Correlation between chemical composition and bioactivity of Thymus carnosus Boiss. extracts

• Autor(a) principal: Gomes, Carlos Alexandre Martins
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: eng
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/7895
• topic: Bioquímica; Citotoxicidade; Citometria de fluxo; Thymus carnosus Boiss; Atividade antioxidante; Anti-inflamatório

O uso de plantas medicinais tem sido recorrente ao longo da História, mas atualmente o interesse em produtos naturais tem vindo a crescer como forma de reduzir a utilização de fármacos e de aumentar a ingestão de compostos bioativos. Embora muitas das espécies já estejam caracterizadas, os dados sobre a maioria dos fitofármacos que produzem, a sua bioatividade, nomeadamente vias metabólicas que afetam, são escassos. Diretamente implicadas em vários efeitos medicinais estão plantas da família Lamiaceae, como os tomilhos, mentas, rosmaninho, entre outros. Dentro do género Thymus encontramos uma espécie em perigo de extinção, o Thymus carnosus Boiss, devido à sua restrita distribuição geográfica, limitada ao sul e sudoeste da costa Portuguesa, e uma pequena porção da costa sul de Espanha. A literatura disponível restringe-se essencialmente ao estudo da composição dos óleos essenciais, onde borneol, canfeno, terpineno-4-ol e cis-sabineno hidratado são os principais componentes, e ao potencial bioativo desta planta como antioxidante, anti-inflamatório e antifúngico. O objetivo deste estudo foca dois aspetos: aumentar o interesse por T. carnosus, tendo em vista a sua proteção enquanto planta endémica, e determinar a composição química de extratos aquosos e hidro-etanólicos, bem como a sua bioatividade, tentando desvendar algumas das vias metabólicas responsáveis pela sua ação. Os extratos foram obtidos por decocção (água em ebulição) e agitação (hidro-etanólicos 20:80, v/v) a partir de material vegetal proveniente de duas colheitas. Os extratos foram caracterizados quanto ao teor em fenóis totais, orto-difenóis e flavonoides, que se verificou ser estatisticamente mais elevado nos extratos obtidos por agitação (não se verificaram diferenças significativas entre colheitas). A análise por HPLC-DAD e HPLC-ESI-MSn revelou presença dos ácidos: cafeico, rosmarínico, ursólico, salvianico A e salvianólico K, bem como dos flavonoides: luteolina, apigenina, eriodictiol e quercetina. O scavenging dos radicais ABTS•+, hidroxilo e óxido nítrico, para avaliar a capacidade antioxidante, indicou a decocção como tendo a melhor resposta. Nos extratos hidro-etanólicos foi recolhida uma nova fração na forma de pequenas partículas ou grânulos, onde se identificou totarol. A bioatividade dos extratos foi avaliada em seis linhas celulares: HaCaT, Caco-2, HepG2, MCF-7, BT-474 e Raw 264.7; tendo as decocções induzido menor toxicidade (IC50 > 202,59 μg/mL) e os grânulos a maior toxicidade (IC50 < 74,90 μg/mL). As decocções (> 50 μg/mL) levam a perda de adesão celular, confirmado pela diminuição da expressão de E-caderina. Aparentemente a ação dos extratos não passa pelo dano no ADN, dado que não se verificou indução de fragmentação (marcação com Hoescht) ou incremento na expressão do fator indutor de apoptose (AIF). Dados de citometria de fluxo, revelaram que na presença de peróxido de hidrogénio (H2O2), os extratos protegem as células, reduzindo o stresse oxidativo e a taxa de apoptose, em células HaCaT. Na ausência de H2O2, os extratos induzem oxidação, em pequena escala, e também podem induzir apoptose, dependente da concentração. Todos os extratos revelaram bom potencial anti-inflamatório, com destaque para os extratos obtidos por decocção e para os ácidos rosmarínico e cafeico a assumirem-se como grandes contribuintes para o efeito. A elucidação completa das vias de sinalização subjacentes à ação bioativa destes extratos e seus componentes ainda requer estudos adicionais.