A Ruína do Cinema Paris: (in)visibilidade de um lugar que ainda existe
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/40688 |
Resumo: | Esta investigação teve como questão de partida saber qual a atenção e emoções que a ruína do Cinema Paris, em Campo de Ourique, desperta nas pessoas que por ela passam. A investigação baseou-se em pesquisa de arquivo e numa abordagem eminentemente qualitativa, com entrevistas a antigos frequentadores do cinema e a outras pessoas com ligação ao mesmo, bem como métodos quanti-qualitati-vos, como a recolha sistemática de imagens ao longo de uma semana e posterior contagem de transeuntes com uma análise ao seu comportamento durante o percurso. Este cinema funcionou na Rua Ferreira Borges entre 1931 e a primeira metade da década de 1980. O arruinamento deste edifício foi o resultado da ob-solescência de um modelo de cinema em face da transformação nos modos de consumo audiovisual. Durante o abandono, o edifício veio a ser invadido por hu-manos e não-humanos que aceleraram o seu processo de degradação. Neste período, o mau estado do edifício atraía a atenção de quem passava na rua, havendo relatos de que bastantes turistas paravam a fotografá-lo. A ruína não aparenta ter uma forte capacidade afetiva e tornou-se quase invisível na rua, o que se concluiu após registar que os transeuntes parecem ser-lhe indiferentes quando por ela passam. Em contraste com esta invisibilidade da ruína material, existe uma visibilidade no espaço virtual, à qual estão associadas a memória e as emoções das pessoas cuja biografia se cruzou com a do cinema. Estas pessoas têm vindo a utilizar a internet para contar a história do cinema e algumas também criticam a degradação que se tem vindo a registar. O contacto com pessoas que frequentaram o cinema revelou que é graças às suas memórias e emoções que estas ainda valorizam esta ruína, dando-lhe um significado que as novas gerações já não deverão dar por falta de ligação com o espaço. Assim, concluiu-se que a mera presença da ruína não é suficiente para que a memória do mesmo fique viva porque é necessária uma comunidade que a consiga interpretar. |
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