Avaliação do Impacte da Poluição Atmosférica na Saúde: Uma aplicação aos concelhos de Matosinhos, Maia, Valongo e Lisboa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nicolau, Rita
Data de Publicação: 2010
Outros Autores: Machado, Ausenda
Tipo de documento: Relatório
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.18/403
Resumo: Este estudo visou a estimação de efeitos na mortalidade e no internamento hospitalar diário ocasionados pela exposição de curto prazo a diversos poluentes atmosféricos, nomeadamente, partículas em suspensão na atmosfera com dimensão inferior a 10 μm (PM10), dióxido de azoto (NO2), dióxido de enxofre (SO2), ozono (O3) e monóxido de carbono (CO). O impacte de cada poluente sobre a mortalidade e sobre os internamentos foi avaliado em três concelhos da Área Metropolitana do Porto (Maia, Valongo e Matosinhos), e no concelho de Lisboa com base em dados relativos ao período 2000-2004 (mortalidade) e 2000-2007 (internamentos hospitalares). Metodologia: Os modelos identificados para cada concelho, procuraram investigar a possível associação existente entre a mortalidade diária, ou os internamentos hospitalares diários, e a concentração média diária de cada poluente, com controlo de aspectos temporais (tais como, o dia, ano, mês, semestre, feriados e fins de semana) e de efeitos ocasionados por variáveis de confundimento e/ou modificadoras (tais como, a temperatura atmosférica e períodos de actividade gripal sazonal). Para modelar esta associação utilizaram-se regressões de Poisson desenvolvidas a partir de Modelos Aditivos Generalizados (GAM). As contagens diárias de óbitos e de internamentos hospitalares (decorrentes de admissões às urgências) foram inicialmente agregadas por concelhos de residência dos indivíduos. A análise destes eventos foi estratificada pelos seguintes grupos de doença: i. todas as causas excepto causas externas, ii. doenças do aparelho circulatório, iii. doenças do aparelho respiratório. As estimativas do efeito de cada poluente foram expressas em termos do risco relativo (de morte ou de internamento hospitalar) atribuível a um incremento de 10 µg/m3 na concentração diária do poluente. Resultados: O presente estudo comprovou que os poluentes atmosféricos analisados (PM10, NO2, SO2, O3 e CO) tiveram efeitos estatisticamente significativos na mortalidade e no internamento hospitalar dos residentes nos concelhos estudados (Matosinhos, Maia, Valongo e Lisboa). Os efeitos identificados correspondem a acréscimos do número médio diário de óbitos ou de internamentos. Observou-se que os efeitos na saúde foram substancialmente maiores nas doenças dos aparelhos respiratório e circulatório do que no total de doenças. Em cada grupo de doença, verificou-se a existência de maiores riscos de internamento na população jovem (≤14 anos), riscos intermédios para os idosos (≥65 anos) e menores riscos para a totalidade da população. Demonstrou-se que os efeitos na mortalidade na população com 65 e mais anos foram superiores aos estimados para a população geral. A investigação não permitiu contudo comprovar a existência de efeitos de maior magnitude na mortalidade de jovens, devido ao reduzido número de óbitos neste grupo etário.
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