Hipoadrenocorticismo canino: estudo retrospetivo multicêntrico de 41 casos clínicos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gomes, Beatriz Daniela Magalhães
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/11594
Resumo: O Hipoadrenocorticismo canino é uma doença endócrina que se caracteriza pela diminuição dos níveis de glucocorticoides e/ou mineralocorticoides endógenos, secundariamente à perda da capacidade funcional do córtex da adrenal. Por se tratar de uma doença cuja sintomatologia clínica é vaga e inespecífica, o seu diagnóstico torna-se, por vezes, desafiante. Desta forma, a realização do teste de estimulação com ACTH é crucial para obter o diagnóstico definitivo da doença. De forma a entender melhor a apresentação clínica da doença em Portugal, foram recolhidos e selecionados casos de cães com hipoadrenocorticismo de origem espontânea em três hospitais portugueses: AniCura Restelo Hospital Veterinário, AniCura CHV Porto Hospital Veterinário e no Onevet Hospital Veterinário, entre o período de janeiro de 2016 a dezembro de 2021. Depois de analisados os resultados, verificou-se que a doença surgiu mais frequentemente em indivíduos de raça indefinida (56,1%), fêmeas (53,7%) e animais castrados (58,5%), sendo que a média de idades ao diagnóstico destes animais foi 5.5  3.58 anos. Relativamente à ocorrência de doenças concomitantes, a doença cardíaca (50%) e o hipotiroidismo (21,4%) surgiram com maior frequência na população em estudo. A presença de letargia/prostração (77,5%), anorexia/hiporexia (77,5%) foram as alterações mais comuns de serem observadas pelos tutores destes animais. Na bioquímica sérica, as alterações mais frequentemente observadas foram a existência de ureia (81,1%) e creatinina (64,9%) aumentadas, hipercalemia (78,4%) e hiponatremia (75,7%), com o rácio Na:K a ser inferior a 27 na grande maioria da população (73%). As alterações ecográficas não revelaram ser estatisticamente significativas (p=0,097), com a espessura da adrenal esquerda a ser inferior a 3,2 mm em apenas 39% da população. Observou-se que a associação de prednisolona e DOCP foi o tratamento preferencial, tanto no início (69%) como no final período do estudo (59%). Apesar da maioria dos animais não apresentar crises addisonianas (69,6%), quando presentes, estas surgiram mais frequentemente nos primeiros 6 meses após o diagnóstico da doença (86%). Foi observada uma associação entre a ocorrência de crises com a ausência às consultas de seguimento (p=0,001) e o incumprimento da medicação por parte dos tutores destes animais (p=0,001). Por fim, verificou-se que grande parte da população se encontrava clinicamente estável após um ano do diagnóstico da doença (91,7%), sendo que as mortes que ocorreram durante o período do estudo se deveram a causas externas à doença (8,3%). A partir dos resultados obtidos, podemos concluir que os animais cuja abordagem diagnóstica e terapêutica seja efetuada possuem bom prognóstico, uma vez que, todos os animais se encontravam estáveis no fecho do estudo. Para além disso, a presença às consultas de seguimento e o cumprimento da medicação estipulada pelo médico veterinário revelaram ser fatores cruciais para a estabilidade clínica destes animais, nomeadamente, no que diz respeito à ocorrência de crises addisonianas nos primeiros 6 meses após o diagnóstico clínico.
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Depois de analisados os resultados, verificou-se que a doença surgiu mais frequentemente em indivíduos de raça indefinida (56,1%), fêmeas (53,7%) e animais castrados (58,5%), sendo que a média de idades ao diagnóstico destes animais foi 5.5  3.58 anos. Relativamente à ocorrência de doenças concomitantes, a doença cardíaca (50%) e o hipotiroidismo (21,4%) surgiram com maior frequência na população em estudo. A presença de letargia/prostração (77,5%), anorexia/hiporexia (77,5%) foram as alterações mais comuns de serem observadas pelos tutores destes animais. Na bioquímica sérica, as alterações mais frequentemente observadas foram a existência de ureia (81,1%) e creatinina (64,9%) aumentadas, hipercalemia (78,4%) e hiponatremia (75,7%), com o rácio Na:K a ser inferior a 27 na grande maioria da população (73%). As alterações ecográficas não revelaram ser estatisticamente significativas (p=0,097), com a espessura da adrenal esquerda a ser inferior a 3,2 mm em apenas 39% da população. Observou-se que a associação de prednisolona e DOCP foi o tratamento preferencial, tanto no início (69%) como no final período do estudo (59%). Apesar da maioria dos animais não apresentar crises addisonianas (69,6%), quando presentes, estas surgiram mais frequentemente nos primeiros 6 meses após o diagnóstico da doença (86%). Foi observada uma associação entre a ocorrência de crises com a ausência às consultas de seguimento (p=0,001) e o incumprimento da medicação por parte dos tutores destes animais (p=0,001). Por fim, verificou-se que grande parte da população se encontrava clinicamente estável após um ano do diagnóstico da doença (91,7%), sendo que as mortes que ocorreram durante o período do estudo se deveram a causas externas à doença (8,3%). A partir dos resultados obtidos, podemos concluir que os animais cuja abordagem diagnóstica e terapêutica seja efetuada possuem bom prognóstico, uma vez que, todos os animais se encontravam estáveis no fecho do estudo. Para além disso, a presença às consultas de seguimento e o cumprimento da medicação estipulada pelo médico veterinário revelaram ser fatores cruciais para a estabilidade clínica destes animais, nomeadamente, no que diz respeito à ocorrência de crises addisonianas nos primeiros 6 meses após o diagnóstico clínico.Canine hypoadrenocorticism is an endocrine disorder characterized by a decrease in the endogenous levels of glucocorticoids and/or mineralocorticoids which is a consequence of the loss of functional capability in the adrenal cortex. Because it presents very vague and unspecific clinical symptoms its diagnostic is not always straightforward. Often, an ACTH stimulation test is needed to confirm the final diagnosis. To better understand the clinic presentation of the disease in Portugal, cases of spontaneous canine hypoadrenocorticism, diagnosed between January 2016 and December 2021, were collected and selected from three Portuguese hospitals, namely, “AniCura Restelo Hospital Veterinário”, “AniCura CHV Porto Hospital Veterinário” and “Onevet Hospital Veterinário Porto”. From the data analysis it was possible to verify that this disorder affects more frequently a subgroup of the canine population characterized by mixed breed dogs (56,1%), female dogs (53,7%) and neutered dogs (58,5%), with a median age of 5.5  3.58 years at the diagnosed date. Cardiac diseases (50%) and hypothyroidism (21,4%) were identified as the most frequent comorbidities disorders in the studied population. The presence of lethargy (77,5%) and anorexia/hyporexia (77,5%) were the most common changes reported by owners. Regarding biochemical alterations, the most frequently observed were the increase in urea (81,1%) and creatinine (64,9%) levels, and the hyperkalemia (78,4%) and hyponatremia (75,7%), which displayed a Na:K ratio less than 27 (twenty-seven) in most of the population (73%). Furthermore, ultrasonographic changes didn’t prove to be statistically significant as the adrenal thickness was lower than 3,2 mm in 39% of the population. It was observed that the association of prednisolone and desoxycorticosterone pivalate (DOCP) were the preferential treatment applied by veterinarians to fight the disease, both in the initial (69%) and final (59%) period of the study. Although most of the population did not suffer from an addisonian crisis, when present, it was more frequent in the first 6 (six) months after the diagnosis of the disease (86%).An association was observed between the occurrence of addisonian crisis and both the absence from follow-up appointments (p=0,001) and non-compliance with medication by the owners of these animals (p=0,001). It was also found that a large part of the population was clinically stable after one year of the disease diagnosis (91,7%) and the deaths that occurred, during the study period, were due to causes non-related with a disease (8,3%). From the obtained results, it is possible to come to the conclusion that animals whose diagnostic and therapeutic approach is carried out have a great prognosis, since all animals were stable at the end of the study. Moreover, the presence in follow-up appointments and the compliance with medication guidelines established by the veterinarian were revealed to be crucial factors to the clinical stability of these animals, namely, regarding the occurrence of addisonian crisis in the first six months after clinical diagnosis.2023-06-05T15:05:20Z2023-02-07T00:00:00Z2023-02-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/11594porGomes, Beatriz Daniela Magalhãesinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-24T03:55:03Zoai:repositorio.utad.pt:10348/11594Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-03-24T03:55:03Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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