Agentes químicos ototóxicos (para além dos solventes)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Mónica
Data de Publicação: 2020
Outros Autores: Almeida, Armando, Lopes, Catarina, Oliveira, Tiago
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.14/31952
Resumo: Introdução/ enquadramento/ objetivos Classicamente em Saúde Ocupacional associa-se a Hipoacusia à exposição a ruido; contudo, existem vários agentes químicos com essa capacidade. Entre estes, a classe mais frequentemente associada é a dos solventes, ainda que nem sempre com evidência científica irrefutável para alguns casos. Dentro de outras classes de agentes químicos os dados são ainda mais escassos e menos robustos. Pretendeu-se com esta revisão resumir o que de mais recente e pertinente se publicou relativamente a agentes ototóxicos (para além dos solventes). Metodologia Trata-se de uma Revisão iniciada através de uma pesquisa realizada em setembro de 2019 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina, Academic Search Ultimate, Science Direct, Web of Science, SCOPUS e RCAAP”. Conteúdo As classes mais referidas nesse sentido são os solventes (existindo já um artigo publicado nesta revista relacionado com o risco de hipoacusia causada por diversos solventes), metais pesados, agentes asfixiantes e pesticidas. Está também descrito que alguns antibióticos, fármacos anticancerígenos e diuréticos podem ser ototóxicos diretamente. Por sua vez, o cianeto de hidrogénio e o monóxido de carbono podem apresentar efeito sinérgico com o ruído, aliás tal como alguns metais pesados, agentes asfixiantes e pesticidas. Contudo, em contextos onde existe ruído e agentes químicos ototóxicos, fica difícil perceber o contributo de cada, para além de que pode ocorrer sinergismo. Para além disso, a situação parece estar mais clara em animais; em humanos alguns investigadores assumem que são necessários mais estudos e os níveis a partir dos quais surge lesão não são conhecidos com clareza. Para concentrações mais elevadas a hipoacusia parece evidente mas, para quantidades menores, os dados não são consensuais, por vezes. Também não há consenso quanto à dose mais baixa que terá capacidade de induzir o dano. Para além disso, na maioria das situações ocupacionais a exposição inclui vários agentes químicos e não um só isolado. O metabolismo dos animais não é equivalente ao humano, pelo que as generalizações dos resultados deverão ser feitas com reservas. A nível laboral, existem menos normas para os agentes químicos, versus ruído, em contexto de perda de audição. Acredita-se que a ototoxicidade global se possa relacionar com o stress oxidativo; não só devido à formação de espécies reativas de oxigénio, como pela atenuação dos mecanismos de defesa antioxidante. Discussão, Limitações e Conclusões A generalidade dos estudos publicados sobre este tema não é muito robusta, para além de que têm condições heterogéneas entre si; dai que as conclusões destes estudos não se possam generalizar diretamente para a população de trabalhadores expostos a agentes ototóxicos. Ainda assim, entre estes últimos, existem alguns que parecem associar-se de forma mais clara à hipoacusia. Sempre que a associação estiver comprovada e/ ou for suspeita, a equipa de Saúde Ocupacional deverá providenciar medidas que minorem a exposição, de forma a proporcionar o ambiente laboral mais seguro e saudável possível. Seria relevante conhecer mais sobre a realidade nacional e ver publicados dados de profissionais a exercer em empresas com estes agentes, comparando o efeito de diferentes concentrações/ produtos e/ ou exposição simultânea a ruído (eventualmente a diferentes intensidades), consoante o processo produtivo já existente permitisse.
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Metodologia Trata-se de uma Revisão iniciada através de uma pesquisa realizada em setembro de 2019 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina, Academic Search Ultimate, Science Direct, Web of Science, SCOPUS e RCAAP”. Conteúdo As classes mais referidas nesse sentido são os solventes (existindo já um artigo publicado nesta revista relacionado com o risco de hipoacusia causada por diversos solventes), metais pesados, agentes asfixiantes e pesticidas. Está também descrito que alguns antibióticos, fármacos anticancerígenos e diuréticos podem ser ototóxicos diretamente. Por sua vez, o cianeto de hidrogénio e o monóxido de carbono podem apresentar efeito sinérgico com o ruído, aliás tal como alguns metais pesados, agentes asfixiantes e pesticidas. Contudo, em contextos onde existe ruído e agentes químicos ototóxicos, fica difícil perceber o contributo de cada, para além de que pode ocorrer sinergismo. Para além disso, a situação parece estar mais clara em animais; em humanos alguns investigadores assumem que são necessários mais estudos e os níveis a partir dos quais surge lesão não são conhecidos com clareza. Para concentrações mais elevadas a hipoacusia parece evidente mas, para quantidades menores, os dados não são consensuais, por vezes. Também não há consenso quanto à dose mais baixa que terá capacidade de induzir o dano. Para além disso, na maioria das situações ocupacionais a exposição inclui vários agentes químicos e não um só isolado. O metabolismo dos animais não é equivalente ao humano, pelo que as generalizações dos resultados deverão ser feitas com reservas. A nível laboral, existem menos normas para os agentes químicos, versus ruído, em contexto de perda de audição. Acredita-se que a ototoxicidade global se possa relacionar com o stress oxidativo; não só devido à formação de espécies reativas de oxigénio, como pela atenuação dos mecanismos de defesa antioxidante. Discussão, Limitações e Conclusões A generalidade dos estudos publicados sobre este tema não é muito robusta, para além de que têm condições heterogéneas entre si; dai que as conclusões destes estudos não se possam generalizar diretamente para a população de trabalhadores expostos a agentes ototóxicos. Ainda assim, entre estes últimos, existem alguns que parecem associar-se de forma mais clara à hipoacusia. Sempre que a associação estiver comprovada e/ ou for suspeita, a equipa de Saúde Ocupacional deverá providenciar medidas que minorem a exposição, de forma a proporcionar o ambiente laboral mais seguro e saudável possível. Seria relevante conhecer mais sobre a realidade nacional e ver publicados dados de profissionais a exercer em empresas com estes agentes, comparando o efeito de diferentes concentrações/ produtos e/ ou exposição simultânea a ruído (eventualmente a diferentes intensidades), consoante o processo produtivo já existente permitisse.Introduction / framework / objectives Classically in Occupational Health Hypoacusis is associated to noise exposure; however, there are several chemical agents with this capability. Among these, the most frequently associated are solvents, although not always with irrefutable scientific evidence for some cases. Within other classes of chemical agents the data is even scarcer and less robust. The aim of this review was to summarize the most recent and pertinent publications on ototoxic agents (other than solvents). Methodology This is an Integrative Bibliographic Review, initiated at September 2019 on the databases “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: Comprehensive, MedicLatina, Academic Search Ultimate, Science Direct, Web of Science, SCOPUS and RCAAP”. Content The most commonly mentioned classes are solvents (there is already an article published in this journal related to the risk of hypoacusis), heavy metals, asphyxiants and pesticides. It is also described that some antibiotics, anticancer drugs and diuretics may be ototoxic directly. In turn, hydrogen cyanide and carbon monoxide can have a synergistic effect with noise, as well as some heavy metals, asphyxiants and pesticides. However, in contexts where there is noise and ototoxic chemical agents, it is difficult to understand the contribution of each, and synergism may occur. Moreover, the situation seems to be clearer in animals; In humans some researchers assume that further studies are needed and the levels at which injury arises are not known clearly. At higher concentrations, hypoacusis seems evident, but for smaller amounts, data are not always consensual. There is also no consensus on the lowest dose that will induce damage. In addition, in most occupational situations exposure includes several chemical agents and not one isolated. Animal is not equivalent to human metabolism, so generalizations of results should be made with reservations. At work level, there are fewer standards for chemical versus noise agents in the context of hearing loss. Global ototoxicity is believed to be related to oxidative stress; not only due to the formation of reactive oxygen species, but also through the attenuation of antioxidant defense mechanisms. Discussion, Limitations, and Conclusions Most of the published studies on this subject are not very robust, besides that they have heterogeneous conditions among themselves. Hence, the conclusions of these studies cannot be generalized directly to the population of workers exposed to ototoxic agents. Still, among the latter there are some that seem to associate more clearly with hearing loss. Whenever the association is proven and/ or suspected, the Occupational Health team should provide measures that mitigate exposure to provide the safest and healthiest working environment possible. It would be relevant to know more about the national reality and to have published data of professionals working in companies with these agents, comparing the effect of different concentrations/ products and/ or simultaneous exposure to noise (possibly at different intensities), depending on the existing production process.RPSOVeritati - Repositório Institucional da Universidade Católica PortuguesaSantos, MónicaAlmeida, ArmandoLopes, CatarinaOliveira, Tiago2021-02-08T11:54:37Z2020-02-232020-02-23T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.14/31952porSantos M, Almeida A, Lopes C, Oliveira T. (2020) Agentes Químicos Ototóxicos (para além dos Solventes). Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line. 2020, volume 9, S74-81. DOI: 10.31252/RPSO.23.02.20202183-845310.31252/RPSO.23.02.2020info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-12T17:37:27Zoai:repositorio.ucp.pt:10400.14/31952Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T18:25:46.372088Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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