Estudo do comportamento migratório da truta (Salmo trutta L.) no limite sul de sua distribuição

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Andrade, Renan Siqueira Leite de
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/27971
Resumo: A região central de Portugal representa o limite sul da distribuição dos dois ecótipos de Salmo trutta L, o residente (i.e., truta-de-rio) e o anádromo (i.e., truta-marisca). Para além dos constrangimentos a uma escala mais global que as espécies de peixes experienciam, como o aquecimento global, os rios dessa região estão severamente fragmentados pela presença de grandes barragens e pequeno-médios açudes, construídos maioritariamente para a produção de eletricidade e recolha de água para uso doméstico, industrial e para a agricultura. Esforços direcionados ao aumento do conhecimento sobre a truta em resposta às pressões antropogênicas e pela mitigação da fragmentação do habitat existente, têm sido constantemente desenvolvidos nos últimos 8-10 anos no Rio Mondego. Considerado um dos mais importantes rios em Portugal para peixes migradores, uma passagem para peixes de fendas verticais (i.e., 125 metros de comprimento, 23 bacias) foi construída em 2011 no Açude-Ponte de Coimbra e monitorização contínua vem sendo realizada desde 2013 com recurso a censos visuais. Os dados de contagem sobre a truta revelaram que entre 2013 e 2017 mais de 300 trutas utilizaram com sucesso a passagem durante a sua migração para montante. Nos anos estudados, os meses com maior contagem de trutas foram maio (21,1%), junho (52,7%) e julho (14,3%). O padrão circadiano dos movimentos para montante revelou que as trutas migraram pela passagem maioritariamente ao amanhecer e no final do dia. O tamanho das trutas utilizando a passagem com sucesso foi dependente do mês, pois as maiores trutas (CT>300 mm) tendem a usar a passagem mais cedo (em maio), seguida daquelas de menores dimensões (CT<300 mm), que tendem a utilizar a passagem mais tarde na época de migração (julho). Modelos exploratórios revelaram que fatores ambientais como o fotoperíodo e o período do dia, estão significativamente influenciando o uso da passagem para peixes pelas trutas durante todos os anos de estudo; Abstract: Study of Migration Behavior of Trout (Salmo trutta L.) in the Southern Limit of its Distribution The central region of Portugal represents the southern limit of the distribution of both ecotypes of Salmo trutta L, the resident (i.e., brown trout) and anadromous (i.e., sea trout). Besides the constraints, such as global warming, that the species experiences, rivers in this region are severely fragmented by the presence of large dams and small-to-medium weirs, built mainly for hydroelectricity production and water abstraction for domestic, industrial and agriculture uses. Efforts towards an increase in the knowledge of trout responses to anthropogenic pressures and for the mitigation of existent habitat fragmentation have been consistently developed for the last 8-10 years in Mondego River. Considered one of the most important rivers in Portugal for migratory fish, a vertical-slot fishway (i.e., 125 meters long, 23 pools) was built in 2011 at the Coimbra dam and monitoring is continuously being conducted since 2013 using visual census. Count data on trout revealed that between 2013 and 2017 more than 300 trouts have successfully used this fish pass during their upstream migration. In the studied years, the months with the highest trout count were May (21.1%), June (52.7%) and July (14.3%). Circadian pattern of upstream movement revealed that trouts migrate through the fish pass mostly in the morning and at the end of the day. Size of trout successfully using the fish pass was month dependent, as larger trouts (CT>300mm) tend to use the fish pass earlier (in May), followed by those with smaller dimensions (CT<300 mm), that tend to use the fish pass later on the migration season (July). Explanatory models revealed that different environmental factors, such as photoperiod and day period, are significantly influencing fish pass use by trout in all the studied years.
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Esforços direcionados ao aumento do conhecimento sobre a truta em resposta às pressões antropogênicas e pela mitigação da fragmentação do habitat existente, têm sido constantemente desenvolvidos nos últimos 8-10 anos no Rio Mondego. Considerado um dos mais importantes rios em Portugal para peixes migradores, uma passagem para peixes de fendas verticais (i.e., 125 metros de comprimento, 23 bacias) foi construída em 2011 no Açude-Ponte de Coimbra e monitorização contínua vem sendo realizada desde 2013 com recurso a censos visuais. Os dados de contagem sobre a truta revelaram que entre 2013 e 2017 mais de 300 trutas utilizaram com sucesso a passagem durante a sua migração para montante. Nos anos estudados, os meses com maior contagem de trutas foram maio (21,1%), junho (52,7%) e julho (14,3%). O padrão circadiano dos movimentos para montante revelou que as trutas migraram pela passagem maioritariamente ao amanhecer e no final do dia. 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Besides the constraints, such as global warming, that the species experiences, rivers in this region are severely fragmented by the presence of large dams and small-to-medium weirs, built mainly for hydroelectricity production and water abstraction for domestic, industrial and agriculture uses. Efforts towards an increase in the knowledge of trout responses to anthropogenic pressures and for the mitigation of existent habitat fragmentation have been consistently developed for the last 8-10 years in Mondego River. Considered one of the most important rivers in Portugal for migratory fish, a vertical-slot fishway (i.e., 125 meters long, 23 pools) was built in 2011 at the Coimbra dam and monitoring is continuously being conducted since 2013 using visual census. Count data on trout revealed that between 2013 and 2017 more than 300 trouts have successfully used this fish pass during their upstream migration. In the studied years, the months with the highest trout count were May (21.1%), June (52.7%) and July (14.3%). Circadian pattern of upstream movement revealed that trouts migrate through the fish pass mostly in the morning and at the end of the day. Size of trout successfully using the fish pass was month dependent, as larger trouts (CT>300mm) tend to use the fish pass earlier (in May), followed by those with smaller dimensions (CT<300 mm), that tend to use the fish pass later on the migration season (July). 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