A intervenção da imagem : encanto e desencanto dos documentaristas da Revolução de Abril (1974-1980)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Pedro Neves de Carvalho
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10216/39221
Resumo: Durante mais de meio século, o cinema português viveu amordaçado por uma censura férrea que teimava em esconder a realidade. Durante mais de meio século, os documentários portugueses mostravam um país folclórico e afastado da realidade, onde os problemas não existiam e as realidades se escondiam. Mas um dia, a 25 de Abril de 1974, chegou a Revolução. E o cinema soltou amarras para começar a navegar por realidades nunca antes apresentadas. O documentário foi para a rua aos sons das palavras de ordem que clamavam por liberdade. Começou a acompanhar a transformação da sociedade. Começou também ele a transformar-se. Formaram-se cooperativas de cinema, criaram-se Unidades de Produção Cinematográfica. Com uma nova vaga de documentaristas, nasceu o documetário de intervenção. Primeiro cheio de vozes e imagens encantadas, cheio de utopias e sonhos que se revelavam no olhar. Queria educar, intervir, fazer agir, provocar a mudança. queria mostrar tudo o que antes parecia não existir. Filmaram-se projectos de habitação social, vivências comunitárias, ocupações de terras, plenários, greves, manifestações, eleições, tomadas de posse, fábricas em autogestão. Nunca a produção cinematográfica foi tão grande neste país. O cinema reflectia-se na sociedade. E a sociedade reflectia-se no cinema. O grande factor de união entre os cineastas - o antifascismo - entrou em ruptura com a liberdade. Cedo o sonho se desvaneceu. E as imagens encantadas foram substituídas por imagens magoadas. O entusiamo foi dando lugar à lamentação, à introspecção, à reflexão. Em 1980, a Revolução acaba, definitivamente, no documentário de Abril. Hoje, restam as memórias e as imagens do período mais marcante da história do documentarismo português. (...)
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