AS PASTAGENS DE SEQUEIRO SÃO A BASE PARA A PRODUÇÃO PECUÁRIA SUSTENTÁVEL

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freixial, Ricardo
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/27377
Resumo: RESUMO Perante o cenário da população mundial atingir os 9 biliões em 2050, o desafio será produzir e fornecer o alimento necessário, seguro e nutritivo, de uma forma sustentável para uma população mundial crescente, tendo em conta que segundo o International Soil Reference and Information Centre, durante os últimos 40 anos, 30% dos solos destinados à agricultura (1.5 biliões ha), foram abandonados devido à erosão e à sua degradação. Portugal em 2014 produziu apenas 72,2% da quantidade de carne necessária para satisfazer as necessidades de consumo (74,1% em 2013) tendo-se assim registado o maior défice comercial, nas transações de “carnes e miudezas comestíveis” (-750 milhões de euros, correspondendo a um aumento de 27 milhões de euros face a 2013). Esta situação deficitária terá ficado a dever-se à diminuição da produção de carne (-0,4%) que teve como consequência o aumento das importações (+9,9%) tendo a análise ao consumo de carne em 2014, revelado entretanto um acréscimo de 2,4% em relação ao ano de 2013, para o qual contribuíram as carnes de bovino (+3,4%), de animais de capoeira (+2,9%) e suíno (+2,0%). Entretanto para Carvalho (2011), a generalidade da superfície agrícola nacional é composta por solos pouco férteis, com mais de 70% deles apresentando um teor orgânico muito baixo e instáveis do ponto de vista estrutural, o que agrava os problemas de encharcamento, erosão e secura sendo a sua acidez generalizada, o que dificulta também a absorção de alguns dos nutrientes mais importantes para as culturas e, em muitos casos, permite o aparecimento de toxicidades de elementos como o Alumínio e o Manganês. Sendo o solo a base para a produção de alimentos para a humanidade e o suporte para os sistemas agro-pecuários, importantes não só numa perspectiva de produção de alimentos, mas também com interferência a nível da ocupação do espaço, do ordenamento do território, do ambiente e da sustentabilidade do Mundo Rural, é por isso necessário mantê-lo com as suas características de origem, eventualmente melhorá-las evitando que seja degradado, erosionado e transportado por escorrência para os ribeiros, rios, barragens ou para o mar. As Pastagens e as Forragens quando inseridas em sistemas sustentados do uso dos solos, são importantes não só como produtoras de alimento para ruminantes mas também como elementos fundamentais para a melhoria das suas características físicas, químicas e biológicas, para a defesa contra a erosão ao manterem um coberto vegetal permanente, no aproveitamento e valorização de áreas sem aptidão para outro tipo de actividades, na ocupação e ordenamento do território que de outra forma permaneceria abandonado, na contribuição para a manutenção de harmonia na paisagem, e ao estarem na base da produção de alimentos, as pastagens permitem actividades que contribuem para a fixação da população e o combate à desertificação, dinamizando ainda actividades e o comércio local com a “oferta” dos seus produtos. Segundo o Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP), no Alentejo entre 1989 e 2013, cerca de 750 000ha das denominadas terras aráveis foram convertidas em pastagens e segundo Crespo (2006), o Alentejo possui condições ambientais e de estrutura fundiária adequadas à possibilidade de manutenção dos animais em pastoreio ao longo de todo o ano e portanto, condições climáticas favoráveis ao estabelecimento e manutenção de sistemas de produção animal com ruminantes baseados em pastagens. Então, a melhoria do seu potencial quantitativo e qualitativo poderá acontecer através da correcção da acidez quando necessária (cerca de 80% dos solos nacionais são ácidos e, em algumas situações toxicidades de alumínio ou manganês, podem inviabilizar a instalação da pastagem), da fertilização racional (onde, pelo menos o fósforo é elemento essencial) e da introdução (sementeira) das espécies mais adequadas às características de cada zona (solos e precipitação) com os inerentes benefícios agronómicos, ambientais, económicos e sociais.
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