Análise de técnicas de melhoria da tolerabilidade na Endoscopia Digestiva Alta

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gonçalves, Décia Liane Teixeira Mendes
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/5032
Resumo: Introdução: A endoscopia digestiva alta é um procedimento invasivo, passível de causar ansiedade e desconforto nos pacientes. Com o intuito de aumentar a tolerabilidade dos pacientes, tem-se recorrido à “sedação consciente” e à anestesia orofaríngea tópica, sendo esta última a mais utilizada em Portugal. Ainda não há consenso quanto à estratégia anestésica tópica mais eficaz, pelo que o presente estudo pretende determinar o efeito de algumas técnicas mais utilizadas atualmente na tolerabilidade dos pacientes, na facilidade técnica do procedimento, bem como a influência de fatores determinantes associados. Metodologia: Ensaio clínico aleatorizado, em ocultação simples. A amostra inclui 141 pacientes os quais foram submetidos a endoscopia digestiva alta eletiva, no período compreendido entre Novembro de 2013 e Fevereiro de 2014. Os pacientes foram distribuídos homogénea e aleatoriamente por quatro grupos: “lidocaína gel”, “lidocaína spray”, “gel lubrificante” e “água”. Pacientes e médicos operantes fizeram uma apreciação geral do procedimento e avaliou-se a frequência cardíaca e a pressão arterial, antes e depois da endoscopia digestiva alta. Realizou-se a análise estatística recorrendo aos seguintes testes: teste de independência do Qui-Quadrado, teste exato de Fisher, ANOVA, ANCOVA, Kruskal-Wallis e Mann-Whitney (todos os testes de hipóteses foram considerados significativos sempre que o respetivo valor de prova não excedeu o nível de significância de 5%). Resultados: A amostra estudada é composta por 67 mulheres (47,5%) e 74 homens (52,5%). A média das avaliações em cada um dos grupos enquadra-se num nível de desconforto moderado e não se verificaram diferenças significativas no efeito das várias técnicas anestésicas no nível de desconforto endoscópico (teste ANOVA, p=0,450). A proporção de pacientes com reflexo de vómito leve foi significativamente superior no grupo “água” e a facilidade técnica dos procedimentos neste grupo foi manifestamente superior ao grupo “gel lubrificante” (teste exato de Fisher, p=0,027 e teste de comparação de duas proporções para o nível de significância de 5%). Encontrou-se uma correlação inversa fraca entre a idade dos pacientes e a sua tolerabilidade aos procedimentos endoscópicos (coeficiente de correlação de Spearman aproximadamente igual a -0,225). Verificou-se que o nível de ansiedade pré-endoscopia influencia a tolerabilidade endoscópica dos pacientes (teste ANOVA, p<0,001), não se observando o mesmo para o sexo do paciente. Nenhuma técnica anestésica em estudo influenciou a tolerabilidade do paciente, para um determinado sexo, idade ou nível de ansiedade pré-endoscopia. As endoscopias digestivas altas motivadas por dor abdominal ou emagrecimento apresentaram níveis significativamente superiores de desconforto (teste ANOVA, p=0,026 e p=0,05, respetivamente) e o diagnóstico endoscópico não exerceu qualquer influência sobre o desconforto reportado pelos pacientes. Não se observou uma interação significativa entre a técnica anestésica utilizada e o motivo ou diagnóstico da endoscopia digestiva alta, sobre a escala de desconforto. A realização de biópsias endoscópicas e o número total de endoscopias digestivas altas a que o paciente foi anteriormente submetido não influenciou o nível de desconforto vivenciado pelo paciente, à semelhança dos resultados observados da interação destas variáveis com a técnica anestésica utilizada. As medições pré e pós endoscópicas da frequência cardíaca, pressão arterial sistólica e pressão artéria diastólica não evidenciaram alterações significativas do ponto de vista clínico, nem mesmo de acordo com a técnica anestésica utilizada e o sexo do paciente. O grupo “gel lubrificante” apresentou um maior número de náuseas durante a endoscopia digestiva alta e a lidocaína spray induziu um número significativamente superior de casos de dormência orofaríngea, quando comparados com os restantes grupos. O grupo “lidocaína spray” mostrou-se ainda superior na redução da dor/desconforto orofaríngeo após o procedimento, quando comparado com os grupos “gel lubrificante” e “lidocaína gel” (teste exato de Fisher, p<0,001 e teste de comparação de duas proporções para o nível de significância de 5%), não se verificando a mesma superioridade relativamente ao grupo “água”. O número de pacientes do grupo “água” que não apresentou quaisquer sintomas após a endoscopia digestiva alta foi significativamente superior ao grupo “lidocaína spray” (teste exato de Fisher com p=0,004 e teste de comparação de proporções para o nível de significância de 5%). Conclusão: Este estudo evidencia que o uso de uma película de água em volta do tubo endoscópico com o intuito de aumentar a tolerabilidade endoscópica é uma estratégia com grande potencial, não só para aumentar a recetividade dos pacientes, como também diminuir a exposição a substâncias farmacológicas desnecessárias. Esta técnica foi igualmente eficaz na redução do desconforto dos pacientes, reduziu o reflexo de vómito e os sintomas associados ao procedimento e não apresentou mais efeitos indesejáveis, quando comparada com as restantes técnicas em estudo. A idade e a ansiedade pré-endoscopia dos pacientes são fatores determinantes de tolerabilidade, ao contrário do que se verifica com o sexo dos pacientes, o diagnóstico endoscópico, a realização de biópsias endoscópicas e o número total de endoscopias digestivas altas a que foram anteriormente submetidos. Apenas as endoscopias digestivas altas motivadas por dor abdominal ou emagrecimento se associaram a um maior nível de desconforto. A interação da técnica anestésica utilizada com qualquer uma das variáveis supracitadas não influenciou significativamente o desconforto sentido pelos pacientes. Deverá apostar-se na realização de mais estudos, de modo a sustentar estas conclusões.
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spelling Análise de técnicas de melhoria da tolerabilidade na Endoscopia Digestiva AltaÁguaEndoscopia Digestiva AltaGel LubrificanteLidocaínaTolerabilidadeDomínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde::MedicinaIntrodução: A endoscopia digestiva alta é um procedimento invasivo, passível de causar ansiedade e desconforto nos pacientes. Com o intuito de aumentar a tolerabilidade dos pacientes, tem-se recorrido à “sedação consciente” e à anestesia orofaríngea tópica, sendo esta última a mais utilizada em Portugal. Ainda não há consenso quanto à estratégia anestésica tópica mais eficaz, pelo que o presente estudo pretende determinar o efeito de algumas técnicas mais utilizadas atualmente na tolerabilidade dos pacientes, na facilidade técnica do procedimento, bem como a influência de fatores determinantes associados. Metodologia: Ensaio clínico aleatorizado, em ocultação simples. A amostra inclui 141 pacientes os quais foram submetidos a endoscopia digestiva alta eletiva, no período compreendido entre Novembro de 2013 e Fevereiro de 2014. Os pacientes foram distribuídos homogénea e aleatoriamente por quatro grupos: “lidocaína gel”, “lidocaína spray”, “gel lubrificante” e “água”. Pacientes e médicos operantes fizeram uma apreciação geral do procedimento e avaliou-se a frequência cardíaca e a pressão arterial, antes e depois da endoscopia digestiva alta. Realizou-se a análise estatística recorrendo aos seguintes testes: teste de independência do Qui-Quadrado, teste exato de Fisher, ANOVA, ANCOVA, Kruskal-Wallis e Mann-Whitney (todos os testes de hipóteses foram considerados significativos sempre que o respetivo valor de prova não excedeu o nível de significância de 5%). Resultados: A amostra estudada é composta por 67 mulheres (47,5%) e 74 homens (52,5%). A média das avaliações em cada um dos grupos enquadra-se num nível de desconforto moderado e não se verificaram diferenças significativas no efeito das várias técnicas anestésicas no nível de desconforto endoscópico (teste ANOVA, p=0,450). A proporção de pacientes com reflexo de vómito leve foi significativamente superior no grupo “água” e a facilidade técnica dos procedimentos neste grupo foi manifestamente superior ao grupo “gel lubrificante” (teste exato de Fisher, p=0,027 e teste de comparação de duas proporções para o nível de significância de 5%). Encontrou-se uma correlação inversa fraca entre a idade dos pacientes e a sua tolerabilidade aos procedimentos endoscópicos (coeficiente de correlação de Spearman aproximadamente igual a -0,225). Verificou-se que o nível de ansiedade pré-endoscopia influencia a tolerabilidade endoscópica dos pacientes (teste ANOVA, p<0,001), não se observando o mesmo para o sexo do paciente. Nenhuma técnica anestésica em estudo influenciou a tolerabilidade do paciente, para um determinado sexo, idade ou nível de ansiedade pré-endoscopia. As endoscopias digestivas altas motivadas por dor abdominal ou emagrecimento apresentaram níveis significativamente superiores de desconforto (teste ANOVA, p=0,026 e p=0,05, respetivamente) e o diagnóstico endoscópico não exerceu qualquer influência sobre o desconforto reportado pelos pacientes. Não se observou uma interação significativa entre a técnica anestésica utilizada e o motivo ou diagnóstico da endoscopia digestiva alta, sobre a escala de desconforto. A realização de biópsias endoscópicas e o número total de endoscopias digestivas altas a que o paciente foi anteriormente submetido não influenciou o nível de desconforto vivenciado pelo paciente, à semelhança dos resultados observados da interação destas variáveis com a técnica anestésica utilizada. As medições pré e pós endoscópicas da frequência cardíaca, pressão arterial sistólica e pressão artéria diastólica não evidenciaram alterações significativas do ponto de vista clínico, nem mesmo de acordo com a técnica anestésica utilizada e o sexo do paciente. O grupo “gel lubrificante” apresentou um maior número de náuseas durante a endoscopia digestiva alta e a lidocaína spray induziu um número significativamente superior de casos de dormência orofaríngea, quando comparados com os restantes grupos. O grupo “lidocaína spray” mostrou-se ainda superior na redução da dor/desconforto orofaríngeo após o procedimento, quando comparado com os grupos “gel lubrificante” e “lidocaína gel” (teste exato de Fisher, p<0,001 e teste de comparação de duas proporções para o nível de significância de 5%), não se verificando a mesma superioridade relativamente ao grupo “água”. O número de pacientes do grupo “água” que não apresentou quaisquer sintomas após a endoscopia digestiva alta foi significativamente superior ao grupo “lidocaína spray” (teste exato de Fisher com p=0,004 e teste de comparação de proporções para o nível de significância de 5%). Conclusão: Este estudo evidencia que o uso de uma película de água em volta do tubo endoscópico com o intuito de aumentar a tolerabilidade endoscópica é uma estratégia com grande potencial, não só para aumentar a recetividade dos pacientes, como também diminuir a exposição a substâncias farmacológicas desnecessárias. Esta técnica foi igualmente eficaz na redução do desconforto dos pacientes, reduziu o reflexo de vómito e os sintomas associados ao procedimento e não apresentou mais efeitos indesejáveis, quando comparada com as restantes técnicas em estudo. A idade e a ansiedade pré-endoscopia dos pacientes são fatores determinantes de tolerabilidade, ao contrário do que se verifica com o sexo dos pacientes, o diagnóstico endoscópico, a realização de biópsias endoscópicas e o número total de endoscopias digestivas altas a que foram anteriormente submetidos. Apenas as endoscopias digestivas altas motivadas por dor abdominal ou emagrecimento se associaram a um maior nível de desconforto. A interação da técnica anestésica utilizada com qualquer uma das variáveis supracitadas não influenciou significativamente o desconforto sentido pelos pacientes. Deverá apostar-se na realização de mais estudos, de modo a sustentar estas conclusões.Introduction: Endoscopy is an invasive procedure, able to cause anxiety and discomfort for patients. With the aim of improving the tolerability of patients, "conscious sedation" and oropharyngeal topical anesthesia, have been resorted to, with the latter being the most used in Portugal. There is still no consensus about the most effective topical anesthetic strategy, and the present study intends to determine the effect of some techniques currently used to improve patient’s tolerability, the technical ease of the procedure, as well as the influence of associated determinants. Methods: Randomized clinical trial, single-blinded. The patient sample includes 141 patients who underwent elective upper endoscopy, in the period between November 2013 and February 2014. Patients were randomized into four groups: "lidocaine gel", "lidocaine spray", "lubricant gel" and "water". Patients and doctors made a general assessment of the procedure and patient’s heart rate and blood pressure was evaluated before and after endoscopy. The statistical analysis used the following tests: Chi-square, Fisher’s exact test, ANOVA, ANCOVA, Kruskal-Wallis and Mann-Whitney test (all hypothesis tests were considered significant when the respective p-value did not exceed the significance level of 5%). Results: The study sample includes 67 women (47,5%) and 74 men (52,5%). The average discomfort assessments of the four groups falls within a moderate level of discomfort and there were no significant differences in anesthetic effect of these four techniques in the endoscopic discomfort level (ANOVA, p=0,450). The proportion of patients with mild gag reflex was significantly higher in water group and the procedure was significantly much easier to perform in this group than in the lubrificant gel group (Fisher’s exact test, p=0,027 and comparison of two proportions test for the significance level of 5%). A weak inverse correlation was found between the age of patients and their tolerability (Spearman correlation coefficient approximately equal to -0,225). It was found that the level of pre-endoscopy anxiety influences patient’s endoscopic tolerability (ANOVA, p<0,001), and the same was not observed for the gender of the patient. None of the anesthetic techniques in the study influenced patient’s tolerability to a particular gender, age or level of pre–endoscopy anxiety. Upper gastrointestinal endoscopies motivated by abdominal pain or weight loss showed significantly higher levels of discomfort (ANOVA, p=0,026 and p=0,05, respectively) and endoscopic diagnosis had no effect on the discomfort reported by patients. There was no significant interaction between the anesthetic technique used and the endoscopic cause or diagnosis on the discomfort scale. The performance of endoscopic biopsies and the number of endoscopies the patient has previously undergone did not influence the level of discomfort experienced by the patient, similar to the observed results from the interaction of these variables with the anesthetic technique used. The pre and post endoscopic measurements of heart rate, systolic and diastolic arterial pressure showed no clinical significant changes, even according to the anesthetic technique used and the patient's gender. The "lubricant gel" group had much more cases of nausea during endoscopy and lidocaine spray induced a significantly higher number of oropharyngeal numbness, when compared with the other groups. The "lidocaine spray" group was superior in reducing pain/oropharyngeal discomfort after the procedure, when compared with "lubricant gel" and "lidocaine gel" groups (Fisher’s exact test, p<0,001, comparing test two proporrtions for the significance level of 5%) and was not observed the same superiority when compared with “water” group. The number of patients of "water" group that did not show any symptoms after endoscopy was significantly higher than the "lidocaine spray" group (Fisher’s exact test p=0,004 and comparison of proportions test for the significance level of 5%). Conclusion: This study shows that the use of a water film around the endoscopic tube in order to increase the endoscopic tolerability is a strategy with potential not only to increase the receptivity of the patients, but also to the unnecessary exposure to drug substances. This technique was also effective in reducing patient’s discomfort, reduced the gag reflex and the symptoms associated with the procedure and did not show more side effects when compared with other techniques in the study. Age and pre-endoscopy anxiety of patients are determinants of tolerability, contrary to what occurs with patient sex, endoscopic diagnosis, performing endoscopic biopsies and the number of upper gastrointestinal endoscopies that were previously submitted. Only the upper gastrointestinal endoscopies motivated by abdominal pain or weight loss were associated with a higher level of discomfort. The interaction of the anesthetic technique used with any of the aforementioned variables did not significantly influence the discomfort felt by patients. Further studies should be done in order to support these conclusions.Gama, Jorge Manuel dos ReisRamos, Rui Miguel MonteirouBibliorumGonçalves, Décia Liane Teixeira Mendes2018-07-12T16:37:56Z2014-5-72014-07-152014-07-15T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/5032TID:201640210porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:42:32Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/5032Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:46:02.000591Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Pacientes e médicos operantes fizeram uma apreciação geral do procedimento e avaliou-se a frequência cardíaca e a pressão arterial, antes e depois da endoscopia digestiva alta. Realizou-se a análise estatística recorrendo aos seguintes testes: teste de independência do Qui-Quadrado, teste exato de Fisher, ANOVA, ANCOVA, Kruskal-Wallis e Mann-Whitney (todos os testes de hipóteses foram considerados significativos sempre que o respetivo valor de prova não excedeu o nível de significância de 5%). Resultados: A amostra estudada é composta por 67 mulheres (47,5%) e 74 homens (52,5%). A média das avaliações em cada um dos grupos enquadra-se num nível de desconforto moderado e não se verificaram diferenças significativas no efeito das várias técnicas anestésicas no nível de desconforto endoscópico (teste ANOVA, p=0,450). A proporção de pacientes com reflexo de vómito leve foi significativamente superior no grupo “água” e a facilidade técnica dos procedimentos neste grupo foi manifestamente superior ao grupo “gel lubrificante” (teste exato de Fisher, p=0,027 e teste de comparação de duas proporções para o nível de significância de 5%). Encontrou-se uma correlação inversa fraca entre a idade dos pacientes e a sua tolerabilidade aos procedimentos endoscópicos (coeficiente de correlação de Spearman aproximadamente igual a -0,225). Verificou-se que o nível de ansiedade pré-endoscopia influencia a tolerabilidade endoscópica dos pacientes (teste ANOVA, p<0,001), não se observando o mesmo para o sexo do paciente. Nenhuma técnica anestésica em estudo influenciou a tolerabilidade do paciente, para um determinado sexo, idade ou nível de ansiedade pré-endoscopia. As endoscopias digestivas altas motivadas por dor abdominal ou emagrecimento apresentaram níveis significativamente superiores de desconforto (teste ANOVA, p=0,026 e p=0,05, respetivamente) e o diagnóstico endoscópico não exerceu qualquer influência sobre o desconforto reportado pelos pacientes. Não se observou uma interação significativa entre a técnica anestésica utilizada e o motivo ou diagnóstico da endoscopia digestiva alta, sobre a escala de desconforto. A realização de biópsias endoscópicas e o número total de endoscopias digestivas altas a que o paciente foi anteriormente submetido não influenciou o nível de desconforto vivenciado pelo paciente, à semelhança dos resultados observados da interação destas variáveis com a técnica anestésica utilizada. As medições pré e pós endoscópicas da frequência cardíaca, pressão arterial sistólica e pressão artéria diastólica não evidenciaram alterações significativas do ponto de vista clínico, nem mesmo de acordo com a técnica anestésica utilizada e o sexo do paciente. O grupo “gel lubrificante” apresentou um maior número de náuseas durante a endoscopia digestiva alta e a lidocaína spray induziu um número significativamente superior de casos de dormência orofaríngea, quando comparados com os restantes grupos. O grupo “lidocaína spray” mostrou-se ainda superior na redução da dor/desconforto orofaríngeo após o procedimento, quando comparado com os grupos “gel lubrificante” e “lidocaína gel” (teste exato de Fisher, p<0,001 e teste de comparação de duas proporções para o nível de significância de 5%), não se verificando a mesma superioridade relativamente ao grupo “água”. O número de pacientes do grupo “água” que não apresentou quaisquer sintomas após a endoscopia digestiva alta foi significativamente superior ao grupo “lidocaína spray” (teste exato de Fisher com p=0,004 e teste de comparação de proporções para o nível de significância de 5%). Conclusão: Este estudo evidencia que o uso de uma película de água em volta do tubo endoscópico com o intuito de aumentar a tolerabilidade endoscópica é uma estratégia com grande potencial, não só para aumentar a recetividade dos pacientes, como também diminuir a exposição a substâncias farmacológicas desnecessárias. Esta técnica foi igualmente eficaz na redução do desconforto dos pacientes, reduziu o reflexo de vómito e os sintomas associados ao procedimento e não apresentou mais efeitos indesejáveis, quando comparada com as restantes técnicas em estudo. A idade e a ansiedade pré-endoscopia dos pacientes são fatores determinantes de tolerabilidade, ao contrário do que se verifica com o sexo dos pacientes, o diagnóstico endoscópico, a realização de biópsias endoscópicas e o número total de endoscopias digestivas altas a que foram anteriormente submetidos. Apenas as endoscopias digestivas altas motivadas por dor abdominal ou emagrecimento se associaram a um maior nível de desconforto. A interação da técnica anestésica utilizada com qualquer uma das variáveis supracitadas não influenciou significativamente o desconforto sentido pelos pacientes. Deverá apostar-se na realização de mais estudos, de modo a sustentar estas conclusões.
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