplicity of actors. By opening a fissure through the residents’ discourses on the micro- and macro-politics of the camp, it was possible to cast a light on local responses, refugee-led initiatives of hospitality, and sites of friction emerging from the overlapping of displaced groups. Thus, the dynamics of refugee host and refugee guest relations were illuminated as they are performed and reproduced, from the everyday encounters of the street to the institutional confrontations over refugee benefits’ eligibility. These sites of encounter and friction simultaneously highlight how refugees are not only victims of their exile but also resourceful agents producing alternative infrastructures in contexts of state withdrawal. Considering the complexity of agencies, meanings, and materials that inflect the relations moulding the irregular shapes of Shatila’s campscape enhances our understanding of refugee spaces and refugee relationships. It also forces us to question how economic and social relations of marginal urban places reformulate the sense of cityness through an interplay of subordination, resistance and alternativity that collective mapping experiences can harness, catalyse, and empower.posição ambígua das autoridades libanesas para o reconhecimento dos refugiados e sua formulação da diáspora síria em termos despolitizados produziu uma geografia heterogénea de habitação e "emplacement", onde muitos deslocados pelo atual conflito sírio - incluídos sírios, palestinos, iraquianos, e refugiados curdos - recorreram a diferentes estratégias informais para lidar com a reterritorialização no Líbano. Estas dispersas geografias de refugiados mantêm-se em diálogo com uma cartografia preexistente de campos de refugiados palestinos, cuja complexa ecologia social e materialidade são encapsuladas pelo modelo de análise espacial dos acampamentos (Martin, 2015) e elucidadas pela teoria deleuziana de "assemblage". Por meio da pesquisa etnográfica no campo de refugiados palestinos de Shatila (Beirute) e da criação coletiva de relatos críticos de mapeamento com os residentes do campo, esta tese investiga a compreensão dos residentes de Shatila sobre o acampamento como um espaço coletivo animado por uma multiplicidade de atores. Abrindo uma fissura nos discursos dos residentes sobre a micro e macropolítica do campo, foi possível emitir uma luz sobre as respostas locais, as iniciativas de hospitalidade lideradas por refugiados e os sítios de atrito emergentes da sobreposição dos grupos deslocados. Portanto, a dinâmica das relações entre o hospedeiro dos refugiados e o refugiado hóspede foram iluminadas à medida que foram realizadas e reproduzidas, desde os encontros diários na rua aos confrontos institucionais sobre a elegibilidade para os benefícios dos refugiados. Esses locais de encontro e atrito destacam simultaneamente como os refugiados não são apenas vítimas de seu exílio, mas também agentes hábeis em recursos que produzem infraestruturas alternativas em contextos de ausência do Estado. A estrutura do trabalho é desenvolvida da seguinte forma. A introdução delineia o objetivo da pesquisa de investigar a micropolítica da hospitalidade no campo de refugiados de Shatila, onde a sobreposição de deslocamentos construiu uma mistura heterogénea de populações e como as relações entre as diferentes comunidades do campo de refugiados se expressam territorialmente. Posteriormente, apresento uma revisão exaustiva da literatura que começa com a exposição dos debates acadêmicos sobre a noção de "agentful refugee", onde é contestada a formulação dos refugiados como indivíduos sem raízes, estranhos às nações hospedeiras e debilmente vulneráveis às suas políticas de migração.A teoria deleuziana sobre a “Assemblage” expande a compreensão da experiência de deslocamento como um complexo e estratificação de elementos tangíveis e de experiências vividas. Segue uma discussão sobre o espaço conceitual e físico do campo de refugiados, mais do que dos dispositivos espaciais de contenção e em espera pela solução da condição de exilado refugiado. Sugere-se que os acampamentos são espaços cujas fronteiras são porosas e cuja temporalidade suspensa é tensa pelo prolongamento da situação dos refugiados, o que permite aos residentes apropriar-se e a transformar o acampamento num espaço familiar e doméstico. Isso, por sua vez, gera um espaço de tipo cidade em contínua transformação, cuja expansão é muitas vezes facilitada pelo recuo do papel do Estado na provisão de recursos para lugares marginais, e onde a descontinuidade com o seu entorno urbano é principalmente a sua forma legal. A revisão da literatura finaliza com a revisão do conceito de hospitalidade no contexto de recursos escassos, onde a ativação de redes informais de apoio, cuidado e dinamismo econômico são trazidas pelas noções de infraestrutura migrante e de economia de transação. O terceiro capítulo sobre a abordagem do trabalho de pesquisa fornece uma contextualização histórica do deslocamento de sírios ao Líbano, um estado socialmente fragmentado por uma configuração política baseada no sectarismo religioso que esteve estado na raíz das guerras civis libanesas entre o período de 1975 e 1990. O trauma do conflito afeta a política do país e permite perceber as políticas de migração libanesa sobre a diáspora síria, e gerou para eles as condições de entrada em campos de refugiados palestinos como Shatila. Segue uma breve história do campo de Shatila, desde seu estabelecimento, durante os anos de militância palestina e liderança da Organização de Libertação da Palestina, o trágico massacre durante os anos da guerra e os anos de reconstrução quando a população se diversificou devido à chegada principalmente da migração econômica regional. O capítulo também apresenta considerações sobre a abordagem metodológica - uma corroboração de "counter cartographies" e métodos etnográficos - a observação participante e as entrevistas ganham maior profundidade por meio dos relatos cartográficos de Shatila produzidos por alguns dos participantes. O capítulo sobre a discussão dos resultados é dividido em três seções. A primeira seção aborda o perfil intersetorial dos residentes do campo, as posições políticas multifacetadas e suas ambições migratórias. Uma distinção surge entre as pessoas deslocadas da Síria que desejam voltar para seu país de origem assim que a situação permitir; moradores de campos de diferentes identidades nacionais que não têm os recursos para estar em nenhum outro lugar; residentes do campo que se engajaram em se estabelecer em Shatila porque significava a realização de aspirações pessoais; e residentes do campo cuja elegibilidade para o lugar foi procurar o reassentamento em mais outro terceiro país (embora raramente realizado) está na raiz de sentimentos discriminatórios e contrastes políticos no campo. A compreensão da pluralidade de propriedades que constituem o perfil dos moradores de Shatila esclarece a apropriação do ato de esperar por se tornar num esforço para administrar suas vidas. A segunda seção preocupa-se com a noção de hospitalidade e desemaranha as redes de infraestruturas informais de cuidado que, por sua forma irregular, pela espontaneidade de sua formação e alcance microscópico de ação, compõem um mosaico de infraestruturas migrantes não explicadas por medidas de atividade humanitária oficial. A análise da seção articula-se em torno de seis temas que emergiram das entrevistas como pontos focais para a mobilização e alocação de recursos materiais e sociais. A terceira seção envolve a forma física do espaço, desvelando no processo de formação e configuração não apenas vestígios do desenvolvimento arquitetónico de estruturas de tipo cidade e de espaços feitos de materiais duradouros como o cimento que contradizem a temporariedade da condição de refugiado. Mas também a afirmação de significados simbólicos, políticos e biográficos entrincheirados com as formas geométricas do espaço para marcar territórios, para fundamentar a extensão dos agenciamentos pessoais, para negociar presença e visibilidade. A seção examina três tipos de espaço - as fronteiras do acampamento, as ruas e a casa - para mapear a ecologia do acampamento e sua disseminação territorial. A tese conclui considerando que apesar da privação de infraestruturas oficiais e da marginalização manufaturada de suas populações, Shatila é uma paisagem de acampamento feita de uma arquitetura aparentemente inconsistente que uma vez analisada aponta para a capacidade "agentful" de seus residentes para transformá-la numa infraestrutura polivalente, polimorfa e compartilhada. A economia interna desenvolvida foi e continua sendo atraente para pessoas com meios limitados de alcançar seus meios de subsistência, ela simbolicamente reforça a resiliência das populações de refugiados para suportar condições difíceis enquanto esperam para "voltar para casa", e se vale da capacidade da sua "assemblage" para ajustar-se com flexibilidade à presença transitória, influência e meios das pessoas marginalizadas que o animam. Finalmente, considerar a complexidade das agências, significados e materiais que modificam as relações que moldam as formas irregulares do acampamento de Shatila expande a compreensão dos espaços e das relações dos refugiados. Também nos força a questionar como as relações económicas e sociais de lugares urbanos marginais reformulam o sentido de cidade por meio de uma interação de subordinação, resistência e alternatividade que as experiências coletivas de mapeamento podem aproveitar, catalisar e dar capacidades que os empoderam.McGarrigle, JenniferRepositório da Universidade de LisboaCeola, Francesca2021-03-31T10:03:09Z2021-03-122021-03-12T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/47173TID:202688305enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:49:53Zoai:repositorio.ul.pt:10451/47173Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:59:15.584350Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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