O Rei-Saudade (monólogo)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.8/1628 |
Resumo: | A partir do drama de António Patrício, Pedro, o Cru, e da tragédia de António Ferreira, Castro, escrevi o monólogo O Rei-Saudade. Esta opção dramatúrgica deveu-se a uma intenção minha de realizar a respetiva encenação, onde irei assumir também o papel de ator. António Patrício situa o seu drama num tempo em que Pedro já é rei, sete anos após a morte de Inês. No entanto, eu pensei ser importante relembrar aos espetadores as circunstâncias que justificaram a morte da Castro. Por isso, nesta dramaturgia encaixei em Pedro, o Cru cenas da tragédia de Ferreira, de modo a que os espetadores contextualizassem a intriga em ambos os textos de partida e pudessem visualizar as situações cénicas ocorridas sete anos antes (representadas pela tragédia Castro), quando Inês foi assassinada. Portanto, esse recuo no tempo permite, simultaneamente, a apresentação do Conselho onde foi decidida a morte da Castro e a justificação para os comportamentos vingativos que Pedro assume no drama de Patrício. Apesar de ser um monólogo, n’ O Rei-Saudade confrontam-se três personagens: quem mata e morre – Pêro Coelho; quem ama e morre – Castro; quem ama e vinga – Infante / Pedro. Porém, nesta dramaturgia, a ‘presença’ da Castro é sumária e funciona como elemento desencadeador do desequilíbrio emotivo de Pedro, justificando o conflito entre o Rei-Saudade e o conselheiro. Por isso, esta dramaturgia contempla os momentos relacionados com a concretização da vingança sobre Pêro Coelho, mas destaca sintomas ‘alucinatórios’ de Pedro, que estão presentes na sua vontade em viver “bodas eternas” com Inês, no “outro reino”. Parece-me importante sublinhar a importância que tem, para mim, a integração da CENA XIII (O Rei-Saudade: 13). Esta cena provoca um efeito de rutura da ilusão teatral com a entrada de dois figurantes que, aparentemente, não têm qualquer relação nem com a intriga nem com as personagens. No entanto, devido às ações que os figurantes praticam e ao guarda-roupa que usam, verifica-se que esta situação ‘estranha’ transporta para cena informações que permitem identificar o protagonista (Pedro ou um ‘ator’) como um ‘doente’ que precisa de medicação para amenizar sintomas ‘psicóticos’ que foram sendo vinculados durante a representação. Embora não seja identificada a ‘doença’, pretende-se que os espetadores se questionem e reavaliem os juízos que foram desenvolvendo em relação ao desequilíbrio emocional do protagonista, aos delírios e às alucinações que ele foi ‘materializando’ em palco. A integração da CENA XIII é, portanto, o momento cénico em que poderá ser questionada a identificação do protagonista: é, de facto, uma personagem, Pedro, que se desdobra em Castro e Pêro Coelho; ou é um ‘ator’ que, por qualquer motivo desconhecido (motivo para especulação dos espetadores?), ‘encarna’ precisamente as personagens dos amores fatídicos de D. Pedro e Inês de Castro? |
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