Evitar o efeito da vacinação BCG na detecção de infecção por Mycobacterium tuberculosis com um teste sanguíneo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Diel,R.
Data de Publicação: 2007
Outros Autores: Ernst,M, Doscher,G, Visuri-Karbe,L, Greinert,U, Niemann,S, Nienhaus,A, Lange,C
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-21592007000100015
Resumo: O risco de progressão da infecção por Mycobacterium tuberculosis para tuberculose-doença é sobretudo elevado nos primeiros anos após a infecção, estimando-se que 50% dos casos de tuberculose-infecção desenvolvem doença nos dois anos seguintes. A investigação precoce dos contactos baseia-se neste facto, e o teste cutâneo de tuberculina tem sido largamente utilizado como a prova de rastreio, apesar da sua limitação na população vacinada com BCG, nas reacções cruzadas com micobactérias não tuberculosas e na anergia cutânea em grupos específicos. Nos presentes estudos avalia-se a maior especificidade (no primeiro) e a maior sensibilidade (no segundo) de um novo teste sanguíneo na detecção de tuberculose- infecção. Este teste laboratorial feito em uma única amostra de sangue do doente baseia-se na libertação de gama-interferão das células T CD4 do indivíduo infectado quando expostas a antigenes micobacterianos. A libertação de interferão é fortemente estimulada por antigenes do Mycobacterium tuberculosis ausentes no M. bovis e na grande maioria das restantes micobactérias - conferindo especificidade ao teste. Estes antigenes ESAT-6/ CFP10 (early secretory antigenic target 6/ culture filtrated protein 10) reagem com o sangue do indivíduo infectado, levando à libertação de gama-interferão medido pelos métodos ELISA ou ELISPOT, dependendo do fabricante, respectivamente - Quantiferon Gold; Cellestis Limited, Austrália; e T-Spot.TB, Oxford Immunotec, UK. No primeiro estudo referenciado, 369 pessoas da academia de Polícia alemã foram avaliadas para o risco de tuberculose-infecção após o contacto com militar a quem foi diagnosticada tuberculose pulmonar com presença de bacilos ácido-alcool resistentes 3+ em exames de expectoração, com posterior cultura positiva para Mycobacterium tuberculosis. Foi efectuado teste de Mantoux a todos os contactos, e aos que apresentavam o teste positivo (induração = 5mm) foi efectuada radiografia de tórax e doseamento de interferão pelo teste ELISPOT. O grupo de controlo foi seleccionado aleatoriamente dos contactos com Mantoux negativo. Registou-se vacinação BCG prévia em 158 (42,8%) militares. A concordância dos 2 testes (tuberculina /ELISPOT) nos não vacinados foi de 100% nos casos de tuberculina negativa (todos apresentavam ELISPOT negativo) e de 50% nos casos de tuberculina positiva (apenas metade apresentava ELISPOT positiva). Nos casos vacinados, apenas 4 dos 38 contactos com tuberculina positiva apresentavam ELISPOT positivo (concordância de 10,5% entre os 2 testes). Também neste grupo todos os casos negativos ao teste de tuberculina testados com ELISPOT se mantiveram negativos. Usando para limite de positividade do teste de tuberculina a induração = a 10 mm, obtém-se um maior índice de concordância entre os 2 testes. Os autores concluem que o ELISPOT é superior ao teste de tuberculina na detecção de tuberculose-infecção latente e deverá ser escolhido quando se considera o início de quimioprofilaxia em indivíduos com vacinação BCG ou cujo contacto é duvidoso. O segundo estudo compara a eficácia do doseamento de gama interferão pelo teste T-Spot.TB com a prova cutânea de tuberculina no diagnóstico de tuberculose-infecção num grupo de doentes imunocomprometido. O estudo foi efectuado na unidade de hematologia e quimioterapia de um hospital de Milão, envolvendo 138 doentes com exposição nosocomial a um caso de tuberculose pulmonar. O teste de tuberculina foi positivo (induração = 5mm) em 24 contactos, enquanto o T-Spot.TB o foi em 61 casos, demonstrando maior sensibilidade do TSpot. TB e falsos negativos do teste de tuberculina por anergia neste grupo de doentes. Além disso, verificou-se que os contactos com maior tempo de exposição ao caso apresentavam maior probabilidade de T-Spot.TB positivo, correlação que não se verificou com o Mantoux. Por outro lado, o resultado da prova de Mantoux mostrou-se influenciado pelo grau de imunodepressão, (queda de positividade de 25,9% para 14,5% nos casos com maior imunodepressão). Esta relação não se verificou com o T-Spot.TB. O autores concluem que os resultados deste estudo sugerem que o T-Spot.TB mantém a sua sensibilidade e eficácia nos doentes imunocomprometidos, podendo identificar casos de infecção em contactos com anergia à tuberculina, demonstrando assim maior sensibilidade do que o teste de tuberculina.
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No primeiro estudo referenciado, 369 pessoas da academia de Polícia alemã foram avaliadas para o risco de tuberculose-infecção após o contacto com militar a quem foi diagnosticada tuberculose pulmonar com presença de bacilos ácido-alcool resistentes 3+ em exames de expectoração, com posterior cultura positiva para Mycobacterium tuberculosis. Foi efectuado teste de Mantoux a todos os contactos, e aos que apresentavam o teste positivo (induração = 5mm) foi efectuada radiografia de tórax e doseamento de interferão pelo teste ELISPOT. O grupo de controlo foi seleccionado aleatoriamente dos contactos com Mantoux negativo. Registou-se vacinação BCG prévia em 158 (42,8%) militares. A concordância dos 2 testes (tuberculina /ELISPOT) nos não vacinados foi de 100% nos casos de tuberculina negativa (todos apresentavam ELISPOT negativo) e de 50% nos casos de tuberculina positiva (apenas metade apresentava ELISPOT positiva). 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