Descompactação do solo, preparação da cama da semente e enterramento de resíduos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barros, José
Data de Publicação: 2011
Outros Autores: Calado, José
Tipo de documento: Livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/3109
Resumo: Além do controlo de infestantes, também a descompactação do solo, a preparação da cama da semente e o enterramento de resíduos, adubos e correctivos fazem parte dos objectivos a atingir com a mobilização do solo. A compactação poderá ser devida às próprias características físicas do solo como sucede nos solos mediterrânicos, cartografados como Pm, Pmg, Pgn, Vm, etc., ou ser resultado da passagem de alfaias pesadas como a charrua de aivecas e a grade de discos que compactam o solo quando este se encontra no estado plástico. Também a fresa é uma alfaia, que devido ao seu sistema de facas, compacta o solo e até mais à superfície que as duas alfaiais anteriormente mencionadas. A compactação física nos horizontes B dos solos mediterrânicos é resultado da predominância de minerais de argila pouco expansíveis nesses horizontes, como sejam a caulinite que é um mineral de argila tipo 1:1 e portanto pouco expansível e, a ilite que apesar de ser um mineral de argila tipo 2:1 é igualmente pouco expansível. Estes minerais conferem a esse horizonte baixa porosidade biológica, com consequência no crescimento das raízes das culturas e na infiltração da água. Assim, as culturas têm grandes dificuldades em explorar um maior volume de solo o que se reflecte na absorção de água e nutrientes com consequência na redução da produção. Por outro lado, pelo facto da taxa de infiltração da água no horizonte B ser reduzida, os solos mediterrânicos encharcam com facilidade, provocando muitas vezes asfixia radicular e consequente morte das plantas, sendo este facto agravado em declives pouco acentuados. Por todas estas razões, os agricultores têm necessidade de descompactar estes solos. No entanto, se não se tomarem medidas adicionais à descompactação, o resultado obtido com esta operação poderá ser muito pouco eficaz, porque ao fim de algum tempo após a descompactação o solo tem tendência a voltar à posição inicial, ou seja, à forma compactada. Por isso, depois da descompactação, o agricultor deverá privilegiar a introdução de uma cultura que produza um volume significativo de raízes de modo a que quando o solo tenda novamente a compactar encontre essas raízes, as quais permitirão a manutenção da porosidade biológica criada por essa operação. As melhores opções culturais ao dispor do agricultor para este efeito são os cereais de Outono/Inverno, nomeadamente o trigo e a aveia. Quando a compactação do solo é provocada pela passagem de máquinas pesadas o problema é de mais fácil resolução, pois basta descompactar a camada de solo compactada, porque nesta situação o solo não terá tendência a voltar à situação de compactação e só compactará novamente se o agricultor voltar a passar com as alfaias pesadas que referimos anteriormente. É de referir, que quando o agricultor adoptar a sementeira directa como técnica de instalação das culturas, são as próprias raízes dessas culturas que ao longo do tempo, irão criar porosidade biológica no perfil do solo. No entanto, este tema merecerá abordagem em outras publicações. Outro objectivo da mobilização do solo é a preparação da cama da semente. Com a preparação da cama da semente visa criar-se uma estrutura na cama superficial que permita o contacto entre solo e a semente e, em consequência, a transferência de água do solo para a semente, de modo a provocar a sua germinação. A estrutura criada com a preparação da cama da semente poderá ser mais fina (agregados mais pequenos) ou mais grosseira (agregados maiores) em função do teor de humidade e do calibre das sementes da cultura a instalar. O teor de humidade, por sua vez, é função da época do ano em que se realiza a sementeira, sendo essa humidade normalmente menor no inicio do Outono e no final da Primavera e, maior em meados e finais de Outono e início da Primavera. As alfaias utilizadas dependerão da estrutura da cama de semente pretendida (mais fina ou mais grosseira), sendo a fresa e a grade de discos, aquelas que melhor esmiúçam o solo e que permitem camas de semente com agregados de menor dimensão. Quando se pretende uma cama de semente mais grosseira, o escarificador será uma opção de equipamento a utilizar. A utilização dos chamados semeadores convencionais só é possível com o solo mobilizado superficialmente e livre de resíduos. Por vezes, o agricultor tem necessidade de se ver livre dos resíduos deixados no solo pelas culturas (palha e restolho), de enterrar adubos, principalmente fosfatados, mas também potássicos, de enterrar fertilizantes, correctivos, etc. Quando o objectivo é fazer esse enterramento ao longo do perfil do solo, o agricultor deverá optar por utilizar a charrua de aivecas, mas quando pretende apenas misturar os resíduos nas primeiras camadas de solo, então deverá utilizar a grade de discos. Portanto, o enterramento de resíduos é outro objectivo que se consegue com a mobilização do solo.
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Por todas estas razões, os agricultores têm necessidade de descompactar estes solos. No entanto, se não se tomarem medidas adicionais à descompactação, o resultado obtido com esta operação poderá ser muito pouco eficaz, porque ao fim de algum tempo após a descompactação o solo tem tendência a voltar à posição inicial, ou seja, à forma compactada. Por isso, depois da descompactação, o agricultor deverá privilegiar a introdução de uma cultura que produza um volume significativo de raízes de modo a que quando o solo tenda novamente a compactar encontre essas raízes, as quais permitirão a manutenção da porosidade biológica criada por essa operação. As melhores opções culturais ao dispor do agricultor para este efeito são os cereais de Outono/Inverno, nomeadamente o trigo e a aveia. 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Por vezes, o agricultor tem necessidade de se ver livre dos resíduos deixados no solo pelas culturas (palha e restolho), de enterrar adubos, principalmente fosfatados, mas também potássicos, de enterrar fertilizantes, correctivos, etc. Quando o objectivo é fazer esse enterramento ao longo do perfil do solo, o agricultor deverá optar por utilizar a charrua de aivecas, mas quando pretende apenas misturar os resíduos nas primeiras camadas de solo, então deverá utilizar a grade de discos. 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