Nascer em casa: a desinstitucionalização reflexiva do parto no contexto português
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10071/4684 |
Resumo: | A opção pelo parto em casa, em Portugal, reveste-se de interesse sociológico pela complexidade das relações entre saberes, poderes e percepções do risco que são postas em jogo. A aproximação ao tema implicou o aprofundamento teórico de questões que se revelaram imprescindíveis para a compreensão dos fenómenos sociais que se criam e se reconfiguram em torno do parto em casa, como a medicalização da gravidez e do parto, as estratégias de delimitação de campos de saber e de acção sobre o parto e o recurso à tecnologia no controlo dos riscos associados à gravidez e ao parto. Para que fosse possível analisar a experiência da mulher ou do casal que viveu o parto em casa por opção, desde o conhecimento dessa possibilidade até à fase do pós-parto, optou-se pelo método qualitativo e pela entrevista como técnica de recolha de dados. Nos discursos analisados, a definição desta opção ilustra um processo reflexivo de integração da gravidez no self e de procura de coerência identitária, onde as tecnologias médicas são um objecto de consumo que põe em evidência percepções subjectivas do risco e a percepção de um risco moral. A multiplicidade de experiências descritas revela-se incompatível com os sistemas de vigilância e controlo e conduz o parto num movimento de desinstitucionalização que, apesar de retirar poder e protagonismo à prática médica, não traduz uma rejeição do modelo biomédico, mas antes uma rejeição do monopólio e da hegemonia de saber e de acção da biomedicina sobre a gravidez e o parto. |
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Nascer em casa: a desinstitucionalização reflexiva do parto no contexto portuguêsParto em casaMedicalizaçãoReflexividadeCoerência identitáriaConsumo de tecnologiaHome-birthMedicalizationReflexivityIdentity coherenceTechnology consumptionA opção pelo parto em casa, em Portugal, reveste-se de interesse sociológico pela complexidade das relações entre saberes, poderes e percepções do risco que são postas em jogo. A aproximação ao tema implicou o aprofundamento teórico de questões que se revelaram imprescindíveis para a compreensão dos fenómenos sociais que se criam e se reconfiguram em torno do parto em casa, como a medicalização da gravidez e do parto, as estratégias de delimitação de campos de saber e de acção sobre o parto e o recurso à tecnologia no controlo dos riscos associados à gravidez e ao parto. Para que fosse possível analisar a experiência da mulher ou do casal que viveu o parto em casa por opção, desde o conhecimento dessa possibilidade até à fase do pós-parto, optou-se pelo método qualitativo e pela entrevista como técnica de recolha de dados. Nos discursos analisados, a definição desta opção ilustra um processo reflexivo de integração da gravidez no self e de procura de coerência identitária, onde as tecnologias médicas são um objecto de consumo que põe em evidência percepções subjectivas do risco e a percepção de um risco moral. A multiplicidade de experiências descritas revela-se incompatível com os sistemas de vigilância e controlo e conduz o parto num movimento de desinstitucionalização que, apesar de retirar poder e protagonismo à prática médica, não traduz uma rejeição do modelo biomédico, mas antes uma rejeição do monopólio e da hegemonia de saber e de acção da biomedicina sobre a gravidez e o parto.Choosing a home-birth in Portugal is of sociological interest because of the complexity of relations established between knowledge, power and risk perceptions that are put into play. The approach to this subject demanded searching the theoretical issues that have proved indispensable for the understanding of the social phenomena that are created and reconfigured around home-birth, like the medicalization of pregnancy and childbirth, the strategic division of fields of knowledge and action over birth and the use of technology in controlling the risks associated to pregnancy and childbirth. For analysing the home-birth experiences of women or couples, from the acknowledgement of it as a possibility to the post-partum, it was chosen a qualitative approach and the interview as the data collection technique. In the speeches analysed, the definition of this option illustrates a reflexive process of self-integration of the pregnancy and a search for identity coherence, where medical technology is an object of consumption, which highlights subjective perceptions of risk and the perception of a moral risk. The multiplicity of experiences described proves to be incompatible with the surveillance and control systems and drives birth into a deinstitutionalization movement that, despite removing power and recognition from medical practice, does not reflect a rejection of the biomedical model, but rather a rejection of the monopoly and the hegemony of knowledge and action that biomedicine has upon pregnancy and birth.2013-02-27T17:09:38Z2012-01-01T00:00:00Z20122012-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/octet-streamhttp://hdl.handle.net/10071/4684porSantos, Mário João Duarte da Silvainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-09T17:58:21Zoai:repositorio.iscte-iul.pt:10071/4684Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:30:20.968251Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A opção pelo parto em casa, em Portugal, reveste-se de interesse sociológico pela complexidade das relações entre saberes, poderes e percepções do risco que são postas em jogo. A aproximação ao tema implicou o aprofundamento teórico de questões que se revelaram imprescindíveis para a compreensão dos fenómenos sociais que se criam e se reconfiguram em torno do parto em casa, como a medicalização da gravidez e do parto, as estratégias de delimitação de campos de saber e de acção sobre o parto e o recurso à tecnologia no controlo dos riscos associados à gravidez e ao parto. Para que fosse possível analisar a experiência da mulher ou do casal que viveu o parto em casa por opção, desde o conhecimento dessa possibilidade até à fase do pós-parto, optou-se pelo método qualitativo e pela entrevista como técnica de recolha de dados. Nos discursos analisados, a definição desta opção ilustra um processo reflexivo de integração da gravidez no self e de procura de coerência identitária, onde as tecnologias médicas são um objecto de consumo que põe em evidência percepções subjectivas do risco e a percepção de um risco moral. A multiplicidade de experiências descritas revela-se incompatível com os sistemas de vigilância e controlo e conduz o parto num movimento de desinstitucionalização que, apesar de retirar poder e protagonismo à prática médica, não traduz uma rejeição do modelo biomédico, mas antes uma rejeição do monopólio e da hegemonia de saber e de acção da biomedicina sobre a gravidez e o parto. |
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