Red list of portuguese spiders: spatial patterns and conservation

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Branco, Vasco Veiga
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/39858
Resumo: Tese de mestrado, Ecologia e Gestão Ambiental, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2019
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spelling Red list of portuguese spiders: spatial patterns and conservationModelaçãoDistribuição de espéciesListas vermelhasArachnidaArthropodaSpecies distribuition modellingExtinçãoPenínsula IbéricaTeses de mestrado - 2019Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências BiológicasTese de mestrado, Ecologia e Gestão Ambiental, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2019A região Mediterrânica é considerada um hotspot de biodiversidade e a Península Ibérica não é excepção. Sendo uma amálgama de regiões biogeográficas mediterrânicas, atlânticas e alpinas, possui uma elevada riqueza endémica, mas também muitas ameaças, humanas e naturais. As zonas costeiras, por exemplo, são fortemente afectadas por turismo, levando a urbanização desregulada com as consequentes fragmentação e perda de habitats costeiros. Adicionalmente, a Península Ibérica é ameaçada por fogos durante um período significativo da sua estação seca, um factor que, apesar de natural e duradouro, tem sido exacerbado nos últimos anos devido a fraca gestão do terreno e às alterações climáticas. As aranhas constituem uma fracção significativa da fauna de artrópodes da Península Ibérica. São simultaneamente predadores cruciais na maior parte dos ecossistemas terrestres, consumindo uma grande quantidade de biomassa e explorando uma grande variedade de nichos, sendo uma fonte de potencial progresso tecnológico em áreas como a agricultura, medicina e engenharia. Infelizmente, tendem a ser organismos com limitada capacidade de dispersão e sensíveis a mudanças ambientais. De facto, a bibliografia sugere que, no caso de ameaças como os incêndios, as aranhas reagem de forma variável mas frequentemente rápida. De maneira a proteger estes organismos torna-se, portanto, essencial: 1) conhecer a sua distribuição, 2) estudar o seu estatuto de conservação e 3) avaliar as prioridades de conservação em termos espaciais. Estas linhas de actuação são, no entanto, dificultadas devido a constrangimentos sociais e científicos comuns à conservação de invertebrados. A distribuição e o valor de cada espécie são conceitos fundamentais. Sem uma base de dados com a distribuição geográfica destas espécies torna-se impossível quer a sua monitorização quer a elaboração de medidas concertadas para limitar as suas ameaças. Simultaneamente, sem uma análise da prioridade a nível do território e das espécies a conservar, é difícil alocar recursos em soluções eficazes, o que se traduzirá em perda de diversidade. Estes constrangimentos à conservação são facilmente observados na actual legislação europeia de preservação do ambiente. Há um enviesamento nos taxa que se encontram presentemente protegidos, não sendo a sua protecção representativa do risco de extinção destas espécies ou do seu verdadeiro valor enquanto elementos únicos da fauna local que incorporam, havendo uma sobre-representação de taxa com maiores dimensões, distribuídas em latitudes superiores e, de forma geral, esteticamente mais apelativas. De facto, a nível europeu e em Portugal, a tarântula Macrothele calpeiana (Walckenaer, 1805) é a única espécie de aranha que se encontra protegida por lei, estando presente no anexo IV da directiva Habitats. O uso de critérios objectivos para a priorização de esforços de conservação poderia resolver estes enviesamentos. A iniciativa das Listas Vermelhas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) visa precisamente tratar este problema através da realização de avaliações de risco de extinção que tentam ser objectivas e bem representativas de todos os taxa multicelulares. No entanto, apesar deste objectivo, também a IUCN apresenta grandes problemas de representação nesta iniciativa, mostrando enviesamentos semelhantes aos de outros programas como seja a Rede Natura 2000. Como tal, apesar da riqueza de aranhas endémicas em Portugal, apenas duas espécies de aranha foram avaliadas segundo os critérios da IUCN, Anapistula ataecina (Cardoso & Scharff, 2009) em Portugal Continental e Hogna ingens (Blackwall, 1857) no Arquipélago da Madeira, Ilhas Desertas. O projecto em que esta dissertação se insere tem, portanto, como principal objectivo abordar os actuais impedimentos à conservação das aranhas (Ordem: Araneae). Desta forma, e para tentar resolver os constrangimentos supracitados, procedeu-se a uma abordagem faseada cujos resultados se encontram escritos na forma de artigos científicos. O primeiro artigo, publicado na Zootaxa, “An update to the Iberian spider checklist (Araneae)”, é uma actualização a um catálogo de registos georreferenciados de aranhas para a Península Ibérica, originalmente publicado no início desta década. Neste artigo são descritas as actuais tendências na aracnologia ibérica como o número de registos e espécies por família e género, o número de espécies e novas espécies no seu global e ao longo das décadas, bem como outros valores descritivos e a sua variação por taxa e província. No final deste artigo está presente o catálogo actualizado em que se baseia e, salvo raras exceções, todos os dados usados correspondem aos dados usados nos dois artigos seguintes. Adicionalmente, estes dados podem ser consultados na sua íntegra online. No final de 2018, foram compilados 30834 registos, pertencentes a 1493 espécies, sendo 282 endémicas da Península Ibérica, distribuídas entre 56 famílias e 402 géneros. Estes dados representam um aumento, no número de espécies, de aproximadamente 14% nos últimos 9 anos. De todas as famílias encontradas na Península Ibérica, as Araneidae representam o maior número de registos (3315), as Linyphiidae a maior riqueza de espécies (302) e as Dysderidae a maior riqueza endémica (58). Considerando apenas a última década, as Linyphiidae exibem o maior número de registos (1417) e riqueza de espécies (49) e as Gnaphosidae a maior riqueza endémica (18). Olhando para todos os dados por província, o maior número de registos ocorreu nas Ilhas Baleares (1864) e em Barcelona (1287). A maior riqueza de espécies está em Huesca (474) e Barcelona (470). No entanto, é nas Ilhas Baleares que se encontra a maior riqueza endémica (43), seguida de Beja e Faro (39). Considerando apenas a última década, as Ilhas Baleares (901) e Girona (806) possuíram o maior números de registos. Ciudad Real (191) e León e Lleida (188) apresentaram a maior nova riqueza de espécies. A maior nova riqueza endémica foi encontrada em Faro (16), seguida de Almería e Cádiz (13). O segundo artigo, aceite pelo Biodiversity Data Journal, “Species conservation profiles of spiders (Araneae) endemic to mainland Portugal”, é uma compilação de “Species Conservation Profiles” de 42 espécies, 41 endémicas em Portugal e uma não endémica, Macrothele calpeiana (Walckenaer, 1805), que se encontra desta forma avaliada devido ao seu estatuto como única espécie de aranha protegida na Europa e à possibilidade de as suas populações portuguesas pertencerem na verdade a uma espécie distinta. Adicionalmente, nos resultados deste artigo considera-se também a espécie Anapistula ataecina (Cardoso & Scharff, 2009), que já tinha sido avaliada anteriormente. As 43 espécies consideradas neste artigo pertencem a 15 famílias, sendo as mais ricas as famílias Zodariidae, Dysderidae, Linyphiidae e Gnaphosidae. Em geral, e apesar de uma grande falta de informação, conseguiram ser identificados alguns padrões e tendências. Apenas 18 espécies possuíam dados suficientes para modelar o seu EOO (extent of occurrence) e AOO (area of occupancy). Destas, modelou-se a distribuição de 14 espécies epígeas, das quais oito são comuns em termos geográficos (EOO < 20000 km2 e AOO < 2000 km2). As restantes seis cumpriam pelo menos um critério para espécies ameaçadas. As restantes 25 não possuíam dados fidedignos quanto à sua distribuição. Apenas 9 das 43 espécies se estimam estar em declínio, sendo que 11 estão estáveis e da maioria (23) não se possui informação quanto à tendência populacional. O terceiro artigo, em preparação, “Biodiversity patterns and spatial conservation prioritization for Iberian spiders” é uma análise espacial do território ibérico quanto à sua importância para a conservação de aranhas endémicas da Península Ibérica. Para este fim realizou-se uma análise do território português segundo várias métricas de diversidade geral (species richness, beta total, beta replacement, beta richness, summed rarity, maximum rarity) e diversidade funcional e filogenética (summed contribution, maximum contribution, alpha diversity), bem como a avaliação de áreas de conservação prioritária através do método fraction-of-spare. Existem muitas áreas comuns entre os padrões criados com métricas de diversidade geral. Algumas regiões parecem ser universais na sua importância: cadeias montanhosas, rios e linhas de costa. Alguma desta importância poderá ser explicada apenas pela geografia. A distância aos Pirenéus, e consequentemente ao resto da Europa, implica que o sudoeste ibérico seja particularmente distinto na maioria das análises tendo em conta apenas as espécies endémicas. A riqueza das espécies quando fracionada pelas famílias mais ricas produziu padrões consistentes. Famílias com distribuições mediterrânicas (Dysderidae, Zodariidae, Gnaphosidae) possuem maior riqueza a Sul da Península e famílias com distribuições europeias (Linyphiidae, Agelenidae) possuem maior riqueza a Norte da Península. A análise da diversidade funcional e filogenética revelou padrões distintos bastante influenciados pela distribuição de espécies com elevada singularidade funcional ou filogenética entre os endemismos, como Araneus bonali (Morano, 2018), Erigonoplus castellanus (O. Pickard-Cambridge, 1875), Pimoa breuili (Fage, 1931) e M. calpeiana. Finalmente, o método usado na criação de áreas de conservação prioritária alcançou resultados coerentes e próximos com as várias medidas de diversidade usadas.Current Portuguese and European spider conservation efforts host a number of observable biases that could be tackled with comprehensive geographical knowledge, objective understanding of species’ extinction risks and their value. For this purpose, we performed a comprehensive analysis of arachnology in Portugal and the Iberian Peninsula by updating an existing spider database, examining current trends in arachnology in the Iberian Peninsula, evaluating Portuguese endemics’ extinction risks according to IUCN criteria and evaluating Portuguese territory according to its importance towards the conservation of Iberian endemic spider richness. By the end of 2018, a total of 30834 records had been compiled in the Iberian Spider Checklist. These belong to 1493 species, 282 of those endemic to the peninsula, across 56 families and 402 genera. This represents an increase of approximately 14% in the number of species since the checklist was initially published nine years ago. From all families found in the Iberian Peninsula, Araneidae represent the highest number of records (3315), Linyphiidae the highest species richness (302) and Dysderidae the highest endemic richness (58). When considering only the 2010 decade, Linyphiidae lead in both number of records (1417) and species (49), but Gnaphosidae have the highest newly described endemic richness (18). When looking at the full data per province, the largest number of records are located in Illes Balears (1864), followed by Barcelona (1287). When it comes to species, Huesca (474) and Barcelona (470) are the richest provinces. However, it is Illes Balears that possesses the largest known endemic richness (43), followed by Beja and Faro (39). Regarding the last decade, Illes Balears received the largest sampling effort with 901 records, followed by Girona (806). Ciudad Real had the highest increase in known richness with 191 new species to the province, followed by León and Lleida (188). New endemic species were found the most in Faro (16), followed by Almería and Cádiz (13). Forty two spider species endemic to Portugal were assessed, including Anapistula ataecina which had already been assessed. One non-endemic species, Macrothele calpeiana, was also assessed. In total, the 43 assessed species belong to 15 different families, the richest being Zodariidae, Dysderidae, Linyphiidae and Gnaphosidae. In general, and despite a lack of information on more than half the species, general patterns and trends could be found. Only 18 species had enough data to allow their EOO (extent of occurrence) and AOO (area of occurrence) to be quantified. Of these species, 14 epigean species had their distribution modelled and 8 of these species were found to be widespread (EOO > 20000 km2 and AOO > 2000 km2). The remaining 6 species fulfilled at least one of the criteria for threatened species. 4 species are troglobiont, all of them meeting the EOO and AOO thresholds for threatened species. The remaining 25 Portuguese endemic had no reliable information on their range. Only 9 species out of the 43 assessed are estimated to be in decline, 11 are stable and the majority (23) of species have no information on population trends. Forest areas, sand dunes, shrublands and caves host the majority of species. The threats to Portuguese endemics are equally reflected in the diversity of habitats that they inhabit. Urbanization and climate change seem to be the most important threats to these species, although other threats are important and represented in the data. A considerable portion of assessed species occur in national protected areas, with highest prominence in the Serras de Aire e Candeeiros, Douro Internacional, Vale do Guadiana, Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, and Arrábida Natural Parks. These mostly correspond with areas that have been particularly well sampled during the last two decades. A lot of common area exists between the all general diversity patterns observed. Some geological features seem universal in their importance: mountainous regions, rivers and coast lines. Some of this importance could be explained by Pleistocene climate phenomena. There is usually a gradient between coastal regions and more continental regions and the Iberian southwest is particularly rich in a number of analyses. When fractioned by the families with the highest endemic species count, species richness yielded results consistent with established literature. Functional and phylogenetic diversity analysis revealed distinct patterns heavily influenced by the distribution of highly diverse species such as Araneus bonali (Morano, 2018), Erigonoplus castellanus (O. Pickard-Cambridge, 1875), Pimoa breuili (Fage, 1931) and M. calpeiana. Lastly, the method used in the creation of conservation areas yielded coherent results close to other diversity metrics. Additional methods were considered but not implemented.Rebelo, Maria Teresa Ferreira Ramos Nabais de Oliveira,1964-Cardoso, Pedro Miguel Bondoso,1976-Repositório da Universidade de LisboaBranco, Vasco Veiga2020-10-13T00:30:20Z201920192019-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/39858TID:202292240enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:38:49Zoai:repositorio.ul.pt:10451/39858Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:53:38.690179Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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