Suscetibilidade aos inseticidas de Aedes (Stegomya) aegypti (Linnaeus, 1762), das ilhas de Maio e Santiago, Cabo Verde

• Autor(a) principal: MONTEIRO, Inilça Quintina dos Reis
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/65637
• topic: Parasitologia médica; Aedes aegypti; Mosquitos; Inseticidas; Resistência; Epidemiologia; Cabo Verde; Domínio/Área Científica::Ciências Agrárias

Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762), é uma espécie de mosquito de distribuição cosmotropical, e tem grande importância epidemiológica, visto que é principal vetor de algumas arboviroses nomeadamente dengue, Zika, chikungunya e febre-amarela. O arquipélago de Cabo Verde enfrentou epidemias de dengue e de Zika em 2009 e 2015, respetivamente. Medidas de controlo desse vetor têm sido implementadas usando Temephos como larvicida, e o piretróide deltametrina, como adulticida, em pulverizações intra-domiciliares. O objetivo do presente estudo foi avaliar os níveis de sensibilidade a inseticidas químicos em populações locais de Ae. aegypti das ilhas do Maio (concelho do Maio) e de Santiago (concelho da Praia e São Lourenço dos Órgãos), em Cabo Verde. Foram feitos bioensaios para determinação do status de suscetibilidade das populações, e adicionalmente, testes moleculares para deteção de mutações do tipo Knockdown (Kdr) no gene que codifica para o canal de sódio, o alvo destes inseticidas. Por fim, o efeito residual das pulverizações intra-domiciliares no concelho da Praia, ilha de Santiago também foi avaliado. De acordo com os bioensaios, a população de Ae. aegypti do concelho do Maio é resistente a deltametrina, mas sensível à permetrina, enquanto que a população do concelho de São Lourenço dos Órgãos mostrou-se sensível para os dois piretróides. A população de Ae. aegypti do concelho da Praia, a capital do país, mostrou-se sensível a todos os inseticidas, exceto ao DDT. Com relação às mutações Kdr, a mutação F1534C foi detetada em baixa frequência, em mosquitos colhidos nos três concelhos, mas em maior frequência nos exemplares provenientes da cidade da Praia e considerados resistentes ao DDT. A mutação V1016I só foi observada em mosquitos de São Lourenço dos Órgãos. A mutação V410L não foi encontrada em nenhuma das populações investigadas. A bioeficácia das pulverizações intra-domiciliares, avaliada de acordo com os critérios da OMS, foi considerada baixa numa maioria esmagadora de casas. Este trabalho regista pela primeira vez o aparecimento de mutações do tipo Kdr em Ae. aegypti de Cabo Verde. Estes dados reportam pela primeira vez, a potencial existência de populações de Ae. aegypti resistentes a inseticidas o que, a confirmar-se, representa um problema real para os programas de controlo de vetores. Os resultados aqui apresentados podem, no entanto, servir de base para o desenho de novas estratégias para o combate aos mosquitos.