Televisão e crenças sobre a realidade social

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moreira,Maria Paula
Data de Publicação: 2009
Outros Autores: Monteiro,Maria Benedicta
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-20492009000100002
Resumo: Este estudo teve como objectivo principal verificar a existência e a natureza da relação prevista entre a exposição à televisão e a percepção de determinados aspectos da realidade social, tais como medo de vitimação, desconfiança em relação aos outros e o locus de controlo, tal como foi teorizado por Gerbner e colaboradores na teoria de Cultivação de Crenças, enquanto efeito indirecto da exposição elevada à televisão. Foram inquiridos 226 jovens residentes na cidade de Lisboa, entre os 15 e 18 anos, tendo sido efectuadas ANOVAS sobre os valores obtidos nos três factores de percepção da realidade social encontrados, de modo a averiguar a existência de diferenças nas crenças dos jovens espectadores portugueses quanto ao modo como vêem o mundo à sua volta, no que respeita a sentimentos de medo, insegurança e desconfiança em relação aos outros, em função da exposição à televisão (tempo e conteúdos violentos) e das características sócio-demográficas dos participantes. Os resultados indicaram que, nesta amostra portuguesa, existe uma relação entre a exposição à televisão e algumas crenças sobre a realidade social, se bem que não tão linearmente como propuseram Gerbner e colaboradores ao lançarem as bases da Teoria de Cultivação de Crenças. No que respeita ao factor Medo Pessoal-Controlo Externo, a alta exposição à televisão tem efeitos contrários consoante o género dos telespectadores: Com o aumento do consumo televisivo para além de 3 horas diárias, só as raparigas acentuam a crença na possibilidade de serem vítimas, apelando mais à segurança através da intervenção das autoridades, enquanto que os rapazes muito assíduos não se percepcionam como prováveis vítimas de violência, aumentando mesmo a percepção de que podem eles próprios controlar essas situações. Não só o tempo de exposição total à televisão, mas também o tipo de programação preferido e visionado, estão igualmente associados às crenças que os jovens partilham: Os que assistem a mais programas violentos manifestam maior medo social, associado à percepção da capacidade individual para assegurar a autodefesa. Uma análise de regressão múltipla mostrou ainda que os três factores de crenças dos adolescentes sobre a realidade social que os rodeia tiveram como principal preditor o tempo de exposição à televisão.
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