Caracterização e avaliação da gestão da terapêutica da dor em doentes com osteoartrose do joelho em Portugal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Tânia Figueiredo Gomes de
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/39722
Resumo: Tese de mestrado, Epidemiologia, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2019
id RCAP_3665a1992cfe8d9000a6c30059064574
oai_identifier_str oai:repositorio.ul.pt:10451/39722
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Caracterização e avaliação da gestão da terapêutica da dor em doentes com osteoartrose do joelho em PortugalOsteoartrose do joelhoTratamentoDorComorbilidadesTeses de mestrado - 2019Domínio/Área Científica::Ciências MédicasTese de mestrado, Epidemiologia, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2019Introdução: O estudo epidemiológico de doenças reumáticas em Portugal (EpiReumaPt) teve como principal objectivo a determinação da prevalência das principais doenças reumáticas no país. Permitiu, também, a identificação de factores sociodemográficos, socioeconómicos e clínicos associados ao diagnóstico de doenças reumáticas, bem como a determinação do impacto destas doenças na qualidade de vida, função e capacidade laboral dos doentes. Apesar desta recente caracterização de determinantes e consequência psicossocial das doenças reumáticas, pouco se conhece sobre a gestão da dor em doentes portugueses com diferentes doenças reumáticas não inflamatórias, nas quais se incluem a osteoartrose do joelho. A prevalência da osteoartrose do joelho, patologia em estudo, em Portugal é de 12,4% (11,0% - 13,8%), sendo mais prevalente no sexo feminino, 15,8% (13,7% - 17,8%), do que no sexo masculino, 8,6% (6,9% - 10,3%). Objectivos: Os objectivos gerais deste estudo foram (a) caracterizar as terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas utilizadas pela população adulta (idade maior ou igual a 18 anos) portuguesa com o diagnóstico de osteoartrose do joelho, para alívio da dor associada a esta patologia, (b) identificar factores sócio-demográficos, socioeconómicos, clínicos e comportamentais destes doentes que poderão estar associados à utilização de fármacos para alívio da dor, e (c) avaliar a concordância entre as práticas terapêuticas farmacológicas e as recomendações da “Escada analgésica da OMS”. Material e métodos: Desenho observacional transversal, realizado através de análise secundária de dados recolhidos na primeira e segunda fases do projecto EpireumaPt. Os métodos de amostragem e recolha de dados foram os utilizados no EpireumaPt. Os participantes foram seleccionados através de um processo de amostragem probabilística multietápica, tendo-se obtido uma amostra representativa da população portuguesa, com 10 661 indivíduos. A amostra foi estratificada por região NUTS II e por dimensão da localidade. A caracterização das terapêuticas não farmacológicas e da utilização de fármacos para o alívio da dor foram efectuados por análise descritiva univariada. A análise dos possíveis factores que lhe poderiam estar associados foi efectuada por regressão logística. A “Escada analgésica da OMS” foi utilizada como gold standard para a abordagem terapêutica da dor nos doentes em estudo. Resultados: Foram incluídos 981 doentes com osteoartrose do joelho, nesta análise secundária. Em relação à toma dos medicamentos pertencentes aos grupos terapêuticos da escada analgésica da OMS, os três tipos de medicamentos mais utilizados pelos doentes foram os “ansiolíticos, sedativos e hipnóticos” (24,6%), os “AINE” (20,2%) e os “antidepressores” (14,7%). Apenas 6,9% da amostra utiliza analgésicos e antipiréticos e 4,2% analgésicos estupefacientes. Os medicamentos do degrau I são os mais utilizados pelos doentes da amostra (83,7%), seguido dos medicamentos do degrau II (14,7%) e por fim do degrau III (1,6%). No entanto, a maioria dos doentes apresenta dor intensa (47,8%), seguida de dor moderada (35,6%), dor máxima (6,7%) e dor ligeira (5,3%). As variáveis sexo, rendimento familiar, ansiedade e intensidade da dor no joelho foram identificadas como factores potencialmente associados à utilização de fármacos dos degraus I e II da escada analgésica da OMS para o alívio da dor. Nenhuma das variáveis utilizadas na regressão logística para a variável dependente “degrau III” revelou qualquer associação com esta indicador de farmacoterapia. Em relação às terapêuticas não farmacológicas, apenas 14,6% da amostra recorreu a elas. A sua maior utilização é efectuada por mulheres (15,9%), doentes entre os 18 e os 29 anos (20,0%), doentes com maior nível de instrução, reformados (69,0%) e doentes com dor intensa (48,6%). As intervenções não farmacológicas utilizadas pela amostra de doentes com OA do joelho foram: a reabilitação (30,7%), cinesioterapia (8,1%), infiltrações intra-articular (6,4%) e periarticular (6,0%), exercício (5,7%), hidroterapia (3,2%), acupunctura (2,7%), osteopatia (0,9%), “endireita” (0,5%), naturopatia (0,3%), homeopatia (0,3%) e fitoterapia (0,3%) e quiropraxia (0,1%). Outros 0,6% da amostra recorre a “outras” intervenções não farmacológicas. Considerando esta amostra de doentes, 15,1%, 32,4% e 75% dos doentes utilizam terapêuticas não farmacológicas aquando da utilização dos fármacos do degrau I, II e III da escada analgésica da OMS, respectivamente, para o alívio da dor. Conclusões: A percentagem de medicamentos utilizados para o alívio da dor na amostra de doentes com OA do joelho foi baixa, e não respeitou a escada analgésica da OMS. O uso de analgésicos opiáceos para a dor moderada e forte (degraus II e III) foi conservador. Foram identificados factores socio-demográficos (sexo e/ou idade), clínicos (intensidade da dor no joelho), e comportamentais (prática de exercício físico) potencialmente associados à utilização de fármacos dos degraus I e II da escada analgésica da OMS para o alívio da dor. Não foram encontradas variáveis explicativas (em termos estatísticos) de fármacos de “degrau III” da escada analgésica da OMS. Tal poderá indiciar que os factores determinantes à utilização deste tipo de fármacos, depende mais do prescritor do que do doente. A percentagem de utilização de terapêuticas não farmacológicas é pouco expressiva. Das variáveis analisadas, apenas se verificaram associações estatisticamente significativas entre a utilização de terapêuticas não farmacológicas e a utilização de medicamentos de degrau II e III da escada analgésica da OMS. No entanto, maioria dos doentes não utiliza terapêuticas não farmacológicas aquando da utilização dos fármacos da escada analgésica da OMS para o alívio da dor. Embora tenham sido identificados determinados factores potencialmente associados à utilização de fármacos dos degraus I e II, há necessidade da realização de estudos propectivos que possam aprofundar os resultados, criar novas hipóteses de investigação e colmatar as limitações deste estudo.Introduction: The Portuguese Epidemiologic Study of Rheumatic Diseases (EpiReumaPt) had as main objective the determination of the prevalence of the Rheumatic and Musculoskeletal Diseases (RMDs) in Portugal. It also allowed the identification of sociodemographic, socioeconomic and clinical factors associated with the diagnosis of rheumatic diseases, as well as the determination of the impact of these diseases on patients' quality of life, function and work capacity. Despite this recent characterization of the determinants and psychosocial consequence of rheumatic diseases, little is known about pain management in Portuguese patients with different non-inflammatory rheumatic diseases, including osteoarthrosis of the knee. The prevalence of osteoarthritis of the knee, pathology under study, in Portugal is 12.4% (11.0% - 13.8%), being more prevalent in females, 15.8% (13.7% - 17.8%), than in males, 8.6% (6.9% - 10.3%). Objectives: The overall objectives of this study were (a) the characterization of pharmacological and non-pharmacological therapies used by the Portuguese adult population (age equal or greater than 18 years) with the diagnosis of knee osteoarthritis for pain relief associated with this pathology, (b) identification of socio-demographic, socioeconomic, clinical and behavioral characteristics of these patients, which may be associated with the utilization profile of these drugs, and (c) the assessment of the compliance between therapeutic practices and the recommendations of the WHO analgesic ladder. Material and methods: Cross-sectional observational design, performed through secondary analysis of data collected in the first and second phases of the EpireumaPt study. Sampling and data collection methods were those used in EpireumaPt. The participants were selected through a multi-stage probabilistic sampling process, leading to the obtention of a representative sample of the Portuguese population, with 10 661 individuals. The sample was stratified by NUTS II region and by size of the locality. The characterization of non-pharmacological therapies and the drug utilization profile for pain relief were performed by univariate descriptive analysis. The analysis of the possible factors that could be associated with it was performed by logistic regression. The WHO analgesic ladder was used as a gold standard for the therapeutic approach to pain in the patients under study. Results: A total of 981 patients with osteoarthritis of the knee were included in this secondary analysis. Regarding the taking of drugs belonging to the therapeutic groups of the WHO analgesic ladder, the three types of drugs most commonly used by patients were "anxiolytics, sedatives and hypnotics" 24.6%), "NSAIDs" (20.2%), and "antidepressants" (14.7%). Only 6.9% of the sample used analgesics and antipyretics and 4.2% opioid analgesics. Drugs from the WHO analgesic ladder step I are the most used by the patients in the sample (83.7%), followed by the drugs from step II (14.7%) and step III (1.6%). However, most patients presented severe pain (47.8%), followed by moderate pain (35.6%), maximum pain (6.7%) and mild pain (5.3%). The variables gender, family income, anxiety and pain intensity were identified as factors potentially associated with the drug utilisation profile of steps I and II of the WHO analgesic ladder for pain relief. None of the variables used in the logistic regression for the dependent variable "step III" revealed any association with this indicator of pharmacotherapy. Regarding nonpharmacological therapies, only 14.6% of the sample used them. It was most commonly used by women (15.9%), patients aged 18-29 (20.0%), patients with higher education, retired patients (69.0%) and patients with severe pain ( 48.6%). The non-pharmacological interventions used by the sample of patients with knee OA were: rehabilitation (30.7%), kinesiotherapy (8.1%), intraarticular infiltrations (6.4%) and periarticular (6.0%), exercise (5.7%), hydrotherapy (3.2%), acupuncture (2.7%), osteopathy (0.9%), “endireita” (0,5%), naturopathy (0,3%), homeopathy (0.3%) and herbal medicine (0.3%) and chiropractic (0.1%). Another 0.6% of the sample uses "other" non-pharmacological interventions. Considering this sample of patients, 15.1%, 32.4% and 75% of patients used nonpharmacological therapies when using the drugs of step I, II and III of the WHO analgesic ladder, respectively, for pain relief. Conclusions: The percentage of drugs used for pain relief in the sample of patients with knee OA was low, and did not respect the WHO analgesic ladder. The use of opioid analgesics for moderate and severe pain (steps II and III) was conservative. Sociodemographic factors (sex and/or age), clinical (pain intensity in the knee), and behavioral (physical exercise practice) were identified as being potentially associated with the WHO analgesic ladder steps I and II drug administration profile for relief of pain. Predictive variables (in statistical terms) of "step III" drugs of the WHO analgesic ladder were not found. This may indicate that the determinants of the administration of this type of drugs depend more on the prescriber than on the patient. The percentage of use of nonpharmacological therapies is not very significant. Of the variables analyzed, there were only statistically significant associations between the use of non-pharmacological therapies and the use of step II and III drugs in the WHO analgesic ladder. However, most patients do not use non-pharmacological therapies when using the WHO analgesic ladder drugs for pain relief. Although certain factors have been identified as potentially associated with the steps I and II drug administration profile, it is necessary to carry out prospective studies to deepen the results, create new research hypotheses and overcome the limitations of this study.Canhão, Helena Cristina de Matos, 1967-Santos, OsvaldoRepositório da Universidade de LisboaOliveira, Tânia Figueiredo Gomes de2022-09-16T00:30:46Z2019-09-162019-09-16T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/39722TID:202280861porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:38:38Zoai:repositorio.ul.pt:10451/39722Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:53:32.674014Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Caracterização e avaliação da gestão da terapêutica da dor em doentes com osteoartrose do joelho em Portugal
title Caracterização e avaliação da gestão da terapêutica da dor em doentes com osteoartrose do joelho em Portugal
spellingShingle Caracterização e avaliação da gestão da terapêutica da dor em doentes com osteoartrose do joelho em Portugal
Oliveira, Tânia Figueiredo Gomes de
Osteoartrose do joelho
Tratamento
Dor
Comorbilidades
Teses de mestrado - 2019
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
title_short Caracterização e avaliação da gestão da terapêutica da dor em doentes com osteoartrose do joelho em Portugal
title_full Caracterização e avaliação da gestão da terapêutica da dor em doentes com osteoartrose do joelho em Portugal
title_fullStr Caracterização e avaliação da gestão da terapêutica da dor em doentes com osteoartrose do joelho em Portugal
title_full_unstemmed Caracterização e avaliação da gestão da terapêutica da dor em doentes com osteoartrose do joelho em Portugal
title_sort Caracterização e avaliação da gestão da terapêutica da dor em doentes com osteoartrose do joelho em Portugal
author Oliveira, Tânia Figueiredo Gomes de
author_facet Oliveira, Tânia Figueiredo Gomes de
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Canhão, Helena Cristina de Matos, 1967-
Santos, Osvaldo
Repositório da Universidade de Lisboa
dc.contributor.author.fl_str_mv Oliveira, Tânia Figueiredo Gomes de
dc.subject.por.fl_str_mv Osteoartrose do joelho
Tratamento
Dor
Comorbilidades
Teses de mestrado - 2019
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
topic Osteoartrose do joelho
Tratamento
Dor
Comorbilidades
Teses de mestrado - 2019
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
description Tese de mestrado, Epidemiologia, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2019
publishDate 2019
dc.date.none.fl_str_mv 2019-09-16
2019-09-16T00:00:00Z
2022-09-16T00:30:46Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10451/39722
TID:202280861
url http://hdl.handle.net/10451/39722
identifier_str_mv TID:202280861
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799134473463267328