Iluminando o passado: Estudo do conjunto de lamparinas em vidro do Mosteiro de São João de Tarouca, Séculos XVII -XVIII

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernandes, Alice de Castro
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/158344
Resumo: O espólio de 96 terminações de lamparinas de suspensão provenientes das escavações arqueológicas realizadas no mosteiro de São João de Tarouca foi estudado a nível tipológico e da composição química do vidro. Com este estudo foi possível explorar e propor uma forma de produção das lamparinas, interpretar a simbologia das cores no vidro, bem como estudar os costumes das formas de iluminação existentes em contextos monásticos cistercienses. Ao nível das tipologias, foi possível perceber que no conjunto se verificam até 10 tipos diferentes de lamparinas que variam segundo a forma. O estudo arqueométrico incidiu sobre 36 amostras e permitiu perceber a natureza das matérias-primas empregues na matriz dos vidros, sendo que a maioria se enquadra no vidro do tipo silicatado-sodo-cálcico, à exceção de uma lamparina de vidro plúmbico. A caracterização da composição química por μ-PIXE possibilitou ainda o estudo das fontes de sílica, das fontes alcalinas, bem como a realização de comparações com outros vidros coevos encontrados em Portugal e cujas composições são já conhecidas de estudos anteriores. Com isto foi possível a realização de propostas quanto à metodologia de produção e origens das matérias-primas, avançando para propostas de proveniência. Foi ainda possível perceber que o teor de alumina influencia a trabalhabilidade do vidro, sendo que para lamparinas com maiores concentrações deste óxido se manifestam com formas mais grosseiras e assimétricas. Ao invés do que se verifica para lamparinas com baixos valores de alumina que se apresentam com formas mais sinuosas e o vidro apresenta espessura mais fina. A realização de espetroscopia de absorção UV-Vis revelou a presença dos cromóforos responsáveis pelas cores verificadas nas lamparinas, sendo eles o ião ferroso e férrico (Fe2+ e Fe3+), nas lamparinas de cor verde, amarelo e azul claro, o cobre (Cu2+) nas lamparinas de cor azul turquesa e o cobalto (Co2+) para as acinzentadas. Foi também estudada a possibilidade de existirem na composição dos vidros, indicadores de processos de reciclagem de outros vidros. Este estudo permitiu a perceção das formas de iluminação utilizadas no mosteiro de São João de Tarouca que face à sua arquitetura despojada, austera e com poucas janelas, leva à obrigatoriedade de existência de iluminação artificial, que neste caso seria feita maioritariamente através das lamparinas de suspensão em vidro, sendo estes objetos um testemunho muito importante para a interpretação das práticas de iluminação dos monges cistercienses que habitavam este mosteiro.
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O estudo arqueométrico incidiu sobre 36 amostras e permitiu perceber a natureza das matérias-primas empregues na matriz dos vidros, sendo que a maioria se enquadra no vidro do tipo silicatado-sodo-cálcico, à exceção de uma lamparina de vidro plúmbico. A caracterização da composição química por μ-PIXE possibilitou ainda o estudo das fontes de sílica, das fontes alcalinas, bem como a realização de comparações com outros vidros coevos encontrados em Portugal e cujas composições são já conhecidas de estudos anteriores. Com isto foi possível a realização de propostas quanto à metodologia de produção e origens das matérias-primas, avançando para propostas de proveniência. Foi ainda possível perceber que o teor de alumina influencia a trabalhabilidade do vidro, sendo que para lamparinas com maiores concentrações deste óxido se manifestam com formas mais grosseiras e assimétricas. Ao invés do que se verifica para lamparinas com baixos valores de alumina que se apresentam com formas mais sinuosas e o vidro apresenta espessura mais fina. A realização de espetroscopia de absorção UV-Vis revelou a presença dos cromóforos responsáveis pelas cores verificadas nas lamparinas, sendo eles o ião ferroso e férrico (Fe2+ e Fe3+), nas lamparinas de cor verde, amarelo e azul claro, o cobre (Cu2+) nas lamparinas de cor azul turquesa e o cobalto (Co2+) para as acinzentadas. Foi também estudada a possibilidade de existirem na composição dos vidros, indicadores de processos de reciclagem de outros vidros. Este estudo permitiu a perceção das formas de iluminação utilizadas no mosteiro de São João de Tarouca que face à sua arquitetura despojada, austera e com poucas janelas, leva à obrigatoriedade de existência de iluminação artificial, que neste caso seria feita maioritariamente através das lamparinas de suspensão em vidro, sendo estes objetos um testemunho muito importante para a interpretação das práticas de iluminação dos monges cistercienses que habitavam este mosteiro.The set of 96 fragments of suspension lamps from the archaeological excavation carried out in the Monastery of São João de Tarouca were studied at a typological level and the chemical composition of the glass was also determined. With this study it was possible to explore and propose how the lamps were made, to interpret the symbology of colors in glass, as well as how these were used to light Cistercian monasteries. At the typology level, it was noticed that the set is composed by up to 10 different types of lamps that vary according to their shape. The archaeometry study focused on 36 samples and allowed for the characterization on the nature of the raw materials used for the glass batch, where the majority of lamps fit in soda-lime-silica glass, except for one lamp that has lead-rich glass. The chemical characterization by μ-PIXE also enabled the study of the silica sources, alkaline sources, as well as the comparison with other coeval glasses found in Portugal and whose compositions were already known from previous studies. With this study it was possible to make proposals regarding the production methodology and origins of the raw materials, advancing to proposals for the glass provenance. It was also possible to perceive that the alumina content influences the workability of the glass, and for lamps with higher concentrations of this oxide they are manifested in coarser and asymmetrical forms, in contrast to what happens for lamps with low alumina values that present themselves with more sinuous shapes and the glass has a thinner thickness. The analysis by means of UV-Vis absorption spectroscopy revealed the presence of the chromophores responsible for the colors verified in the lamps, being these the ferrous and ferric ion (Fe2+ and Fe3+) for the green and yellow lamps, the copper (Cu2+) for the turquoise lamps and cobalt (Co2+) for the grayish hue. The possibility of the existence of indicators for recycling processes in the glass composition, was also addressed. This study allowed for the perception of the habits of lighting used in the monastery of São João de Tarouca which, given its sober, austere architecture with few windows, leads to the mandatory need for the existence of artificial lighting, which in this case would have been done mostly through the suspension glass lamps, making these objects a very important testimony for the interpretation of the lighting practices of the Cistercian monks who inhabited this monastery.Coutinho, InêsVillamariz, CatarinaMedici, TeresaRUNFernandes, Alice de Castro2023-09-27T14:21:45Z2021-022021-02-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/158344porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T05:40:41Zoai:run.unl.pt:10362/158344Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:57:05.432534Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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