Tocilizumab no Tratamento da Orbitopatia de Graves
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Data de Publicação: | 2023 |
Outros Autores: | , , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.48560/rspo.25963 |
Resumo: | Introdução: A orbitopatia de Graves (GO) é uma doença inflamatória autoimune com tratamento desafiante e algo controverso. As opções terapêuticas na doença ativa moderada a grave podem incluir a terapêutica endovenosa com corticoides, outros imunomoduladores, radioterapia ou descompressão cirúrgica da órbita. O Clinical Activity Score (CAS) é uma escala clínica que quantifica os sinais e sintomas da doença, permitindo avaliar o grau de actividade e prever a resposta clínica ao tratamento. O tocilizumab é um anticorpo monoclonal humanizado contra o receptor da interleucina-6. Estudos recentes relatam a sua eficácia no tratamento da GO ativa refractária à terapêutica com corticosteróides IV tratados com tocilizumab. Métodos: Foi realizada uma análise retrospetiva de catorze doentes com GO activo, com um CAS ≥ 4, resistente ao tratamento com metilprednisolona IV. Os doentes foram submetidos a tratamento IV mensal com tocilizumab (8 mg/kg de peso) durante 4 a 8 meses. Foi analisado e registado a acuidade visual, o CAS, a exoftalmometria de Hertel, a motilidade ocular e os níveis de Trab (anticorpos anti-receptor de TSH) antes e depois do tratamento. Resultados: Foram incluídos catorze doentes, com idade mediana de 47 anos (variação de 37 a 72 anos) no início do tratamento e um período médio de acompanhamento de 37 meses (variação de 4 a 48 meses). Treze de catorze doentes apresentaram uma melhoria anatómica e funcional gradual da GO, com redução do score CAS, diminuição dos níveis de Trab (redução mediana de 5,77 U/L) e diminuição (10 de 14 doentes) ou estabilização da proptose (3 de 14 doentes). Um doente manteve a doença ativa (doença CAS ≥ 3) necessitando de mais sessões de tocilizumab. No entanto existem efeitos adversos associados, como anormalidades no perfil lipídico ou na função hepática e aumento do risco de infeções graves. Dois doentes desenvolveram neutropenia transitória, mas não implicou a suspensão do tratamento. Conclusão: As opções terapêuticas utilizadas para a GO ativa moderada a grave, como a terapêutica com corticoides ou a radioterapia, podem ter resultados dececionantes, oferecendo apenas uma resposta parcial com a recorrência da doença. Assim, a utilização de novos fármacos imunossupressores, como o tocilizumab, com uma ação terapêutica mais direcionada, pode apresentar resultados promissores. Apesar da amostra reduzida, os nossos resultados sugerem que o tocilizumab pode ser eficaz no tratamento da doença tiroideia em doentes com GO ativo refratário aos corticoides. |
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Tocilizumab no Tratamento da Orbitopatia de GravesTocilizumab no Tratamento da Orbitopatia de GravesArtigos OriginaisIntrodução: A orbitopatia de Graves (GO) é uma doença inflamatória autoimune com tratamento desafiante e algo controverso. As opções terapêuticas na doença ativa moderada a grave podem incluir a terapêutica endovenosa com corticoides, outros imunomoduladores, radioterapia ou descompressão cirúrgica da órbita. O Clinical Activity Score (CAS) é uma escala clínica que quantifica os sinais e sintomas da doença, permitindo avaliar o grau de actividade e prever a resposta clínica ao tratamento. O tocilizumab é um anticorpo monoclonal humanizado contra o receptor da interleucina-6. Estudos recentes relatam a sua eficácia no tratamento da GO ativa refractária à terapêutica com corticosteróides IV tratados com tocilizumab. Métodos: Foi realizada uma análise retrospetiva de catorze doentes com GO activo, com um CAS ≥ 4, resistente ao tratamento com metilprednisolona IV. Os doentes foram submetidos a tratamento IV mensal com tocilizumab (8 mg/kg de peso) durante 4 a 8 meses. Foi analisado e registado a acuidade visual, o CAS, a exoftalmometria de Hertel, a motilidade ocular e os níveis de Trab (anticorpos anti-receptor de TSH) antes e depois do tratamento. Resultados: Foram incluídos catorze doentes, com idade mediana de 47 anos (variação de 37 a 72 anos) no início do tratamento e um período médio de acompanhamento de 37 meses (variação de 4 a 48 meses). Treze de catorze doentes apresentaram uma melhoria anatómica e funcional gradual da GO, com redução do score CAS, diminuição dos níveis de Trab (redução mediana de 5,77 U/L) e diminuição (10 de 14 doentes) ou estabilização da proptose (3 de 14 doentes). Um doente manteve a doença ativa (doença CAS ≥ 3) necessitando de mais sessões de tocilizumab. No entanto existem efeitos adversos associados, como anormalidades no perfil lipídico ou na função hepática e aumento do risco de infeções graves. Dois doentes desenvolveram neutropenia transitória, mas não implicou a suspensão do tratamento. Conclusão: As opções terapêuticas utilizadas para a GO ativa moderada a grave, como a terapêutica com corticoides ou a radioterapia, podem ter resultados dececionantes, oferecendo apenas uma resposta parcial com a recorrência da doença. Assim, a utilização de novos fármacos imunossupressores, como o tocilizumab, com uma ação terapêutica mais direcionada, pode apresentar resultados promissores. Apesar da amostra reduzida, os nossos resultados sugerem que o tocilizumab pode ser eficaz no tratamento da doença tiroideia em doentes com GO ativo refratário aos corticoides.Introduction: Graves orbitopathy (GO) is an autoimmune inflammatory disease with a challenging and somewhat controversial treatment. Therapeutic options in moderate to severe active disease may include intravenous (iv) corticosteroid therapy, other immunomodulators, radiotherapy or surgical decompression of the orbit. The Clinical Activity Score (CAS) is a clinical scale that quantifies signs and symptoms of the disease, allowing the evaluation of the degree of activity and prediction of clinical response to treatment. Tocilizumab is a humanized monoclonal antibody against the interleukin-6 receptor. Recent studies report its effectiveness in treating active GO refractory to IV corticosteroid therapy. The purpose of this study is to present fourteen cases of GO resistant to IV corticosteroid therapy treated with tocilizumab. Methods: We conducted a retrospective analysis of fourteen patients with active GO, with a CAS ≥ 4, resistant to IV methylprednisolone treatment. The patients were then submitted to monthly IV treatment with tocilizumab (8 mg/kg weight) for 4 to 8 months. We recorded and analysed visual acuity, CAS, Hertel exophthalmometry, ocular motility, and Trab levels (anti-TSH receptor antibodies) before and after treatment. Results: We included fourteen patients, with a median age of 47 years (range 37 – 72 years) at the beginning of treatment, and a mean follow-up period of 37 months (range 4 to 48 months). Thirteen of the fourteen patients showed gradual anatomical and functional improvement of GO, with a reduction of the CAS score, decrease Trab levels (median reduction of 5.77 U/L), and decreased (10 of 14 patients) or stabilized proptosis (3 of 14 patients). One patient maintained active disease (CAS ≥ 3) requiring more tocilizumab sessions. However, there are adverse events such as abnormalities in the lipid profile or liver function and increased risk of serious infections. Two patients developed transient neutropenia, which did not require treatment cessation. Conclusion: Therapeutic options used for moderate to severe active GO, such as corticosteroid therapy or radiotherapy, may provide disappointing results, only offering partial response with the recurrence of the disease. Therefore, the use of new immunosuppressive drugs, such as tocilizumab, with more targeted therapeutic action may show promising results. Despite the reduced sample, our results suggest that tocilizumab can be effective in the treatment of thyroid disease in patients with active GO refractory to corticosteroids.Ajnet2023-09-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.48560/rspo.25963por1646-69501646-6950Pereira, Pedro NunoProvidência, JoanaQueirós, TatianaPonces, FilipaCastela, GuilhermeMurta, Joaquiminfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-10-05T20:30:21Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/25963Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:33:26.978019Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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Introdução: A orbitopatia de Graves (GO) é uma doença inflamatória autoimune com tratamento desafiante e algo controverso. As opções terapêuticas na doença ativa moderada a grave podem incluir a terapêutica endovenosa com corticoides, outros imunomoduladores, radioterapia ou descompressão cirúrgica da órbita. O Clinical Activity Score (CAS) é uma escala clínica que quantifica os sinais e sintomas da doença, permitindo avaliar o grau de actividade e prever a resposta clínica ao tratamento. O tocilizumab é um anticorpo monoclonal humanizado contra o receptor da interleucina-6. Estudos recentes relatam a sua eficácia no tratamento da GO ativa refractária à terapêutica com corticosteróides IV tratados com tocilizumab. Métodos: Foi realizada uma análise retrospetiva de catorze doentes com GO activo, com um CAS ≥ 4, resistente ao tratamento com metilprednisolona IV. Os doentes foram submetidos a tratamento IV mensal com tocilizumab (8 mg/kg de peso) durante 4 a 8 meses. Foi analisado e registado a acuidade visual, o CAS, a exoftalmometria de Hertel, a motilidade ocular e os níveis de Trab (anticorpos anti-receptor de TSH) antes e depois do tratamento. Resultados: Foram incluídos catorze doentes, com idade mediana de 47 anos (variação de 37 a 72 anos) no início do tratamento e um período médio de acompanhamento de 37 meses (variação de 4 a 48 meses). Treze de catorze doentes apresentaram uma melhoria anatómica e funcional gradual da GO, com redução do score CAS, diminuição dos níveis de Trab (redução mediana de 5,77 U/L) e diminuição (10 de 14 doentes) ou estabilização da proptose (3 de 14 doentes). Um doente manteve a doença ativa (doença CAS ≥ 3) necessitando de mais sessões de tocilizumab. No entanto existem efeitos adversos associados, como anormalidades no perfil lipídico ou na função hepática e aumento do risco de infeções graves. Dois doentes desenvolveram neutropenia transitória, mas não implicou a suspensão do tratamento. Conclusão: As opções terapêuticas utilizadas para a GO ativa moderada a grave, como a terapêutica com corticoides ou a radioterapia, podem ter resultados dececionantes, oferecendo apenas uma resposta parcial com a recorrência da doença. Assim, a utilização de novos fármacos imunossupressores, como o tocilizumab, com uma ação terapêutica mais direcionada, pode apresentar resultados promissores. Apesar da amostra reduzida, os nossos resultados sugerem que o tocilizumab pode ser eficaz no tratamento da doença tiroideia em doentes com GO ativo refratário aos corticoides. |
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