Diferenças entre o homem e a mulher na apresentação clínica de doentes diagnosticados com síndroma de apneia obstrutiva do sono

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Shepertycky,MR
Data de Publicação: 2006
Outros Autores: Banno,K, Kryger,MH
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-21592006000300012
Resumo: A importância clínica da patologia do sono, particularmente, da síndroma de apneia obstrutiva do sono tem vindo a tornar-se cada vez mais evidente nas últimas décadas. Paralelamente, verificou-se um número crescente de doentes com a confirmação diagnóstica da doença resultante de uma maior sensibilização dos clínicos para esta patologia e consequente maior solicitação de estudos poligráficos do sono. A síndroma de apneia obstrutiva do sono (SAOS) é uma doença comum afectando entre 2 a 4% da população adulta de meia-idade. Os doentes com este diagnóstico têm episódios recorrentes de apneias nocturnas seguidas de microdespertares. Está documentado que a SAOS é um factor de risco significativo para o desenvolvimento de outras patologias como sejam hipertensão arterial, arritmias cardíacas, enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e perturbações cognitivas, caracterizando-se por hipersonolência diurna a que está associado um aumento da frequência de acidentes de viação. Embora esteja bem documentado que o homem tem maior incidência de SAOS que a mulher (4% versus 2%), existe pouca informação sobre as diferenças de apresentação clínica inicial. Pensa-se que esta patologia está subdiagnosticada em mais de 90% das mulheres com SAOS moderada ou grave. Também está demonstrado que pode haver um significativo aumento da mortalidade aos 5 anos na mulher com este diagnóstico. A não valorização de factores únicos no género feminino tem condicionado, por vezes, conclusões inconsistentes e mesmo falsas. O objectivo do presente trabalho foi comparar as diferenças na apresentação clínica da SAOS de acordo com os sexos. Trata-se de um estudo randomizado englobando 130 mulheres com o diagnóstico de SAOS e um grupo controlo de igual número de indivíduos do sexo masculino com a mesma patologia, tendo sido todos submetidos a um registo poligráfico nocturno. A idade média, índice de massa corporal, índice de apneia/hipopneia, score da escala de sono de Epworth e T 90 (número de minutos com Sat.O 2 < 90%) não diferiram significativamente do ponto de vista estatístico, entre os dois grupos. Apneia foi definida como a cessação total do fluxo aéreo oronasal durante o sono ≥ 10 seg. e hipopneia como a redução de 50% do fluxo aéreo oronasal ≤ 10 seg, que se acompanha de um despertar transitório não consciente/microdespertares e/ou dessaturação da oxihemoglobina ≥ 4%. Apesar da hipersonolência diurna e o ressonar serem similares em ambos os grupos, verificou-se que um maior número de mulheres referia como sintoma major a insónia sendo as palpitações e o edema dos membros inferiores mais frequentes no sexo feminino. As mulheres com SAOS tinham uma maior prevalência de depressão (21% versus 7%), estando sob terapêutica com psicofármacos 25% em comparação com 8% da população masculina. O mesmo se verificou em relação ao hipotiroidismo (22% versus 4%) e a asma brônquica e alergias (35% versus 22%). Não houve diferenças estatisticamente significativas em relação a doenças cardíacas, HTA e diabetes mellitus. O consumo de álcool e de cafeína era inferior no sexo feminino.
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