Doenças relacionadas com exposição não-ocupacional a amianto

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Belo, Micael de Sousa Patrício
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/30517
Resumo: Trabalho final de mestrado integrado em Medicina, apresentado à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
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spelling Doenças relacionadas com exposição não-ocupacional a amiantoamiantoexposição não-ocupacionaldoenças relacionadas com amiantomesoteliomacancro do pulmãoTrabalho final de mestrado integrado em Medicina, apresentado à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.O amianto ou asbesto constitui um grupo de fibras minerais naturais, que pelas suas características de tolerância ao calor e resistência à tração foi amplamente utilizado em diversos setores de atividade, mas principalmente na construção civil, na década de 80 do século XX. Atualmente, apesar desta substância ser reconhecida como carcinogénica pela Organização Mundial de Saúde, alguns países (na sua maioria países em desenvolvimento) continuam a fabricá-la e a comercializá-la em quantidades elevadas. Por outro lado, naqueles em que o amianto foi proibido, continuam presentes no quotidiano os materiais utilizados no passado. Adicionalmente, ao contrário do contexto ocupacional, os riscos para a saúde associados a uma exposição não-ocupacional não estão suficientemente esclarecidos. Deste modo, é de facto pertinente procurar compreender se as populações expostas dessa forma estão sujeitas a um risco aumentado de desenvolver doenças relacionadas com amianto (DRA), especialmente mesotelioma pleural e cancro do pulmão. Para tal, procedeu-se a uma revisão sistemática da literatura recorrendo aos motores de busca de base de dados digitais “PubMed”, “B-On” e “Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA)” e a relatórios técnicos de entidades como a Organização Mundial de Saúde. No presente artigo de revisão foi documentado um elevado número de evidências publicadas que apontam para uma correlação positiva entre o aumento da incidência de DRA e o tempo de exposição e dose de fibras de amianto inaladas, sendo que no contexto não-ocupacional constata-se um tempo médio de exposição e de latência superiores. Foram sumariadas as principais características referentes aos quatro diferentes subtipos de exposição identificados: a exposição passiva em edifícios com materiais contendo amianto (MCA) não ocorre desde que estes se encontrem em boas condições ou encapsulados; a exposição ambiental por fontes industriais é significativa e inversamente proporcional à distância entre a área de residência e a origem da poluição; a exposição doméstica é mais prevalente no sexo feminino e dependente do número de coabitantes expostos de forma ocupacional; e a exposição a amianto de ocorrência natural (pelos seus níveis altos de poluição contínua e prolongada com início na infância) condiciona uma maior dose cumulativa de fibras relativamente aos outros subtipos. Em três subtipos de exposição não-ocupacional constatou-se, de forma estatisticamente significativa, a existência de um risco aumentado de desenvolver mesotelioma pleural, para além das formas benignas de DRA, incluindo asbestose. A exceção correspondeu à exposição passiva em edifícios com MCA, sendo unânime que a remoção compulsiva de MCA em bom estado de conservação é uma opção menos eficiente que outras práticas como o encapsulamento com vigilância periódica. Só se constatou um risco significativo de cancro do pulmão nos indivíduos expostos a amianto de ocorrência natural, sugerindo-se que esta doença requer uma dose cumulativa mais elevada do que o mesotelioma pleural. Deste modo, alerta-se para a importância da implementação de um plano de prevenção global que inclua a remoção racional dos MCA, o abandono total da sua produção e o acompanhamento clínico dos expostos (inclusive de forma não-ocupacional), sob pena de se enfrentar futuramente a letalidade de doenças como o mesotelioma pleural e o cancro do pulmão.Asbestos is a group of natural mineral fibers, that present high heat tolerance and tensile strength, and has been widely used in various sectors of activity, but mainly in the construction sector, in the 80s of the twentieth century. Currently, despite being recognized as a carcinogen by the World Health Organization, some countries (mostly developing countries) continue to manufacture and market it in high amounts. On the other hand, in those in which asbestos was banned, it is still present daily in materials used in the past. Additionally, unlike the occupational setting, the health risks associated with non-occupational exposure are not sufficiently clear. Therefore, it is opportune to understand if the exposed populations are therefore subjected to an increased risk of developing asbestos-related diseases (DRA), especially pleural mesothelioma and lung cancer. To accomplish this aim, it was done a systematic review of the literature using the search engines of the digital databases "PubMed", "B-On" and "Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA)" and reports of entities as the World Health Organization. In this review article, we documented a large number of published evidence that suggests a positive correlation between the increase of DRA’s incidence and the exposure time and dose of inhaled asbestos fibers, wherein the non-occupational context there is an higher average exposure time and latency period. The main features of the four different exposure subtypes identified were summarized: the passive exposure in buildings with asbestos-containing materials (MCA) does not occur, provided that these are in good condition or encapsulated; the environmental exposure from industrial sources is significantly and inversely proportional to the distance between the place of residence and the source of pollution; the domestic exposure is more prevalent in females and dependent on the number of cohabiting people occupationally exposed; and the exposure to naturally occurring asbestos (for its high levels of childhood-onset continuous and prolonged pollution) determines greater cumulative dose of inhaled fibers compared with other subtypes. It is observed, in three subtypes of non-occupational exposure, in a statistically significant way, an increased risk of developing pleural mesothelioma, in addition to the DRA benign forms, including asbestosis. The exception corresponds to the passive exposure in buildings with MCA, being unanimous that the compulsory removal of non deteriorated MCA is a less efficient option than other practices, such as encapsulation with periodic monitoring. There was only found significant risk of lung cancer in individuals exposed to naturally occurring asbestos, suggesting that this disease requires a higher cumulative dose than pleural mesothelioma to develop. An implementation of a comprehensive prevention plan that includes the rational removal of MCA, the total abandonment of its production and the clinical follow-up of the exposed people (including in non-occupational settings) should be done by all nations. Otherwise, they will face the lethality of diseases such as pleural mesothelioma and lung cancer in a future not so far.2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10316/30517http://hdl.handle.net/10316/30517TID:201631245porBelo, Micael de Sousa Patrícioinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-01-20T17:48:44Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/30517Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:44:21.124463Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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