Entre direitos consagrados e constrangimentos operacionais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sacramento, Octavio José Rio do
Data de Publicação: 2018
Outros Autores: Silva, Pedro Gabriel Gonçalves Pedro More...
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/10041
Resumo: O texto debate a gestão do acolhimento dos refugiados que chegaram a Portugal através do programa de reco- locação da União Europeia, em vigor entre 2015 e 2017. Confrontando os fundamentos político-jurídico-orga- nizacionais do asilo e a sua operacionalização através de respostas sociais concretas, a análise mostra-nos um sistema de acolhimento permeado por evidentes dissonâncias. Tutelado por sólidos princípios jurídicos huma- nistas, insuflado de boa vontade política e escorado numa significativa transversalidade organizacional, encon- tra-se ainda muito limitado por constrangimentos operacionais vários que se manifestam de forma particular- mente expressiva quando urge concretizar a proteção social anunciada no Direito e na retórica política. Esta clivagem estrutural resulta do posicionamento do próprio Estado português, que manifesta grande disponibili- dade para receber refugiados e propõe-se à sua instalação em linha com a lei e as recomendações internacionais, ao mesmo tempo que tende a desresponsabilizar-se do resto do processo, transferindo para as autarquias e as organizações da sociedade civil grande parte dos encargos do acolhimento, sem lhes proporcionar as condições adequadas a um efetivo cumprimento das responsabilidades atribuídas. Tal situação pode, pelo menos parcial- mente, tentar compreender-se tendo em conta que o sistema português de acolhimento à escala nacional é um empreendimento emergente, ainda sujeito a muitas contingências e com um longo caminho a percorrer. Porém, no presente, além de não assegurar a cabal realização de direitos, tem suscitado inúmeros e complexos desafios à intervenção a cargo das instituições locais, confrontando-as diariamente com a urgência de encontrar soluções para as necessidades das pessoas que acolhem.
id RCAP_4c0e84cf8985072181bb8984ab06783e
oai_identifier_str oai:repositorio.utad.pt:10348/10041
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Entre direitos consagrados e constrangimentos operacionaisRefugiadosEstadoDireitosAcolhimentoPortugalO texto debate a gestão do acolhimento dos refugiados que chegaram a Portugal através do programa de reco- locação da União Europeia, em vigor entre 2015 e 2017. Confrontando os fundamentos político-jurídico-orga- nizacionais do asilo e a sua operacionalização através de respostas sociais concretas, a análise mostra-nos um sistema de acolhimento permeado por evidentes dissonâncias. Tutelado por sólidos princípios jurídicos huma- nistas, insuflado de boa vontade política e escorado numa significativa transversalidade organizacional, encon- tra-se ainda muito limitado por constrangimentos operacionais vários que se manifestam de forma particular- mente expressiva quando urge concretizar a proteção social anunciada no Direito e na retórica política. Esta clivagem estrutural resulta do posicionamento do próprio Estado português, que manifesta grande disponibili- dade para receber refugiados e propõe-se à sua instalação em linha com a lei e as recomendações internacionais, ao mesmo tempo que tende a desresponsabilizar-se do resto do processo, transferindo para as autarquias e as organizações da sociedade civil grande parte dos encargos do acolhimento, sem lhes proporcionar as condições adequadas a um efetivo cumprimento das responsabilidades atribuídas. Tal situação pode, pelo menos parcial- mente, tentar compreender-se tendo em conta que o sistema português de acolhimento à escala nacional é um empreendimento emergente, ainda sujeito a muitas contingências e com um longo caminho a percorrer. Porém, no presente, além de não assegurar a cabal realização de direitos, tem suscitado inúmeros e complexos desafios à intervenção a cargo das instituições locais, confrontando-as diariamente com a urgência de encontrar soluções para as necessidades das pessoas que acolhem.2020-09-15T12:06:36Z2018-07-01T00:00:00Z2018-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/10041por2183-9220Sacramento, Octavio José Rio doSilva, Pedro Gabriel Gonçalves Pedro More...info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-24T03:42:19Zoai:repositorio.utad.pt:10348/10041Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-03-24T03:42:19Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Entre direitos consagrados e constrangimentos operacionais
title Entre direitos consagrados e constrangimentos operacionais
spellingShingle Entre direitos consagrados e constrangimentos operacionais
Sacramento, Octavio José Rio do
Refugiados
Estado
Direitos
Acolhimento
Portugal
title_short Entre direitos consagrados e constrangimentos operacionais
title_full Entre direitos consagrados e constrangimentos operacionais
title_fullStr Entre direitos consagrados e constrangimentos operacionais
title_full_unstemmed Entre direitos consagrados e constrangimentos operacionais
title_sort Entre direitos consagrados e constrangimentos operacionais
author Sacramento, Octavio José Rio do
author_facet Sacramento, Octavio José Rio do
Silva, Pedro Gabriel Gonçalves Pedro More...
author_role author
author2 Silva, Pedro Gabriel Gonçalves Pedro More...
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Sacramento, Octavio José Rio do
Silva, Pedro Gabriel Gonçalves Pedro More...
dc.subject.por.fl_str_mv Refugiados
Estado
Direitos
Acolhimento
Portugal
topic Refugiados
Estado
Direitos
Acolhimento
Portugal
description O texto debate a gestão do acolhimento dos refugiados que chegaram a Portugal através do programa de reco- locação da União Europeia, em vigor entre 2015 e 2017. Confrontando os fundamentos político-jurídico-orga- nizacionais do asilo e a sua operacionalização através de respostas sociais concretas, a análise mostra-nos um sistema de acolhimento permeado por evidentes dissonâncias. Tutelado por sólidos princípios jurídicos huma- nistas, insuflado de boa vontade política e escorado numa significativa transversalidade organizacional, encon- tra-se ainda muito limitado por constrangimentos operacionais vários que se manifestam de forma particular- mente expressiva quando urge concretizar a proteção social anunciada no Direito e na retórica política. Esta clivagem estrutural resulta do posicionamento do próprio Estado português, que manifesta grande disponibili- dade para receber refugiados e propõe-se à sua instalação em linha com a lei e as recomendações internacionais, ao mesmo tempo que tende a desresponsabilizar-se do resto do processo, transferindo para as autarquias e as organizações da sociedade civil grande parte dos encargos do acolhimento, sem lhes proporcionar as condições adequadas a um efetivo cumprimento das responsabilidades atribuídas. Tal situação pode, pelo menos parcial- mente, tentar compreender-se tendo em conta que o sistema português de acolhimento à escala nacional é um empreendimento emergente, ainda sujeito a muitas contingências e com um longo caminho a percorrer. Porém, no presente, além de não assegurar a cabal realização de direitos, tem suscitado inúmeros e complexos desafios à intervenção a cargo das instituições locais, confrontando-as diariamente com a urgência de encontrar soluções para as necessidades das pessoas que acolhem.
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018-07-01T00:00:00Z
2018-07
2020-09-15T12:06:36Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10348/10041
url http://hdl.handle.net/10348/10041
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 2183-9220
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv mluisa.alvim@gmail.com
_version_ 1817543087408283648