Partículas de polietileno e osteólise periprotética da anca: aspetos biológicos e tribológicos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Brandão, A
Data de Publicação: 2013
Outros Autores: Lucas, F, Joaquim, G, Judas, F
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.4/1590
Resumo: Os excelentes resultados alcançados a curto e médio prazo com as artroplastias totais da anca não resistem à prova do tempo. Com efeito, à semelhança do que acontece com todas as outras artroplastias de substituição articular aplicadas em cirurgia ortopédica, o desgaste tribológico dos biomateriais incluídos na sua composição, conduz à formação de partículas, as quais estão na origem de reações de intolerância biológica, reações “a corpo estranho” (nomeadamente as partículas de polietileno). As partículas de polietileno promovem a estimulação de células da linhagem macrofágica, neutrófilos polimorfonucleares, fibroblastos, osteoblastos e de outras células que induzem a produção de citocinas, quimiocinas, ácido nítrico, prostaglandinas, metaloproteínases e enzimas lisossómicas, todas substâncias pró-inflamatórias. Estes mediadores da inflamação estão sob controlo direto do recetor ativador do fator kappa B (RANK) e do seu ligando (RANKL), da interleucina 1, 6 e 8, da proteína quimiotática macrofágica e de outros fatores. Estes mecanismos celulares levam à produção de fatores inflamatórios, que atuam por mecanismos autócrinos e parácrinos, com o consequente aumento desregulado da diferenciação, maturação e ativação de osteoclastos, provocando uma destruição local de tecido ósseo, isto é, uma perda de substância óssea (osteólise), a qual é causa de desprendimento da prótese levando à inevitável falência mecânica da artroplastia. Com o propósito de diminuir o número das partículas de desgaste do polietileno resultantes do contacto tribológico articular, surgiram nos últimos anos polietilenos altamente reticulados, que expressam uma modificação da estrutura intrínseca por irradiação como mecanismo principal. Os resultados no laboratório e clínicos, particularmente em próteses da anca e do joelho, apontam no sentido de uma melhoria em relação ao polietileno de peso molecular ultra-elevado, muito embora não haja tempo de recuo suficiente para confirmar estas primeiras impressões. De facto, a reticulação do polietileno reduz, também, as suas propriedades mecânicas, incluindo a resistência à propagação de fissuras de fadiga. Para além disso, as suas partículas, embora em menor número, apresentam uma maior reatividade biológica. Os mecanismos envolvidos na atividade biológica desencadeada pelas partículas de desgaste de polietileno são complexos. Novos biomateriais mais resistentes ao desgaste tribológico produzindo partículas biologicamente menos ativas poderão, muito provavelmente, minimizar quer a quantidade de partículas de desgaste produzidas quer a osteólise periprotética. Neste contexto, fármacos modeladores da resposta biológica às partículas, poderão contribuir para uma ainda maior longevidade dos implantes protéticos.
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