Empenhamento Organizacional Normativo e Presenteísmo dos Enfermeiros: Contributos para a Gestão

• Autor(a) principal: Severino, Carlos Miguel
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://web.esenfc.pt/?url=nQjgJTOW
• topic: empenhamento organizacional; presenteísmo; gestão em enfermagem.

O fenómeno do presenteísmo ocorre quando os colaboradores vão trabalhar sem reunir as condições de saúde desejáveis para o desempenho das funções. A enfermagem tem sido frequentemente associada ao presenteísmo devido às particularidades do exercício da profissão. O Empenhamento Organizacional Normativo (EON) reflete um sentimento de dívida e de obrigação em permanecer na organização. O enfermeiro gestor é detentor de conhecimento e pensamento crítico no domínio da gestão, cabendolhe o papel de identificar e analisar fatores que interferem na segurança dos profissionais e na qualidade dos cuidados de enfermagem. O presente estudo pretende entender como o EON influencia o presenteísmo dos enfermeiros, visando a maximização da produtividade das organizações de saúde sem descorar o bem-estar físico e psicológico dos profissionais. Este estudo tem como finalidades: 1) Contribuir na identificação da relação do EON com o presenteísmo dos enfermeiros, para prevenir o presenteísmo de enfermeiros nas organizações de saúde e 2) Promover a discussão sobre a mitigação do presenteísmo de enfermeiros, fomentando a reflexão dos gestores acerca da compreensão do presenteísmo e suas consequências nas organizações de saúde. Desenvolveu-se um estudo descritivo, correlacional, exploratório de abordagem quantitativa. A amostra é composta por 146 enfermeiros que trabalham em instituições de saúde portuguesas e simultaneamente encontram-se em formação pós-graduada em enfermagem. Foi utilizado um questionário de preenchimento individual, com questões relativas aos dados sociodemográficos e profissionais e aplicadas duas escalas validadas para a população portuguesa: a Stanford Presenteeism Scale (SPS-6) e a sub-escala de EON. Os enfermeiros da amostra estudada revelaram-se moderadamente empenhados normativamente relativamente à organização onde trabalham e apresentam níveis intermédios de presenteísmo, revelando ainda uma boa capacidade de concentração e relativa capacidade de realizar as funções apesar dos problemas de saúde. Não se verificou relação entre o presenteísmo e o EON dos enfermeiros desta amostra. Constatou-se que os enfermeiros com condição prévia de doença apresentam valores mais elevados de trabalho completado e presenteísmo global que os enfermeiros sem condição prévia de doença; e que os enfermeiros com diagnóstico de doença superior a seis meses apresentam valores mais elevados no trabalho completado e presenteísmo global do que os enfermeiros com condição prévia de doença com diagnóstico inferior a seis meses. Verificou-se, ainda, que os enfermeiros especialistas apresentam valores mais baixos de distração evitada e valores mais elevados de presenteísmo global do que os enfermeiros sem especialidade. Estes resultados da investigação permitem apontar aos enfermeiros gestores a necessidade de adotar estratégias que combatem o fenómeno do presenteísmo, como a flexibilidade de horários, a promoção da conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar dos enfermeiros, e a promoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis, contribuindo para a criação de ambientes de trabalho produtivos, saudáveis e seguros. Reforça-se a necessidade de alertar os enfermeiros gestores da importância que a formação contínua tem no combate ao presenteísmo, fomentando o desenvolvimento profissional dos enfermeiros através da demonstração de apoio, fornecimento de oportunidades e tempo para o efeito.