Utilização da monitorização domiciliária da pressão arterial numa consulta hospitalar de hipertensão : impactos e implicações

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Juliana Patrícia Sousa Ferreira
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/1050
Resumo: Introdução: Apesar do aumento da utilização da monitorização domiciliária da pressão arterial (MDPA) descrito nas últimas décadas e da realização de vários estudos de intervenção que comprovam a sua validade, existe apenas uma quantidade restrita de informação quanto à forma real como profissionais de saúde e utentes têm utilizado esta técnica ou mesmo quanto à prevalência da sua adopção. Neste contexto, torna-se importante compreender e reconhecer os factores com relevância para a realização de MDPA. O principal objectivo deste estudo é analisar de que forma a monitorização domiciliária é utilizada como método de optimização e controlo da pressão arterial (PA), nos utentes de uma consulta especializada de hipertensão. Métodos: Foi realizado um estudo transversal de uma amostra de doentes da Consulta de Hipertensão e Dislipidemias do Centro Hospitalar Cova da Beira, no período compreendido entre Janeiro e Março de 2011. Os dados foram recolhidos durante a visita do doente através de um questionário estruturado aplicado presencialmente pelo investigador e num segundo tempo através da consulta de processos clínicos. Resultados: Dos 139 doentes hipertensos observados no estudo (média de idades 58,53 ± 11,93 anos, 59,7% do sexo feminino, média de valores de PA em medição casual de 138,68/86,00 mmHg), 77 (55,4%) realizavam regularmente MDPA. Os valores de PA obtidos por medição casual (MC) revelaram-se significativamente mais elevados que os obtidos por MDPA, tanto para PA sistólica (139,85 ± 17,41 vs 132,33 ± 12,90 mmHg; p=0,001) como para PA diastólica (84,49 ± 9,73 vs 77,85 ± 7,99 mmHg; p=0,019). A MDPA mostrou estar associada a uma maior taxa de controlo de PA (54,1% vs 41,0%, p=0,004). Os doentes que realizavam MDPA eram mais velhos (61,04 vs 55,4; p=0,005), reformados em maior número (59,7% vs 33,9%; p=0,008), com maior prevalência de doença coronária isquémica (DCI) (11,7% vs 1,6%; p=0,043) e apresentavam mais alterações ecocardiográficas (73,1% vs 53,8%; p=0,029), nomeadamente hipertrofia ventricular esquerda (13,4% vs 1,9%; p=0,041) e disfunção diastólica do ventrículo esquerdo (70,1% vs 44,2%; p=0,004). Adicionalmente, adoptavam maioritariamente uma alimentação hipossalina (90,0% vs 54,8%; p<0,001), mais rica em vegetais, frutas, lacticínios, com baixo teor de gordura (76,6% vs 46,8%; p<0,001) e realizavam exercício físico de forma regular (40,3% vs 24,2%; p=0,045). Nos doentes com mais de 65 anos, verificou-se uma diferença estatisticamente significativa entre os valores de PA obtidos por MDPA e MC, tanto para a PA sistólica (146,50 vs 137,96 mmHg; p=0,034) como para a PA diastólica (83,50 vs 75,77 mmHg; p=0,002). Discussão: Este estudo demonstra que a MDPA é amplamente utilizada pelos doentes hipertensos acompanhados em ambiente especializado e que esta metodologia está associada a um aumento significativo da proporção de valores controlados da PA. A MDPA mostrou ser adoptada maioritariamente por doentes mais velhos e reformados, com maior número de alterações ecocardiográficas, nomeadamente HVE e disfunção diastólica do ventrículo esquerdo e, com maior prevalência de DCI. Estes, na globalidade, adoptavam um estilo de vida mais saudável, quer pelos hábitos nutricionais, quer pela realização de actividade física de forma regular. Uma das consequências clínicas mais importantes da MDPA foi a capacidade de demonstração do efeito de hipertensão de bata branca, especialmente verificado nos idosos.
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