Perceção da entoação do chinês mandarim L2 por falantes de português europeu
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/47203 |
Resumo: | O presente trabalho tem como objetivo estudar a perceção da entoação do chinês mandarim (CM) por falantes de português europeu (PE) que adquirem CM como língua segunda (L2). De acordo com Gussenhoven (2004), o PE é uma língua entoacional, em que a entoação veicula significados ao nível frásico, e o CM é uma língua tonal em que o tom determina significados ao nível lexical e a entoação transmite significados ao nível frásico. A distinção dos tipos frásicos no CM parece mais complicada do que no PE. O nosso trabalho visa (i) investigar se os falantes de PE que adquirem CM como L2 conseguem ou não identificar os dois tipos frásicos - declarativa e interrogativa sim-não sem partícula - no CM, (ii) verificar qual ou quais as pistas que eles usam para a sua identificação e (iii) observar se existem efeitos de influência de língua materna (L1) na aquisição da entoação da língua não materna. Para atingir estes objetivos, foi realizada uma tarefa de identificação baseada na metodologia do estudo de Xu & Mok (2012), que permite investigar tanto o efeito do tom alto de fronteira quanto o efeito do tom lexical da última sílaba do enunciado na perceção da entoação, sem interferências da construção sintática ou do significado dos enunciados. A tarefa foi aplicada a um grupo de controlo constituído por 16 falantes adultos de CM L1 e a um grupo experimental constituído por 16 falantes adultos de PE L1 que adquirem CM como L2. Os resultados mostram que (i) os falantes de PE L1 que adquirem CM como L2 conseguem identificar a entoação declarativa do CM, mas têm dificuldade na identificação da entoação interrogativa; (ii) a pista localizada na última sílaba do enunciado afeta sobretudo a identificação da interrogativa sim-não do CM, tanto para os falantes de CM L1 quanto para os falantes de CM L2, no entanto, este último grupo mostrou-se menos sensível à ausência da sílaba final, possivelmente por reinterpretar a última sílaba que ouve como a sílaba final, mesmo quando o enunciado foi cortado, contrariamente aos falantes de CM L1, que são mais sensíveis a pistas entoacionais de ordem global; (iii) existe um efeito de assimetria entre Tom1 e outros tons na identificação da declarativa para os falantes de CM L2, que apresentam mais dificuldade no caso de Tom1 final (mas não para os falantes de CM L1); existe um efeito de assimetria entre Tom2 e Tom4 na identificação da interrogativa para os falantes de CM L1 (mas não para os falantes de CM L2), isto é, o Tom4 final facilita a identificação da interrogativa, mas não o Tom2 final; (iv) existem efeitos de influência de L1 (o PE) na aquisição da entoação de L2 (o CM). |
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Perceção da entoação do chinês mandarim L2 por falantes de português europeuLíngua chinesa - Estudo e ensino - Falantes do portuguêsLíngua chinesa - Entoação (Linguística)Língua portuguesa - Entoação (Linguística)Entoação (Linguística)Percepção de falaTese de mestrado - 2021Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e LiteraturasO presente trabalho tem como objetivo estudar a perceção da entoação do chinês mandarim (CM) por falantes de português europeu (PE) que adquirem CM como língua segunda (L2). De acordo com Gussenhoven (2004), o PE é uma língua entoacional, em que a entoação veicula significados ao nível frásico, e o CM é uma língua tonal em que o tom determina significados ao nível lexical e a entoação transmite significados ao nível frásico. A distinção dos tipos frásicos no CM parece mais complicada do que no PE. O nosso trabalho visa (i) investigar se os falantes de PE que adquirem CM como L2 conseguem ou não identificar os dois tipos frásicos - declarativa e interrogativa sim-não sem partícula - no CM, (ii) verificar qual ou quais as pistas que eles usam para a sua identificação e (iii) observar se existem efeitos de influência de língua materna (L1) na aquisição da entoação da língua não materna. Para atingir estes objetivos, foi realizada uma tarefa de identificação baseada na metodologia do estudo de Xu & Mok (2012), que permite investigar tanto o efeito do tom alto de fronteira quanto o efeito do tom lexical da última sílaba do enunciado na perceção da entoação, sem interferências da construção sintática ou do significado dos enunciados. A tarefa foi aplicada a um grupo de controlo constituído por 16 falantes adultos de CM L1 e a um grupo experimental constituído por 16 falantes adultos de PE L1 que adquirem CM como L2. Os resultados mostram que (i) os falantes de PE L1 que adquirem CM como L2 conseguem identificar a entoação declarativa do CM, mas têm dificuldade na identificação da entoação interrogativa; (ii) a pista localizada na última sílaba do enunciado afeta sobretudo a identificação da interrogativa sim-não do CM, tanto para os falantes de CM L1 quanto para os falantes de CM L2, no entanto, este último grupo mostrou-se menos sensível à ausência da sílaba final, possivelmente por reinterpretar a última sílaba que ouve como a sílaba final, mesmo quando o enunciado foi cortado, contrariamente aos falantes de CM L1, que são mais sensíveis a pistas entoacionais de ordem global; (iii) existe um efeito de assimetria entre Tom1 e outros tons na identificação da declarativa para os falantes de CM L2, que apresentam mais dificuldade no caso de Tom1 final (mas não para os falantes de CM L1); existe um efeito de assimetria entre Tom2 e Tom4 na identificação da interrogativa para os falantes de CM L1 (mas não para os falantes de CM L2), isto é, o Tom4 final facilita a identificação da interrogativa, mas não o Tom2 final; (iv) existem efeitos de influência de L1 (o PE) na aquisição da entoação de L2 (o CM).This study aims to investigate the perception of Mandarin Chinese (MC) intonation by European Portuguese (EP) speakers who are acquiring MC as a second language (L2). According to Gussenhoven (2004), EP is an intonation language, and thus intonation conveys meanings at the sentence level, whereas MC is a tonal language in which the tone determines meanings at the lexical level and the intonation expresses meanings at the sentence level. The distinction between sentence types in MC seems more complicated than in EP. Our work aims to (i) investigate whether EP speakers who are acquiring MC as L2 are able to identify the two sentence types - statement and yes-no question without particle - in CM, (ii) verify which cues they use for the identification of these sentence types and (iii) observe if the native language (L1) influences the acquisition of foreign language intonation. To address these objectives, we used an identification task based on the methodology of the study by Xu & Mok (2012), which allows investigating both the effect in intonation perception of the high boundary tone and the effect of the lexical tone of the last syllable of the utterance, without interference from the syntactic structure or the sentence meaning. The task was applied to a control group of 16 adult MC L1 speakers and an experimental group of 16 adult L2 learners of MC whose L1 is EP. The results show that: (i) the EP L1 speakers who are acquiring MC as L2 are able to identify the statement intonation of MC, but they have difficulty in identifying the yes-no question intonation; (ii) the cue located in the last syllable of the sentence affects mainly the yes-no question identification, both for MC L1 speakers and MC L2 speakers, however, the latter were less sensitive to the absence of the final syllable, possibly due to reinterpretation the last syllable they hear as the final syllable, even when the utterance has been cut, unlike MC L1 speakers, who were more sensitive to intonation cues of a global nature; (iii) there is an asymmetry effect between Tone1 and other tones in the statement identification for MC L2 speakers, who have more difficulty in the case of final Tone1 (but not for MC L1 speakers); there is an asymmetry effect between Tone2 and Tone4 in the yes-no question identification for MC L1 speakers (but not for MC L2 speakers), i.e., the final Tone4 facilitates the question identification, but not the final Tone2; (iv) the acquisition of L2 intonation (MC) is influenced by the experience with L1 (EP).Frota, SóniaRepositório da Universidade de LisboaGuo, Jiajie2021-04-01T14:49:07Z2021-03-182020-12-312021-03-18T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/47203TID:202688780porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:49:57Zoai:repositorio.ul.pt:10451/47203Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:59:17.390996Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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O presente trabalho tem como objetivo estudar a perceção da entoação do chinês mandarim (CM) por falantes de português europeu (PE) que adquirem CM como língua segunda (L2). De acordo com Gussenhoven (2004), o PE é uma língua entoacional, em que a entoação veicula significados ao nível frásico, e o CM é uma língua tonal em que o tom determina significados ao nível lexical e a entoação transmite significados ao nível frásico. A distinção dos tipos frásicos no CM parece mais complicada do que no PE. O nosso trabalho visa (i) investigar se os falantes de PE que adquirem CM como L2 conseguem ou não identificar os dois tipos frásicos - declarativa e interrogativa sim-não sem partícula - no CM, (ii) verificar qual ou quais as pistas que eles usam para a sua identificação e (iii) observar se existem efeitos de influência de língua materna (L1) na aquisição da entoação da língua não materna. Para atingir estes objetivos, foi realizada uma tarefa de identificação baseada na metodologia do estudo de Xu & Mok (2012), que permite investigar tanto o efeito do tom alto de fronteira quanto o efeito do tom lexical da última sílaba do enunciado na perceção da entoação, sem interferências da construção sintática ou do significado dos enunciados. A tarefa foi aplicada a um grupo de controlo constituído por 16 falantes adultos de CM L1 e a um grupo experimental constituído por 16 falantes adultos de PE L1 que adquirem CM como L2. Os resultados mostram que (i) os falantes de PE L1 que adquirem CM como L2 conseguem identificar a entoação declarativa do CM, mas têm dificuldade na identificação da entoação interrogativa; (ii) a pista localizada na última sílaba do enunciado afeta sobretudo a identificação da interrogativa sim-não do CM, tanto para os falantes de CM L1 quanto para os falantes de CM L2, no entanto, este último grupo mostrou-se menos sensível à ausência da sílaba final, possivelmente por reinterpretar a última sílaba que ouve como a sílaba final, mesmo quando o enunciado foi cortado, contrariamente aos falantes de CM L1, que são mais sensíveis a pistas entoacionais de ordem global; (iii) existe um efeito de assimetria entre Tom1 e outros tons na identificação da declarativa para os falantes de CM L2, que apresentam mais dificuldade no caso de Tom1 final (mas não para os falantes de CM L1); existe um efeito de assimetria entre Tom2 e Tom4 na identificação da interrogativa para os falantes de CM L1 (mas não para os falantes de CM L2), isto é, o Tom4 final facilita a identificação da interrogativa, mas não o Tom2 final; (iv) existem efeitos de influência de L1 (o PE) na aquisição da entoação de L2 (o CM). |
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