De espaços de oração a espaços de fruição - a musealização de dois conventos mendicantes masculinas em Portugal - S. Francisco de Lisboa e Nossa Senhora dos Remédios em Évora

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tereno, Maria do Céu
Data de Publicação: 2020
Outros Autores: Monteiro, Maria Filomena, Tomé, Manuela
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/28712
Resumo: Resumo: A fundação de casas religiosas nas suas múltiplas vertentes contribuiu, não apenas para o desenvolvimento dos locais onde se implantaram, mas também dando origem por exemplo à criação de malha urbana, assim como a todo um acervo que foram constituindo ao longo do tempo, através da criação dos edifícios, na sua decoração, na pintura e estatuária com que os foram dotando, para além dos objetos litúrgicos, e de utilização quotidiana de que careciam, legando-nos um património notável. Estes conjuntos cenobíticos considerados como um todo, a que atualmente se atribui valor patrimonial, foram durante séculos bens de uso quotidiano. Com a extinção das ordens religiosas ficaram devolutos, e sujeitos às funções que desde então lhes foram atribuindo. Todo o seu conteúdo foi disperso, através de vendas em hasta pública, integrando coleções particulares ou estatais, em propriedade plena ou gerido por diferenciadas entidades e até, pontualmente, com fortes ligações a longínquos locais, sendo de difícil preservação pela dispersão geográfico-institucional. Não sendo viável a criação de museus específicos para cada um destes edifícios, não pode esquecer-se que alguns deles abrigaram peças de natureza vária, constituindo-se como museus. Pretende-se analisar o património composto por dois antigos conventos mendicantes (S. Francisco da Cidade em Lisboa e Nossa Senhora dos Remédios em Évora) perceber a sua evolução através da análise carto-iconográfica e comparar as intervenções realizadas diacronicamente, incidindo nas alterações mais recentes que os converteram em áreas museológicas. Fundamental é, também, percecionar a marca que estas casas religiosas deixaram nas duas cidades (como um legado que atravessou gerações e vicissitudes várias), e o contributo que deram para o respetivo desenvolvimento. A fundação do Convento de S. Francisco de Lisboa é descrita como tendo ocorrido em 1217, por vontade de D. Afonso II. Com as doações realizadas por diversos monarcas, esta casa religiosa adquiriu dimensões muito vastas, sendo conhecida, na época, por “cidade” de S. Francisco. É um amplo conjunto composto por espaços que na atualidade são utilizados pelos Museus Nacional de Arte Contemporânea e do Chiado (que abrangia o espaço da antiga Igreja de São Francisco) e alas conventuais, onde se situam a Faculdade de Belas Artes de Lisboa e Academia Nacional de Belas Artes. A antiga cerca foi retalhada dando origem a espaços habitacionais e de lazer. Este conjunto edificado foi classificado como Imóvel de Interesse Público no ano de 1993. Em Évora, o Convento de Carmelitas Descalços (convento masculino da Ordem dos Irmãos Descalços de Nossa Senhora do Monte do Carmo da Província de S. Filipe), foi dedicado a Nossa Senhora dos Remédios e é atualmente conhecido como Convento dos Remédios. Deveu a sua fundação ao então Bispo de Évora, D. Teotónio de Bragança, tendo sido a igreja sacralizada no ano de 1614. O Convento de Nossa Senhora dos Remédios foi classificado como Monumento de Interesse Público, em 2015. Este conjunto alberga atualmente núcleo de património da Câmara Municipal de Évora, áreas expositivas, a associação Eborae Música e o Conservatório Regional de Évora. Na antiga cerca foi instalado o Cemitério Municipal e respetivos serviços. Realizar-se-á um estudo comparativo do que ocorreu a ambos os conjuntos, utilizando como documentação indispensável a cartografia e iconografia conhecidas sobre estas cidades, bem como sobre os dois conventos em apreço, para além de outra documentação considerada relevante. Estes antigos cenóbios encontram-se localizados em duas cidades de características bem diferenciadas: a capital do país, adjacente ao Atlântico, e na foz do rio Tejo, e a capital de distrito, em região interior. Na primeira cidade, o convento situa-se no centro e em local proeminente da mesma, marcando a sua imagem, na segunda em local marginal à urbe, relativamente ao seu centro. Estas características influenciam, naturalmente o afluxo e tipo de visitantes, não obstante tratarem-se de cidades eminentemente turísticas. Estes dois fatores são essenciais para a futura conservação e transmissão deste património móvel à guarda destas duas instituições, bem como para a preservação dos edifícios. Considerando que estes dois antigos complexos conventuais albergam, também, instituições ligadas ao ensino das artes, este facto, potencia outro tipo de público e abordagens expositivas diferenciadas. Torna-se essencial a procura, e sequente adoção, de processos qualitativos eficazes tendentes a preservar e valorizar condignamente o remanescente de tão precioso legado histórico-cultural.
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spelling De espaços de oração a espaços de fruição - a musealização de dois conventos mendicantes masculinas em Portugal - S. Francisco de Lisboa e Nossa Senhora dos Remédios em ÉvoraMuseologia; Património; Conventos; Salvaguarda.Resumo: A fundação de casas religiosas nas suas múltiplas vertentes contribuiu, não apenas para o desenvolvimento dos locais onde se implantaram, mas também dando origem por exemplo à criação de malha urbana, assim como a todo um acervo que foram constituindo ao longo do tempo, através da criação dos edifícios, na sua decoração, na pintura e estatuária com que os foram dotando, para além dos objetos litúrgicos, e de utilização quotidiana de que careciam, legando-nos um património notável. Estes conjuntos cenobíticos considerados como um todo, a que atualmente se atribui valor patrimonial, foram durante séculos bens de uso quotidiano. Com a extinção das ordens religiosas ficaram devolutos, e sujeitos às funções que desde então lhes foram atribuindo. Todo o seu conteúdo foi disperso, através de vendas em hasta pública, integrando coleções particulares ou estatais, em propriedade plena ou gerido por diferenciadas entidades e até, pontualmente, com fortes ligações a longínquos locais, sendo de difícil preservação pela dispersão geográfico-institucional. Não sendo viável a criação de museus específicos para cada um destes edifícios, não pode esquecer-se que alguns deles abrigaram peças de natureza vária, constituindo-se como museus. Pretende-se analisar o património composto por dois antigos conventos mendicantes (S. Francisco da Cidade em Lisboa e Nossa Senhora dos Remédios em Évora) perceber a sua evolução através da análise carto-iconográfica e comparar as intervenções realizadas diacronicamente, incidindo nas alterações mais recentes que os converteram em áreas museológicas. Fundamental é, também, percecionar a marca que estas casas religiosas deixaram nas duas cidades (como um legado que atravessou gerações e vicissitudes várias), e o contributo que deram para o respetivo desenvolvimento. A fundação do Convento de S. Francisco de Lisboa é descrita como tendo ocorrido em 1217, por vontade de D. Afonso II. Com as doações realizadas por diversos monarcas, esta casa religiosa adquiriu dimensões muito vastas, sendo conhecida, na época, por “cidade” de S. Francisco. É um amplo conjunto composto por espaços que na atualidade são utilizados pelos Museus Nacional de Arte Contemporânea e do Chiado (que abrangia o espaço da antiga Igreja de São Francisco) e alas conventuais, onde se situam a Faculdade de Belas Artes de Lisboa e Academia Nacional de Belas Artes. A antiga cerca foi retalhada dando origem a espaços habitacionais e de lazer. Este conjunto edificado foi classificado como Imóvel de Interesse Público no ano de 1993. Em Évora, o Convento de Carmelitas Descalços (convento masculino da Ordem dos Irmãos Descalços de Nossa Senhora do Monte do Carmo da Província de S. Filipe), foi dedicado a Nossa Senhora dos Remédios e é atualmente conhecido como Convento dos Remédios. Deveu a sua fundação ao então Bispo de Évora, D. Teotónio de Bragança, tendo sido a igreja sacralizada no ano de 1614. O Convento de Nossa Senhora dos Remédios foi classificado como Monumento de Interesse Público, em 2015. Este conjunto alberga atualmente núcleo de património da Câmara Municipal de Évora, áreas expositivas, a associação Eborae Música e o Conservatório Regional de Évora. Na antiga cerca foi instalado o Cemitério Municipal e respetivos serviços. Realizar-se-á um estudo comparativo do que ocorreu a ambos os conjuntos, utilizando como documentação indispensável a cartografia e iconografia conhecidas sobre estas cidades, bem como sobre os dois conventos em apreço, para além de outra documentação considerada relevante. Estes antigos cenóbios encontram-se localizados em duas cidades de características bem diferenciadas: a capital do país, adjacente ao Atlântico, e na foz do rio Tejo, e a capital de distrito, em região interior. Na primeira cidade, o convento situa-se no centro e em local proeminente da mesma, marcando a sua imagem, na segunda em local marginal à urbe, relativamente ao seu centro. Estas características influenciam, naturalmente o afluxo e tipo de visitantes, não obstante tratarem-se de cidades eminentemente turísticas. Estes dois fatores são essenciais para a futura conservação e transmissão deste património móvel à guarda destas duas instituições, bem como para a preservação dos edifícios. Considerando que estes dois antigos complexos conventuais albergam, também, instituições ligadas ao ensino das artes, este facto, potencia outro tipo de público e abordagens expositivas diferenciadas. 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