A enguia-europeia no Rio Mondego: estrutura populacional, taxa de prateação e fuga de reprodutores
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/22623 |
Resumo: | Tese de mestrado em Ecologia Marinha, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, 2015 |
id |
RCAP_4426e95844448c11e02ef851a107fce8 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ul.pt:10451/22623 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
A enguia-europeia no Rio Mondego: estrutura populacional, taxa de prateação e fuga de reprodutoresAnguilla anguillaIdade e crescimentoMigração reprodutoraEnguia prateadaTelemetria acústicaTeses de mestrado - 2015Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências BiológicasTese de mestrado em Ecologia Marinha, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, 2015Face ao acentuado declínio do manancial de enguia-europeia, Anguilla anguilla, que se tem verificado durante as últimas décadas, e em todo o seu limite de distribuição, tornou-se óbvia a urgência em tomar medidas para reverter esta situação. Neste sentido, aconselhada pelo ICES (International Council for the Exploitation of the Sea), a Comissão Europeia aprovou, no dia 18 de setembro de 2007, o Regulamento (CE) nº 1100/2007 que obrigou à criação de Planos de Gestão de Enguia (PGE) por parte de todos os Estados Membros cujas bacias hidrográficas constituam habitat para a espécie, no sentido de permitir a fuga para o mar de pelo menos 40% dos reprodutores relativamente à melhor estimativa disponível para uma condição pristina. A fragmentação dos cursos de água é apontada como uma das principais causas para o declínio da espécie uma vez que coloca problemas tanto na sua fase de crescimento como na época da migração reprodutora. Assim, o presente trabalho apresenta como principais objetivos: 1) caracterizar a população de enguia-europeia da Bacia Hidrográfica do Rio Mondego tendo em conta a estrutura dimensional, sexual e etária; 2) determinar a taxa de prateação e 3) determinar a taxa de fuga de reprodutores. A Bacia Hidrográfica do Rio Mondego foi escolhida como local de estudo não só por se apresentar como um local de grande importância para a espécie mas por ser um rio muito intervencionado onde, desde 2011, entrou em funcionamento, no Açude-Ponte em Coimbra, um novo dispositivo de transposição piscícola que permite a livre circulação das espécies de peixes diádromas, podendo também ser utilizado pela enguia. A estrutura dimensional da espécie foi obtida através da realização de pesca elétrica feita ao longo de 5 anos de amostragem (2011-2015) num troço de rio entre Penacova, a montante, onde se incluem os afluentes Ceira e Alva, e o Açude da Formoselha, a jusante. Perante os resultados obtidos verifica-se que, na Bacia Hidrográfica do Rio Mondego, a enguia-europeia apresenta a distribuição típica da espécie ao longo do eixo longitudinal do rio, i.e., a abundância de indivíduos diminui ao longo deste eixo sendo acompanhada pelo aumento do tamanho dos mesmos. A análise entre os anos estudados revelou que as diferenças entre estes se devem exclusivamente ao ano de 2011, em que não só se verificou um menor número de capturas totais como a inexistência de recrutas, podendo a principal causa ter sido uma falha no recrutamento desse ano. A avaliação da estrutura sexual e etária da população foi feita com base numa subamostra recolhida no ano de 2014 e revelou que a população é dominada por machos, atingindo estes idades até aos 4 anos sendo que as fêmeas atingem os 7 anos de idade, o que se reflete no tamanho máximo atingido por ambos atingindo as fêmeas um maior comprimento total. A taxa de prateação obtida foi de 3,6%. Contudo face ao também observado no presente estudo, parece existir uma tamanho mínimo (300 mm) a partir do qual os indivíduos podem iniciar a transformação em enguia prateada e, assim sendo, a taxa obtida tendo apenas em conta estes indivíduos rondou os 24,6%. A fuga de reprodutores da bacia do Mondego foi estimada em 30,4%. Para obter esta estimativa, recorreu-se a técnicas de telemetria acústica com a marcação de 23 enguias prateadas e colocando recetores acústicos em 4 pontos no curso do rio e 4 na zona do estuário. Este delineamento experimental permitiu não só estimar a taxa de fuga de reprodutores como obter alguma informação relacionada com o comportamento migratório da espécie em troços do rio com caraterísticas distintas. Com os resultados obtidos foi possível identificar as variáveis que condicionam o movimento migratório, ao nível do despoletar do movimento e influência no comportamento migratório para jusante. A migração parece ser faseada, sendo mais lenta no início verificando-se um aumento de velocidade à medida que os indivíduos se deslocam para jusante. Foi ainda possível confirmar que a atividade migratória ocorre sobretudo no período noturno. A abordagem delta utilizada gerou 2 GLM que permitiram identificar as variáveis que influenciam a migração. O primeiro modelo identificou a condutividade, fase da lua, período do dia e turbidez como as variáveis que despoletam a migração. O segundo modelo permitiu identificar o caudal, a temperatura da água, a fase da lua e a condutividade como as variáveis mais favoráveis a esta migração. O trabalho realizado tentou ser o mais abrangente possível na medida em que se debruçou sobre diferentes fases do ciclo de vida da espécie. O cumprimento dos objetivos do presente trabalho leva necessariamente a um aumento do conhecimento sobre a enguia-europeia que se debate com graves problemas à sua conservação. Paralelamente, a informação obtida com este trabalho para a Bacia do Mondego (informação que não está disponível para nenhuma bacia hidrográfica de Portugal), reveste-se de particular importância porque permite, dar resposta a parte das obrigações de Portugal relacionadas com a implementação do PGE.Given the severe decline in the stock of the European eel, Anguilla anguilla, observed in the last decades throughout the range of the species, it became clear the urgency in taking measurements to fight it. Counselled by ICES, the European Commission approved, in 18th September, the Regulation (EC) nº 1100/2007 that obligates each Member State to create Eel Management Plans (EMP) that would allow the escapement of at least 40% of the best estimation in a pristine situation. The fragmentation of the river courses is identified as a major cause for this decline because it affects the species both in his growth stage as at the time of the spawning migration. Thus, the main objectives were: 1) characterize de population of European eel in Mondego river basin, taking into account the dimensional, sexual and age structure of the population; 2) estimate de silvering rate and 3) estimate de escapement rate of silver eels. Mondego river basin was chosen as the study site not only because of its importance to the species but mainly because it is severely impacted. Some habitat rehabilitation measures are being implemented in River Mondego and, since 2011, in Açude-Ponte Dam, a new fish passage allows the free circulation of diadromous fishes, including the European eel. Dimensional structure of the population was obtained by electrofishing surveys along a 5 years period time (2011-2015) in the same river stretch (between Penacova and Formoselha weir), including two main tributaries Ceira and Alva. The results show that, in Mondego river basin, European eel exhibit the typical distribution of the specie along the longitudinal axis of the river, i.e., the abundance of individuals diminishes along this axis being accompanied by an increase of individuals’ body size. The analysis between years showed that the differences between them are exclusively because of the 2011 year, in which not only the number of total captures were low but the recruits class appears missing, possibly because of a recruitment failure in that year. The sexual and age structure of the population was assessed using a subsample collected in 2014 and reveals that the population is clearly dominated by males that reaches up to 4 years of age, whereas the females reaches at least 7 years of age, which is reflected in the maximum length that both reach, with females reaching bigger lengths than males. The silvering rate was obtained by surveying the same river stretch during the Autumn period in which it is able to distinguish morphologically the silver eel. The silvering rate is then the ratio between these individuals and the non-migrating ones, being calculated in 3,6%. However, also corroborated by the present study, 300 mm seems to be a minimum size from which the individuals can start their transformation in silver eels, and thus the same ratio taking into count only those individuals is increased to 24,6%. The silver eel escapement in the Mondego river basin was estimated to be 30,4%. The estimates were calculated using acoustic telemetry technics, by tagging 23 silver eels and installing an array of 4 receiving listening stations along the river course and 4 in the estuarine zone. This experimental design allowed not only the estimation of silver eel escapement but also to study the migration behavior in different river stretches and to identify which abiotic variables triggers and favor the migration and the ground speed of the individuals during the downstream movement along different river stretches. The migration is not continuous, being slower in the beginning and raising speed as the individual’s moves downstream, as showed by the differences between the ground speed of individual movement along two river stretches (Penacova-Coimbra e Coimbra-F.Foz). It was also possible to confirm the mainly nocturnal activity of the downstream migration of the eel. Main variables triggering migration are conductivity, the moon phase, the day period and turbidity. Stream flow, water temperature, moon phase and conductivity are the variables that seem to favor the migratory movements. The present thesis tried to be as much extensive as possible by addressing different stages of the specie’s life cycle. The fulfillment of the objectives of this paper necessarily leads to improved knowledge of the species and, some of the data collected can be considered pioneer information for Portuguese river basins, with direct contributions to the requirements of Portuguese EMP.Quintela, Bernardo Silva Ruivo,1976-Domingos, Isabel Maria Madaleno,1960-Repositório da Universidade de LisboaMonteiro, Rui Miguel Candeias2016-02-08T16:50:27Z201520152015-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/22623TID:201072220porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:09:58Zoai:repositorio.ul.pt:10451/22623Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:40:10.578571Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
A enguia-europeia no Rio Mondego: estrutura populacional, taxa de prateação e fuga de reprodutores |
title |
A enguia-europeia no Rio Mondego: estrutura populacional, taxa de prateação e fuga de reprodutores |
spellingShingle |
A enguia-europeia no Rio Mondego: estrutura populacional, taxa de prateação e fuga de reprodutores Monteiro, Rui Miguel Candeias Anguilla anguilla Idade e crescimento Migração reprodutora Enguia prateada Telemetria acústica Teses de mestrado - 2015 Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências Biológicas |
title_short |
A enguia-europeia no Rio Mondego: estrutura populacional, taxa de prateação e fuga de reprodutores |
title_full |
A enguia-europeia no Rio Mondego: estrutura populacional, taxa de prateação e fuga de reprodutores |
title_fullStr |
A enguia-europeia no Rio Mondego: estrutura populacional, taxa de prateação e fuga de reprodutores |
title_full_unstemmed |
A enguia-europeia no Rio Mondego: estrutura populacional, taxa de prateação e fuga de reprodutores |
title_sort |
A enguia-europeia no Rio Mondego: estrutura populacional, taxa de prateação e fuga de reprodutores |
author |
Monteiro, Rui Miguel Candeias |
author_facet |
Monteiro, Rui Miguel Candeias |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Quintela, Bernardo Silva Ruivo,1976- Domingos, Isabel Maria Madaleno,1960- Repositório da Universidade de Lisboa |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Monteiro, Rui Miguel Candeias |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Anguilla anguilla Idade e crescimento Migração reprodutora Enguia prateada Telemetria acústica Teses de mestrado - 2015 Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências Biológicas |
topic |
Anguilla anguilla Idade e crescimento Migração reprodutora Enguia prateada Telemetria acústica Teses de mestrado - 2015 Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências Biológicas |
description |
Tese de mestrado em Ecologia Marinha, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, 2015 |
publishDate |
2015 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2015 2015 2015-01-01T00:00:00Z 2016-02-08T16:50:27Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10451/22623 TID:201072220 |
url |
http://hdl.handle.net/10451/22623 |
identifier_str_mv |
TID:201072220 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799134309385240576 |