Os efeitos das relações no trabalho no bem-estar afetivo, engagement e burnout dos terapeutas ocupacionais

• Autor(a) principal: Morais, Rita Alexandra Amendoeira
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/9597
• topic: Engagement; Burnout

O burnout consiste num estado de exaustão e distanciamento em relação ao trabalho. Inversamente, o engagement compreende elevados níveis de energia e dedicação no trabalho. O engagement e o burnout constituem preditores importantes de resultados no trabalho, como inovação e desempenho. É importante estudar os antecedentes de burnout e de engagement para compreender como as organizações podem promover o bem-estar no trabalho. As emoções foram recentemente apontadas como potenciais mediadoras desta relação entre antecedentes organizacionais e bem-estar dos colaboradores. As relações com o líder e com os colegas de trabalho são apontadas como um dos antecedentes mais importantes de emoção no trabalho, assim como, de engagement e burnout. O presente estudo, do tipo quantitativo e transversal, pretende analisar os efeitos das relações com o líder (LMX) e com a equipa (TMX) no engagement e no burnout, considerando-se que estas relações são mediadas pelo afeto no trabalho: as relações interpessoais têm um efeito inibidor sobre emoções negativas de baixa ativação, precursoras do burnout, ao mesmo tempo que promovem emoções positivas de alta ativação, antecedentes do engagement. Para avaliar este modelo conceptual, recorreu-se a uma amostra de 401 terapeutas ocupacionais a exercer em Portugal. A recolha de dados foi realizada recorrendo a um questionário on-line divulgado eletronicamente através de: correio eletrónico de sócios da Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais (APTO); lista de correio eletrónico de terapeutas ocupacionais portugueses; grupos fechados de terapia ocupacional no Facebook. Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram um questionário sociodemográfico e a adaptação das escalas de LMX-7, TMX, IWP Multi-Affect Indicator, UWES e OLBI. Para avaliar a predição do modelo e a mediação das emoções foi utilizado um modelo de equações estruturais pelo método dos mínimos quadrados parciais (PLS-SEM). Os resultados suportaram parcialmente o modelo de mediação proposto: (1) o afeto positivo medeia totalmente o efeito de LMX e maioritariamente o efeito de TMX sobre o engagement; e (2) o afeto negativo medeia totalmente o efeito de TMX e maioritariamente o efeito de LMX sobre o burnout. As relações mais fortes do modelo são entre afeto positivo e engagement e entre afeto negativo e burnout. Os resultados confirmam que tanto LMX como TMX têm efeitos positivos sobre o afeto positivo e efeitos negativos sobre o afeto negativo. A LMX teve maior influência no afeto e no burnout. Como implicações teóricas, estes resultados vêm reforçar a evidência empírica sobre o papel mediador do afeto no processo motivacional, que resulta em engagement, e no processo de deterioração da saúde, que resulta em burnout, no que diz respeito aos antecedentes LMX e TMX. A emoção revelou ser o “motor” do bem-estar no trabalho, sendo o afeto positivo forte preditor de engagement e o afeto negativo de burnout. Em termos práticos, este estudo aponta para a importância de as organizações promoverem relações de qualidade elevada entre colaboradores e líderes, mas também entre colegas de trabalho. Revela-se imperativo as organizações fomentarem emoções positivas no trabalho e prevenirem emoções negativas.