Curvas de crescimento para pré-termos: qual a importância da sua escolha?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira da Silva, Luís
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.25754/pjp.2013.3074
Resumo: Na fase da vida em que a velocidade de crescimento é maior, o crescimento é um indicador da saúde global particularmente importante. É simples de ser avaliado (peso, comprimento e perímetro cefálico), mas o resultado das medições deve ser interpretado utilizando valores de referência adequados. Ao consultar a literatura e ao frequentar as reuniões de Neonatologia, transparece a falta de uniformidade na utilização de curvas de crescimento para crianças nascidas pré-termo. Para avaliar a somatometria ao nascer, as curvas de Fenton & Kim (BMC Pediatr 2013;13:59), publicadas muito recentemente, são um excelente instrumento, tornando todas as anteriores desactualizadas. Para monitorizar o crescimento pós-natal, antes de mais é necessário definir qual a opção do clínico: “valores padrão” ou “valores de referência”. Os primeiros, pretendem representar o crescimento ideal, enquanto os segundos descrevem como as crianças efectivamente crescem. Muitos clínicos preferem valores padrão, comparando o crescimento pós-natal com o de fetos saudáveis com idêntica idade de gestação, supostamente saudáveis. Para o efeito, as curvas de Fenton & Kim também poderiam constituir um bom instrumento até à idade de termo corrigida, dado que estas se baseiam namaior meta-análise alguma vez publicada sobre somatometria ao nascer de recém-nascidos de termo e pré-termo. A grande limitação no uso destes valores na monitorização pós-natal do crescimento reside no facto de não contemplarem a perda de peso que ocorre fisiologicamente nos primeiros dias de vida extra-uterina por contracção do espaço extravascular. A solução seria dispor valores de referência mais próximos do padrão, construídas a partir de coortes seleccionadas de recém-nascidos pré-termo, com o mínimo de factores de risco afectando quer o crescimento pré-natal quer o pós-natal. Foi precisamente o que ficou incumbido de desenvolver o consórcio internacional multicêntrico Intergrowth-21st sob o patrocínio da OMS (www.intergrowth21.org.uk). É difícil prever quando terminará este estudo e ficarão disponíveis tais curvas. Entretanto, é necessário continuar a escolher os valores mais adequados para apoiar a prática clínica. Neste contexto, a Secção de Neonatologia da SPP elegeu como prioridade a definição de critérios para a escolha de curvas de crescimento de crianças nascidas pré-termo (do nascimento até após alta hospitalar) e na II Reunião de Consensos, decorrida em Maio no corrente ano, foi aprovada uma recomendação, publicada no presente número.
id RCAP_49e128c11f61df736844c059399397c2
oai_identifier_str oai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/3074
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Curvas de crescimento para pré-termos: qual a importância da sua escolha?EditorialsNa fase da vida em que a velocidade de crescimento é maior, o crescimento é um indicador da saúde global particularmente importante. É simples de ser avaliado (peso, comprimento e perímetro cefálico), mas o resultado das medições deve ser interpretado utilizando valores de referência adequados. Ao consultar a literatura e ao frequentar as reuniões de Neonatologia, transparece a falta de uniformidade na utilização de curvas de crescimento para crianças nascidas pré-termo. Para avaliar a somatometria ao nascer, as curvas de Fenton & Kim (BMC Pediatr 2013;13:59), publicadas muito recentemente, são um excelente instrumento, tornando todas as anteriores desactualizadas. Para monitorizar o crescimento pós-natal, antes de mais é necessário definir qual a opção do clínico: “valores padrão” ou “valores de referência”. Os primeiros, pretendem representar o crescimento ideal, enquanto os segundos descrevem como as crianças efectivamente crescem. Muitos clínicos preferem valores padrão, comparando o crescimento pós-natal com o de fetos saudáveis com idêntica idade de gestação, supostamente saudáveis. Para o efeito, as curvas de Fenton & Kim também poderiam constituir um bom instrumento até à idade de termo corrigida, dado que estas se baseiam namaior meta-análise alguma vez publicada sobre somatometria ao nascer de recém-nascidos de termo e pré-termo. A grande limitação no uso destes valores na monitorização pós-natal do crescimento reside no facto de não contemplarem a perda de peso que ocorre fisiologicamente nos primeiros dias de vida extra-uterina por contracção do espaço extravascular. A solução seria dispor valores de referência mais próximos do padrão, construídas a partir de coortes seleccionadas de recém-nascidos pré-termo, com o mínimo de factores de risco afectando quer o crescimento pré-natal quer o pós-natal. Foi precisamente o que ficou incumbido de desenvolver o consórcio internacional multicêntrico Intergrowth-21st sob o patrocínio da OMS (www.intergrowth21.org.uk). É difícil prever quando terminará este estudo e ficarão disponíveis tais curvas. Entretanto, é necessário continuar a escolher os valores mais adequados para apoiar a prática clínica. Neste contexto, a Secção de Neonatologia da SPP elegeu como prioridade a definição de critérios para a escolha de curvas de crescimento de crianças nascidas pré-termo (do nascimento até após alta hospitalar) e na II Reunião de Consensos, decorrida em Maio no corrente ano, foi aprovada uma recomendação, publicada no presente número.Sociedade Portuguesa de Pediatria2013-10-22info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25754/pjp.2013.3074por2184-44532184-3333Pereira da Silva, Luísinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-08-03T02:53:44Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/3074Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:24:02.695476Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Curvas de crescimento para pré-termos: qual a importância da sua escolha?
title Curvas de crescimento para pré-termos: qual a importância da sua escolha?
spellingShingle Curvas de crescimento para pré-termos: qual a importância da sua escolha?
Pereira da Silva, Luís
Editorials
title_short Curvas de crescimento para pré-termos: qual a importância da sua escolha?
title_full Curvas de crescimento para pré-termos: qual a importância da sua escolha?
title_fullStr Curvas de crescimento para pré-termos: qual a importância da sua escolha?
title_full_unstemmed Curvas de crescimento para pré-termos: qual a importância da sua escolha?
title_sort Curvas de crescimento para pré-termos: qual a importância da sua escolha?
author Pereira da Silva, Luís
author_facet Pereira da Silva, Luís
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Pereira da Silva, Luís
dc.subject.por.fl_str_mv Editorials
topic Editorials
description Na fase da vida em que a velocidade de crescimento é maior, o crescimento é um indicador da saúde global particularmente importante. É simples de ser avaliado (peso, comprimento e perímetro cefálico), mas o resultado das medições deve ser interpretado utilizando valores de referência adequados. Ao consultar a literatura e ao frequentar as reuniões de Neonatologia, transparece a falta de uniformidade na utilização de curvas de crescimento para crianças nascidas pré-termo. Para avaliar a somatometria ao nascer, as curvas de Fenton & Kim (BMC Pediatr 2013;13:59), publicadas muito recentemente, são um excelente instrumento, tornando todas as anteriores desactualizadas. Para monitorizar o crescimento pós-natal, antes de mais é necessário definir qual a opção do clínico: “valores padrão” ou “valores de referência”. Os primeiros, pretendem representar o crescimento ideal, enquanto os segundos descrevem como as crianças efectivamente crescem. Muitos clínicos preferem valores padrão, comparando o crescimento pós-natal com o de fetos saudáveis com idêntica idade de gestação, supostamente saudáveis. Para o efeito, as curvas de Fenton & Kim também poderiam constituir um bom instrumento até à idade de termo corrigida, dado que estas se baseiam namaior meta-análise alguma vez publicada sobre somatometria ao nascer de recém-nascidos de termo e pré-termo. A grande limitação no uso destes valores na monitorização pós-natal do crescimento reside no facto de não contemplarem a perda de peso que ocorre fisiologicamente nos primeiros dias de vida extra-uterina por contracção do espaço extravascular. A solução seria dispor valores de referência mais próximos do padrão, construídas a partir de coortes seleccionadas de recém-nascidos pré-termo, com o mínimo de factores de risco afectando quer o crescimento pré-natal quer o pós-natal. Foi precisamente o que ficou incumbido de desenvolver o consórcio internacional multicêntrico Intergrowth-21st sob o patrocínio da OMS (www.intergrowth21.org.uk). É difícil prever quando terminará este estudo e ficarão disponíveis tais curvas. Entretanto, é necessário continuar a escolher os valores mais adequados para apoiar a prática clínica. Neste contexto, a Secção de Neonatologia da SPP elegeu como prioridade a definição de critérios para a escolha de curvas de crescimento de crianças nascidas pré-termo (do nascimento até após alta hospitalar) e na II Reunião de Consensos, decorrida em Maio no corrente ano, foi aprovada uma recomendação, publicada no presente número.
publishDate 2013
dc.date.none.fl_str_mv 2013-10-22
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://doi.org/10.25754/pjp.2013.3074
url https://doi.org/10.25754/pjp.2013.3074
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 2184-4453
2184-3333
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Sociedade Portuguesa de Pediatria
publisher.none.fl_str_mv Sociedade Portuguesa de Pediatria
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799133512792539136