Contributo para o estudo da aquisição das consoantes líquidas do português europeu por aprendentes chineses

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Zhou, Chao
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/29938
Resumo: Vários estudos sobre aquisição da língua segunda mostram a dificuldade dos falantes não nativos nas consoantes líquidas (e.g. Bradlow 2008, Bradlow et al. 1999, Brown 1998). Embora haja referências à dificuldade dos aprendentes chineses na produção de líquidas do Português Europeu (PE) (Batalha 1995, Espadinha & Silva 2009, Martins 2008, Nunes 2015, Oliveira 2016), tanto quanto sabemos, ainda não foi desenvolvida uma investigação em que se utilize um instrumento linguístico para avaliar sistematicamente a aquisição das consoantes desta natureza. Este trabalho examina a produção das líquidas do PE por 14 falantes chineses, entre os 19 e os 21 anos, com dois anos de aprendizagem de Português como língua estrangeira (PLE) na China e 3 meses de imersão em Lisboa, com participação em aulas de PLE do nível B1. Todos têm o mandarim como única língua materna. Foi efetuada uma recolha de dados através da aplicação de teste de nomeação, com palavras-alvo dissilábicas ou trissilábicas, com as líquidas em sílaba tónica e nas várias posições possíveis ao nível da sílaba e da palavra. Os dados, discutidos à luz da relação entre nível segmental e níveis prosódicos (Nespor & Vogel 2007), demonstram que, na interfonologia destes aprendentes: o /l/ está estabilizado em Ataque, devido à transferência positiva da L1, mas ainda não se encontra adquirido em Coda, o que pode ser atribuído à influência do CM ou a princípios linguísticos universais; o /ʎ/ encontra-se em aquisição, influenciado pela estrutura silábica do CM; o /ɾ/ não está adquirido em Ataque não ramificado e ainda se encontra em aquisição em Ataque ramificado, devido à não ativação fonológica do traço [lateral] na L1, ao mesmo tempo que se encontra adquirido em Coda, promovido pela pista robusta do input (o desvozeamento da líquida); o /ʀ/ está adquirido e na sua produção encontram-se simultaneamente transferência positiva (o uso de [x]) e negativa da L1(o uso de [h]). Conclui-se, pois, que o desempenho dos falantes avaliados na produção não nativa é condicionado, de diferentes formas, pelo conhecimento linguístico prévio, pelo input e, possivelmente, por princípios linguísticos universais.
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Este trabalho examina a produção das líquidas do PE por 14 falantes chineses, entre os 19 e os 21 anos, com dois anos de aprendizagem de Português como língua estrangeira (PLE) na China e 3 meses de imersão em Lisboa, com participação em aulas de PLE do nível B1. Todos têm o mandarim como única língua materna. Foi efetuada uma recolha de dados através da aplicação de teste de nomeação, com palavras-alvo dissilábicas ou trissilábicas, com as líquidas em sílaba tónica e nas várias posições possíveis ao nível da sílaba e da palavra. Os dados, discutidos à luz da relação entre nível segmental e níveis prosódicos (Nespor & Vogel 2007), demonstram que, na interfonologia destes aprendentes: o /l/ está estabilizado em Ataque, devido à transferência positiva da L1, mas ainda não se encontra adquirido em Coda, o que pode ser atribuído à influência do CM ou a princípios linguísticos universais; o /ʎ/ encontra-se em aquisição, influenciado pela estrutura silábica do CM; o /ɾ/ não está adquirido em Ataque não ramificado e ainda se encontra em aquisição em Ataque ramificado, devido à não ativação fonológica do traço [lateral] na L1, ao mesmo tempo que se encontra adquirido em Coda, promovido pela pista robusta do input (o desvozeamento da líquida); o /ʀ/ está adquirido e na sua produção encontram-se simultaneamente transferência positiva (o uso de [x]) e negativa da L1(o uso de [h]). Conclui-se, pois, que o desempenho dos falantes avaliados na produção não nativa é condicionado, de diferentes formas, pelo conhecimento linguístico prévio, pelo input e, possivelmente, por princípios linguísticos universais.Various studies on second language acquisition (SLA) have demonstrated problems acquiring liquid consonants by non-native speakers (e.x. Bradlow 2008, Bradlow et al., 1999, Brown 1998). Despite the references showing how Chinese learners struggle with the production of liquid consonants in European Portuguese (EP) (Batalha 1995, Espadinha & Silva 2009, Martins 2008, Nunes 2015, Oliveira 2016, Silva 2009), as far as we know, no previous work has systematically described the acquisition of liquids using a formal linguistic approach. This paper examines the production of EP liquids by fourteen B1 level Native Chinese Mandarin (CM) speakers aged 19 to 21, with two-year of experience in formal Portuguese language learning in China and three-month of immersion in Lisbon, Portugal. The data was collected through a picture naming test composed of disyllabic and trisyllabic target words in which the liquids emerge in stressed position, at various syllable constituents and word positions. The results, discussed in the light of the relationship between segmental and prosodic levels (Nespor & Vogel 2007), show that, in the interphonology of these learners: /l/ is stable in Onset due to the positive transfer from CM, but not yet acquired in Coda, which might be attributed to the influence of CM, or to linguistic universals; /ʎ/ is still at the initial state of the acquisition process, at it seems to be influenced by the phonological system of CM; /ɾ/ is not acquired in simple Onset and it is still in acquisition in complex Onset; this might be due to the fact that the feature [lateral] is not yet active phonologically. Driven by devoicing of the liquid, a salient cue in the input, the participants of study show the acquisition of /ɾ/ in Coda. /ʀ/ is already acquired, and both positive (use of [x]) and negative (use of [h]) native language transfers are attested. Non-native production seems to be conditioned, in different ways, by previous linguistic knowledge, input information and linguistic universals.Freitas, Maria JoãoCastelo, AdelinaRepositório da Universidade de LisboaZhou, Chao2017-12-07T16:32:26Z2017-06-2720172017-06-27T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/29938TID:201742438porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:22:29Zoai:repositorio.ul.pt:10451/29938Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:45:45.844735Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Zhou, Chao
Língua portuguesa - Estudo e ensino - Falantes do chinês
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