Ataxia de Friedreich: perspectivas de tratamento
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.6/1023 |
Resumo: | A ataxia de Friedreich é uma doença autossómica recessiva descrita pela primeira vez por Nikolaus Friedreich em 1863 [1]. Afecta aproximadamente um em cada 50 000 caucasianos. Manifesta-se no início da segunda década de vida, habitualmente com a ataxia da marcha. As mãos são afectadas meses ou anos após o envolvimento das pernas, seguindo-se a afecção do discurso. Outras características relevantes são: fraqueza muscular, cifoescoliose, miocardiopatia e diabetes [2]. Esta doença é causada por uma mutação no cromossoma 9, que resulta numa hiperexpansão do tripleto GAA no primeiro intrão do gene X25. A consequência é o silenciamento do gene e um défice da proteína frataxina, uma proteína mitocondrial envolvida em diferentes mecanismos responsáveis pelo metabolismo do ferro, cujo défice provoca stress oxidativo [3, 4]. Várias medidas farmacológicas e não farmacológicas com o objectivo de travar a evolução, ou até mesmo curar a doença, foram testadas. Como tal, os objectivos deste estudo são: realizar uma revisão do estado da arte acerca da ataxia de Friedreich, nomeadamente da sua etiologia, epidemiologia, fisiopatologia, clínica e diagnóstico; sistematizar as possibilidades de tratamento já investigadas e acompanhar os ensaios clínicos mais recentes, examinando os seus resultados na progressão da doença. A pesquisa bibliográfica foi realizada através das bases de dados: PubMed, e-medicine e o motor de busca Google Académico. Foram ainda consultados vários livros de referência. Esta pesquisa foi feita fundamentalmente em português e inglês. No final do trabalho, será incluída uma descrição de um caso clínico de ataxia de Friedreich. Após uma investigação extensa e detalhada foi possível concluir que existem várias terapêuticas em estudo, quer com o objectivo de travar a evolução da doença, quer com intenção curativa, mas, até ao momento, nenhuma se mostrou suficientemente eficaz. Estas incluem, entre outras, agentes antioxidantes e agentes que aumentam a expressão genética da frataxina. Os melhores resultados obtidos em doentes foram com a idebenona, um antioxidante com efeito principalmente ao nível da cardiomiopatia e com os quelantes do ferro, cujos resultados foram positivos a nível neurológico. É possível aumentar os níveis de frataxina através de agentes estimulantes da eritropoiese, contudo sem melhorias clínicas. Actualmente, o efeito da terapia genética com restauração completa dos níveis de frataxina em culturas de células de doentes com ataxia de Friedreich tem sido estudado. Este tipo de terapêutica está a tornar-se a grande esperança para a cura desta doença. |
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Ataxia de Friedreich: perspectivas de tratamentoAtaxia de FriedreichAtaxia de Friedreich - EtiologiaAtaxia de Friedreich - DiagnósticoAtaxia de Friedreich - PrognósticoAtaxia de Friedreich - TratamentoA ataxia de Friedreich é uma doença autossómica recessiva descrita pela primeira vez por Nikolaus Friedreich em 1863 [1]. Afecta aproximadamente um em cada 50 000 caucasianos. Manifesta-se no início da segunda década de vida, habitualmente com a ataxia da marcha. As mãos são afectadas meses ou anos após o envolvimento das pernas, seguindo-se a afecção do discurso. Outras características relevantes são: fraqueza muscular, cifoescoliose, miocardiopatia e diabetes [2]. Esta doença é causada por uma mutação no cromossoma 9, que resulta numa hiperexpansão do tripleto GAA no primeiro intrão do gene X25. A consequência é o silenciamento do gene e um défice da proteína frataxina, uma proteína mitocondrial envolvida em diferentes mecanismos responsáveis pelo metabolismo do ferro, cujo défice provoca stress oxidativo [3, 4]. Várias medidas farmacológicas e não farmacológicas com o objectivo de travar a evolução, ou até mesmo curar a doença, foram testadas. Como tal, os objectivos deste estudo são: realizar uma revisão do estado da arte acerca da ataxia de Friedreich, nomeadamente da sua etiologia, epidemiologia, fisiopatologia, clínica e diagnóstico; sistematizar as possibilidades de tratamento já investigadas e acompanhar os ensaios clínicos mais recentes, examinando os seus resultados na progressão da doença. A pesquisa bibliográfica foi realizada através das bases de dados: PubMed, e-medicine e o motor de busca Google Académico. Foram ainda consultados vários livros de referência. Esta pesquisa foi feita fundamentalmente em português e inglês. No final do trabalho, será incluída uma descrição de um caso clínico de ataxia de Friedreich. Após uma investigação extensa e detalhada foi possível concluir que existem várias terapêuticas em estudo, quer com o objectivo de travar a evolução da doença, quer com intenção curativa, mas, até ao momento, nenhuma se mostrou suficientemente eficaz. Estas incluem, entre outras, agentes antioxidantes e agentes que aumentam a expressão genética da frataxina. Os melhores resultados obtidos em doentes foram com a idebenona, um antioxidante com efeito principalmente ao nível da cardiomiopatia e com os quelantes do ferro, cujos resultados foram positivos a nível neurológico. É possível aumentar os níveis de frataxina através de agentes estimulantes da eritropoiese, contudo sem melhorias clínicas. Actualmente, o efeito da terapia genética com restauração completa dos níveis de frataxina em culturas de células de doentes com ataxia de Friedreich tem sido estudado. Este tipo de terapêutica está a tornar-se a grande esperança para a cura desta doença.Friedreich’s ataxia is an autossomal recessive disease first described in 1863 by Nikolaus Friedreich [1]. It affects approximately one in every 50,000 Caucasians. It manifests early, normally during the second decade of life, usually with gait ataxia. Hands are affected months or years after the involvement of the legs, followed by the involvement of speech. Other characteristics are: muscle weakness, kyphoscoliosis, cardiomyopathy and diabetes [2]. This disease is caused by a mutation on chromosome 9, resulting in hyperexpansion of the GAA triplet in the first intron of X25 gene. The consequence is the gene silencing and the deficit of frataxin, a mitochondrial protein involved in different mechanisms responsible for the metabolism of iron, and whose deficit leads to oxidative stress [3, 4]. Several pharmacological and nonpharmacological methods to stop the progression, or even cure the disease have already been tested. Having this context under mind, the aims of this study are to make a bibliographic review about Friedreich’s ataxia, including its aetiology, epidemiology, physiopathology and diagnosis; to summarize the treatment possibilities that have been investigated; and to follow the latest clinical trials, examining their results in the progression of the disease. The data research was performed using the databases: PubMed, e-medicine and the Scholar Google web search engine. Several books were also consulted as listed in the bibliographical references. This research was primarily in English and Portuguese. In the end of this work, a description of a case report for Friedreich's ataxia is included. After an extensive and detailed research it was concluded that there are various therapies under study, either with the aim of stopping the progression of the disease, or with a curative intention, but none has proven to be sufficiently effective. These include, amongst others, antioxidants and agents that increase frataxin gene expression. The best results obtained in patients were with idebenone, an antioxidant drug with effects mainly on cardiomyopathy and with iron chelators, whose results were positive in the neurological function. It is possible to increase frataxin levels by erythropoiesis stimulating agents, but so far there are no clinical results. In the present, the effect of gene therapy with complete restoration of frataxin levels in cell cultures of patients with Friedreich’s ataxia has been studied. This kind of therapy is becoming a great hope for curing this disease.Universidade da Beira InteriorÁlvarez Pérez, Francisco JoséuBibliorumRocha, Martina2013-03-07T12:44:52Z2011-052011-05-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/1023porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:36:28Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/1023Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:42:58.178321Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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