Biomembranas baseadas em nanocelulose bacteriana e lenhossulfonatos para aplicação em pilhas de combustível

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Morais, João Duarte
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/30230
Resumo: O desenvolvimento de materiais derivados de fontes renováveis para aplicações em dispositivos de produção de energia sem emissões de dióxido de carbono, nomeadamente as pilhas de combustível, é uma temática de extrema importância na redução da utilização de combustíveis fósseis e na contribuição para o desenvolvimento sustentável da sociedade. Nos últimos anos, a nanocelulose bacteriana (BC), que é uma das formas nanométricas de celulose sintetizada por várias estirpes de bactérias não-patogénicas, tem vindo a ser estudada como substrato para desenvolver membranas de permuta iónica através da incorporação de polieletrólitos que conferem à BC condutividade iónica essencial para a sua aplicação em pilhas de combustível. No entanto, a maioria dos polieletrólitos incorporados na rede tridimensional de nanofibrilas da BC são sintéticos e, como tal, é urgente produzir membranas de permuta iónica totalmente baseadas em polímeros e compostos naturais. Neste contexto, o objetivo desta dissertação consistiu no desenvolvimento de membranas baseadas em BC e lenhossulfonatos para aplicação em pilhas de combustível de condução protónica. Desta forma foram preparadas membranas nanocompósitas através da impregnação de membranas de BC pura com soluções aquosas de 50% (BC_50Lign) e 75% (BC_75Lign) de lenhossulfonato, relativamente à massa de BC presente nas membranas e de 40% de ácido tânico, como agente reticulante, relativamente à massa de lenhossulfonato. As suas propriedades físico-químicas foram caracterizadas por diversas técnicas no que diz respeito à sua estrutura (espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier, FTIR), morfologia (microscopia eletrónica de varrimento, SEM), propriedades mecânicas, estabilidade térmica (análise termogravimétrica, TGA), capacidade de absorção de humidade e condutividade protónica (espectroscopia de impedância eletroquímica, EIS). A partir da análise dos espetros FTIR-ATR é possível verificar a incorporação bem-sucedida dos lenhossulfonatos e do ácido tânico na estrutura porosa da BC resultando em alterações na morfologia das membranas de BC_50Lign e BC_75Lign observáveis nas micrografias de SEM. Em termos mecânicos, as membranas apresentam um módulo de Young máximo de 8,4±2,1 GPa, uma elongação de 0,62±0,42% e uma tensão de rutura de 51,7±31,2 MPa, para a membrana BC_75Lign. Os resultados da análise termogravimétrica mostram que estas membranas são estáveis até 200 °C. Relativamente à capacidade de absorção de humidade, a membrana BC_75Lign apresenta uma capacidade máxima de 78±4% ao fim de 48 h numa câmara com 98% de humidade relativa (HR). Finalmente, a condutividade protónica máxima da membrana BC_75Lign é de 2,3×10-2 S·cm-1 a 94 °C e 98% HR, que é uma ordem de grandeza inferior ao valor da membrana comercial de Nafion®, que apresenta uma condutividade protónica de 0,1 S·cm-1 a 94 °C e 98% de HR. Assim sendo, estas membranas derivadas de polímeros naturais têm potencial para serem aplicadas como membranas de permuta protónica em pilhas de combustível.
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No entanto, a maioria dos polieletrólitos incorporados na rede tridimensional de nanofibrilas da BC são sintéticos e, como tal, é urgente produzir membranas de permuta iónica totalmente baseadas em polímeros e compostos naturais. Neste contexto, o objetivo desta dissertação consistiu no desenvolvimento de membranas baseadas em BC e lenhossulfonatos para aplicação em pilhas de combustível de condução protónica. Desta forma foram preparadas membranas nanocompósitas através da impregnação de membranas de BC pura com soluções aquosas de 50% (BC_50Lign) e 75% (BC_75Lign) de lenhossulfonato, relativamente à massa de BC presente nas membranas e de 40% de ácido tânico, como agente reticulante, relativamente à massa de lenhossulfonato. As suas propriedades físico-químicas foram caracterizadas por diversas técnicas no que diz respeito à sua estrutura (espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier, FTIR), morfologia (microscopia eletrónica de varrimento, SEM), propriedades mecânicas, estabilidade térmica (análise termogravimétrica, TGA), capacidade de absorção de humidade e condutividade protónica (espectroscopia de impedância eletroquímica, EIS). A partir da análise dos espetros FTIR-ATR é possível verificar a incorporação bem-sucedida dos lenhossulfonatos e do ácido tânico na estrutura porosa da BC resultando em alterações na morfologia das membranas de BC_50Lign e BC_75Lign observáveis nas micrografias de SEM. Em termos mecânicos, as membranas apresentam um módulo de Young máximo de 8,4±2,1 GPa, uma elongação de 0,62±0,42% e uma tensão de rutura de 51,7±31,2 MPa, para a membrana BC_75Lign. Os resultados da análise termogravimétrica mostram que estas membranas são estáveis até 200 °C. Relativamente à capacidade de absorção de humidade, a membrana BC_75Lign apresenta uma capacidade máxima de 78±4% ao fim de 48 h numa câmara com 98% de humidade relativa (HR). Finalmente, a condutividade protónica máxima da membrana BC_75Lign é de 2,3×10-2 S·cm-1 a 94 °C e 98% HR, que é uma ordem de grandeza inferior ao valor da membrana comercial de Nafion®, que apresenta uma condutividade protónica de 0,1 S·cm-1 a 94 °C e 98% de HR. Assim sendo, estas membranas derivadas de polímeros naturais têm potencial para serem aplicadas como membranas de permuta protónica em pilhas de combustível.The development of materials derived from renewable resources for application in carbon dioxide-free energy generation devices, such as fuel cells, is an extremely important topic in the reduction of the use of fossil fuels and in the contribution to the sustainable development of society. In recent years, bacterial nanocellulose (BC), which is one of the nanometric forms of cellulose synthesized by various strains of non-pathogenic bacteria, has been studied as a substrate for developing ion-exchange membranes through the incorporation of polyelectrolytes that impart BC with ionic conductivity that is essential for its application in fuel cells. However, most of the polyelectrolytes incorporated into BC three-dimensional nanofibril network are synthetic and as such, it is urgent to produce fully bio-based ion-exchange membranes. In this context, the objective of this dissertation is the development of BC and lignosulfonate-based membranes for application in proton conduction fuel cells. Specifically, nanocomposite membranes were prepared by impregnating pure BC membranes with 50% (BC_50Lign) and 75% (BC_75Lign) aqueous solutions of lignosulfonate, relative to the mass of BC, and 40% of tannic acid (relative to the mass of lignosulfonate) as a cross-linking agent. The physicochemical properties of the membranes have been characterized by several techniques regarding structure (Fourier transform infrared spectroscopy, FTIR), morphology (scanning electron microscopy, SEM), mechanical properties, thermal stability (thermogravimetric analysis, TGA), moisture absorption capacity and proton conductivity (electrochemical impedance spectroscopy, EIS). From the analysis of the FTIR-ATR spectra it is possible to verify the successful incorporation of lignosulfonates and tannic acid into the porous structure of BC resulting in changes in the morphology of the BC_50Lign and BC_75Lign membranes as observed in SEM micrographs. In terms of mechanical performance, the membranes have a maximum Young’s modulus of 8.4±2.1 GPa, an elongation of 0.62±0.42% and a tensile strength of 51.7±31.2 MPa for the BC_75Lign membrane. TGA results show that these membranes are both stable up to 200 °C. Regarding the moisture absorption capacity, the BC_75Lign membrane has a maximum capacity of 78±4% after 48 h in a chamber with 98% relative humidity (RH). Finally, the maximum proton conductivity of the BC_75Lign membrane is 2.3× 10–2 S cm–1 at 94 °C and 98% RH, which is an order of magnitude lower than the value of the commercial Nafion® membrane, which shows a proton conductivity of 0.1 S cm–1 at 94 °C and 98% RH. Thus, these membranes derived from natural polymers have potential to be applied as proton-exchange membranes in fuel cells.2021-01-05T16:34:07Z2019-01-01T00:00:00Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/30230porMorais, João Duarteinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:58:30Zoai:ria.ua.pt:10773/30230Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:02:24.765661Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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