Crianças da rua em Braga: infância, trajectos de vida e práticas sociais
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2006 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1822/6732 |
Resumo: | Dissertação de mestrado em Sociologia da Infância. |
id |
RCAP_3d3862712e27afe09aa276351995288d |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/6732 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
Crianças da rua em Braga: infância, trajectos de vida e práticas sociais316.6-053.2Dissertação de mestrado em Sociologia da Infância.Trata-se de uma comunicação simples, fala de gente simples que não percorre um caminho simples e para quem “o que há-de vir” não se perspectiva assim tão simples. Não são adultos, são ainda crianças, adolescentes e jovens. Têm entre os seis e os dezasseis anos, e os seus percursos não são, de todo, trechos retirados dos contos de fadas que qualquer um de nós escreve para os seus filhos. Fruto de muitos estudos e investigações, reina, nos nossos dias, a teoria de que o indivíduo se desenvolve de acordo com um poder quase inverosímil de moldagem de identidade, predefinida por padrões impostos pela sociedade. Torna-se normal e apto quem obedece a um percurso linear de ascensão, e ganha direito a um rótulo de "aberração" social, todo aquele que se desvia desta norma que de uma forma normal se impõe. Noutras cidades de Portugal e do mundo chamam-lhes "meninos de rua", mas em Braga, cidade escolhida para a investigação, todos têm família, todos têm casa; todos têm casa, mas em casa, "não se sentem em casa"... e então vêm para a rua. Reclamam para si um espaço nu, um espaço vazio, enchem-no; partilham tudo aquilo que não têm com outros que também não têm; aprendem códigos de (sobre)vivência pessoal e familiar num espaço que é no fundo o espaço de todos nós, mas que nenhum de nós reclama; dão-lhe cor, movimento, timbram-no, enchem-no. Numa dissertação em que se dá voz à(s) criança(s) em situação de risco, choca-se constantemente com o adulto, com o poder público, capaz de discursos, ora de defesa e protecção à “vítima”, ora de impotência e passividade cúmplice perante o fenómeno, deixando revelar uma adaptação à fatalidade das suas causas e consequências. Num exercício académico que se foi tecendo a partir de uma partilha no terreno, crianças e eu, actores envolvidos nessa mesma partilha, ambos nos assumimos como sujeitos e objectos de um estudo, em que se à partida eu ocupava o lugar do protagonista, e eles, o dos actores convidados, à medida que o tempo ia passando, foi havendo como que uma redefinição, ou melhor, uma re-atribuição desses mesmos papéis. Sob o olhar crítico da Sociologia da Infância e partindo do contributo de uma dissertação de Mestrado pronta a apresentar em Setembro, observa-se e discursa-se o fenómeno crianças na rua, encontram-se algumas causas da sua emergência na sociedade dos nossos dias, descobre-se como se organizam estes actores nestes cenários que são os deles, percebem-se os rituais e as interacções que os mesmos protagonizam, e tentam achar-se algumas medidas de solução para um fenómeno em franca e preocupante expansão no mundo.This is a simple communication, talking about simple people who are not taking a simple path and for who “Let’s see what happens” is not such a simple perspective. They are not adults; they are children, teenagers and youths. They are between six and ten, twelve years old and their paths are not paved with the fairy tales any one of us would write for our children. Nowadays, as a result of many studies and much research, the theory reigns that the individual develops in accordance with an almost improbable power moulding identity, predefined by standards imposed by society. Whoever follows this linear path of ascension is treated as normal and apt, while whoever deviates from this formal norm earns the right to a label of social “aberration. In other cities in Portugal and the world they are called “street kids”, but in Braga, the city under investigation, they all have a family; they all have a house, but in the house “they do not feel at home”… and so go to the street. They complain of a barren space, an empty space that they want to fill; sharing everything they do not have with others who do not have; they learn codes of personal and family survival in a space which is everybody’s space, but which none of us want; they give it colour, movement, personalising it, and filling it. In a dissertation which gives a voice to the children at risk, it is a constant shock as an adult, that public powers, capable of speeches defending and protecting the victim, are impotent and passive accomplices in the phenomenon, revealing a fatalistic adaptation to its causes and consequences. In an academic exercise in which children and I were interwoven in an area of land, with both parties taking on the role of subjects and objects of study, in which from the start I occupied the position of protagonist, and they, the invited actors, with the passing of time, would be able to redefine or better still re-attribute the same roles. Under the critical eye of Child Sociology the phenomenon of street kids is observed and discussed and some of the causes of this emergency in our modern day society have been found. How these players are organised in these scenarios is discovered, while the rituals and interactions of the same are understood. Furthermore, there is an attempt to suggest some measures to resolve a phenomenon that is worryingly expanding worldwide.Il s’agit d’une communication simple, qui parle de gens simples qui ne parcourent pas un chemin simple et pour qui "ce qui viendra" ne se projette pas aussi simplement que cela. Ils ne sont pas des adultes, ils sont encore des enfants, des adolescents et des jeunes. Ils ont entre six et seize ans, et leurs parcours ne sont absolument pas des fragments retirés des contes de fées que chacun de nous écrit pour ses enfants. Produit de beaucoup d’études et de recherches, il règne, de nos jours, la théorie selon laquelle l’individu se développe en accord avec un pouvoir presque invraisemblable de façonnement d’identité, prédéfini par des modèles imposés par la société: deviennent normaux et aptes ceux qui obéissent à un parcours linéaire d’ascension, et gagnent le droit à une étiquette d’"aberration" sociale, tous ceux qui se détournent de cette norme qui, d’une façon normale, s’impose. Dans d’autres villes du Portugal et du monde on les dénomme "enfants de la rue", mais à Braga, ville choisie pour notre recherche, tous ont une famille, tous ont une maison ; tous ont une maison, mais à la maison, "ils ne se sentent pas à la maison"… et alors ils sortent dans la rue. Ils réclament pour eux un espace nu, un espace vide, ils le remplissent ; ils partagent tout ce qu’ils n’ont pas avec d’autres qui n’ont pas non plus; ils apprennent des codes de (sur)vie personnelle et familiale dans un espace qui est, au fond, l’espace de nous tous, mais que personne ne réclame ; ils lui donnent de la couleur, du mouvement, ils le timbrent, le remplissent. Dans une dissertation où nous donnons de la voix aux enfants en situation de risque, nous nous heurtons constamment avec l’adulte, avec le pouvoir public, capable de tout discours, quelquefois de défense et protection à la "victime", quelquefois d’impuissance et de passivité complice face au phénomène, laissant révéler une adaptation à la fatalité de leurs causes et conséquences. Dans un exercice universitaire qui a été, petit à petit, tissé à partir d’un partage sur le terrain, enfants et nous, acteurs engagés dans ce même partage, l’un et l’autre nous nous assumions comme sujets et objets d’un étude dans laquelle si, au départ, nous occupions la place du protagoniste, et eux, celle des acteurs invités, au fur et à mesure que le temps passait, il y a eu une sorte de redéfinition, c’est à dire qu’il y a eu une re-attribution de ces rôles. Sous le regard critique de la Sociologie de l’Enfance et partant de la contribution d’un exercice académique prête à être soutenue en septembre, nous observons et nous faisons un discours sur le phénomène enfants de la rue, nous trouvons quelques causes responsables pour son émergence dans la société de nos jours, nous découvrons la façon dont s’organisent ces acteurs dans ces scènes qui sont les leurs, nous comprenons les rituels et les interactions que ces acteurs, eux-mêmes, jouent, et nous essayons de trouver quelques mesures de solution pour un phénomène en franche et préoccupante expansion dans le monde.Sarmento, Manuel JacintoUniversidade do MinhoFernandes, Sara Cristina Grund de Oliveira Gamito2006-09-212006-09-21T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1822/6732porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:10:46Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/6732Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T19:02:26.420520Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
Crianças da rua em Braga: infância, trajectos de vida e práticas sociais |
title |
Crianças da rua em Braga: infância, trajectos de vida e práticas sociais |
spellingShingle |
Crianças da rua em Braga: infância, trajectos de vida e práticas sociais Fernandes, Sara Cristina Grund de Oliveira Gamito 316.6-053.2 |
title_short |
Crianças da rua em Braga: infância, trajectos de vida e práticas sociais |
title_full |
Crianças da rua em Braga: infância, trajectos de vida e práticas sociais |
title_fullStr |
Crianças da rua em Braga: infância, trajectos de vida e práticas sociais |
title_full_unstemmed |
Crianças da rua em Braga: infância, trajectos de vida e práticas sociais |
title_sort |
Crianças da rua em Braga: infância, trajectos de vida e práticas sociais |
author |
Fernandes, Sara Cristina Grund de Oliveira Gamito |
author_facet |
Fernandes, Sara Cristina Grund de Oliveira Gamito |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Sarmento, Manuel Jacinto Universidade do Minho |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Fernandes, Sara Cristina Grund de Oliveira Gamito |
dc.subject.por.fl_str_mv |
316.6-053.2 |
topic |
316.6-053.2 |
description |
Dissertação de mestrado em Sociologia da Infância. |
publishDate |
2006 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2006-09-21 2006-09-21T00:00:00Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/1822/6732 |
url |
http://hdl.handle.net/1822/6732 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf application/pdf application/pdf application/pdf application/pdf application/pdf application/pdf application/pdf application/pdf application/pdf application/pdf application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799132426790764544 |