Escolas, Complexidade e Investigação: Os Desafios Latentes
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/35255 |
Resumo: | O campo da educação tem vindo a ser caracterizado pela sua natureza complexa. Contudo, têm estado em falta reflexões que esclareçam o significado da complexidade; e os desafios que emergem da dialética complexidade-educação mantêm-se latentes, o que pode estar a contribuir para que o significado da expressão seja neutro e afastado da ciência. Portanto, o que queremos dizer quando, na educação, falamos de complexidade? Assim, nosso objetivo é contribuir para que a complexidade adquira um significado científico e partilhado nas Ciências da Educação e debater os seus impactos na investigação e intervenção educativa, através de um ensaio reflexivo. Começamos por propor que a expressão deve ter um entendimento polissémico, significando (a) a interação espontânea entre agentes simultaneamente livres, autónomos e interessados, (b) que resulta em incertezas e na emergência de adaptações. Para reflexão sobre os impactos que tal conceito tem na educação, tomamos os contrastes entre os sistemas simples e complexos. Quanto à sua natureza, os ambientes simples estão sujeitos a relações lineares e de causa-efeito; os ambientes complexos estão preenchidos de agentes livres e autónomos, cujas interações fazem emergir surpresas – traduzindo o caráter não linear do sistema. Em consequência, enquanto nos ambientes simples é possível fazer previsões seguras sobre o futuro a partir do conhecimento anterior e, consequentemente, reduzir o sistema a modelos fatoriais, nos sistemas complexos o conhecimento é sempre provisório e o sistema não pode ser captado por modelos redutores da realidade, uma vez que a exclusão de qualquer um dos seus agentes poderia significar a exclusão do fator que explicaria as evoluções. Metodologicamente, enquanto nos ambientes simples, podem ser implementadas atividades por planeamento, replicação de boas práticas e experimentação de fundamento linear, nos sistemas complexos procura-se compreender o que atrai os agentes e gerir as condições em que estes interagem, para que delas emerjam inovações. Nesse caso, a intervenção e a investigação sobre ambientes complexos, como as escolas, deve assentar na disposição do sistema; em experiências safe to fail; e na identificação dos pontos de atração. Assim, as Ciências da Educação estão desafiadas a renovar metodologias para que sejam coerentes com o caráter complexo, incerto e surpreendente da educação. |
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