Estudo da diversidade genética e da resistência primária à lamivudina de vírus da hepatite B em coinfectados por vírus da imunodeficiência humana, em Maputo, Moçambique

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Chambal, Lúcia Mabalane, 1983-
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/27271
Resumo: Tese de mestrado, Doenças Infecciosas Emergentes, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2016
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spelling Estudo da diversidade genética e da resistência primária à lamivudina de vírus da hepatite B em coinfectados por vírus da imunodeficiência humana, em Maputo, MoçambiqueVHBVIHLAMPrevalênciaGenótiposTeses de mestrado - 2016Domínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da SaúdeTese de mestrado, Doenças Infecciosas Emergentes, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2016Introdução A era da TARV marcou o declínio das infecções oportunísticas associadas a VIH, entretanto, foram-se revelando outras causas de morbimortalidade, dada a maior sobrevida dos infectados, como é o caso da doença hepática crónica, associada à infecção por VHB. A prevalência mundial estimada da hepatite B crónica é de 400 milhões, sendo maiores as taxas de prevalência na Ásia e em África, onde, também, se concentra o maior número estimado de infectados por VIH. VHB é classificado, de acordo com resultados de análises filogenéticas, em oito genótipos designados de A a H, sendo que a prevalência desses genótipos varia de acordo com a região geográfica. Nos últimos anos vem crescendo a evidência de que os genótipos de VHB influenciam a evolução clínica da doença, as taxas de seroconversão dos marcadores víricos, os padrões de mutações nas regiões promotoras do core e precore e a resposta à terapêutica antivírica. Em muitos países de baixos recursos o tratamento disponível para a hepatite B é a LAM, a qual apresenta baixa barreira genética, levando à emergência de resistências em 93% dos casos, ao quarto ano de tratamento. Em Moçambique, é de se mencionar apenas um estudo publicado, em 2007, com 1.578 participantes, no qual se estimou a prevalência do AgHBs de 10,6%, em dadores de sangue. Entretanto, até a presente data, não há informação disponível sobre a diversidade genética e resistência primária à LAM de VHB. Objectivo Estudar a prevalência, a diversidade genética e o perfil de resistência primária à LAM, de VHB, em infectados por VIH, sem TARV prévia, na Área de Saúde de Mavalane, Cidade de Maputo, Moçambique. Material e métodos Foi feito um estudo transversal, descritivo no qual foram incluídos infectados por VIH, sem TARV prévia, com idades superiores a 18 anos, seguidos na Consulta de Doença Crónica nos Centros de Saúde (CS) de Mavalane e Polana Caniço, Área de Saúde de Mavalane, Cidade de Maputo, Moçambique. A colheita de informação foi feita por questionários fechados, exame físico e colheita de amostras de sangue para avaliação das aminotransferases, perfil imunitário do doente, perfil serológico da hepatite B, carga vírica, genótipo e perfil de resistência de VHB. Foram feitas comunicações diárias nas Unidades Sanitárias (US), com informação detalhada sobre os procedimentos do estudo, tendo o consentimento informado sido assinado por todos os participantes. O registo de dados e a análise estatística foram feitos por programas informáticos apropriados. Resultados Foram incluídos 518 indivíduos infectados por VIH, com idade média de 33 anos, maioritariamente do sexo feminino (66,2%). Foi encontrada uma prevalência de infecção por VHB de 9,1%. Foram definidos dois grupos, coinfectados por VIH e VHB e monoinfectados por VIH e estes foram comparados quanto a características demográficas, clínicas e laboratoriais. Das características sociodemográficas estudadas, como idade, género, não uso de preservativo, uso de drogas intravenosas, presença de escarificações, piercings ou tatuagens, história de transfusões sanguíneas, vacinação prévia para a hepatite B e múltiplos parceiros sexuais, só se notou haver diferença significativa quanto a antecedentes de transfusões sanguíneas (p=0,47). Quanto às características estudadas, os dados clínicos, colhidos na população do estudo, foram a presença de sinais de doença hepática crónica, como icterícia, ascite, hepatomegalia e esplenomegalia, não tendo sido observados nenhum destes sinais em ambos os grupos. Não se notaram, também, diferenças significativas entre os dois grupos, quanto ao estádio clínico da infecção por VIH, segundo a OMS. Quanto às características laboratoriais estudadas (hemoglobina, leucócitos totais, linfócitos totais, plaquetas, linfócitos TCD4+, AST e ALT) não se notaram diferenças, estatisticamente, significativas entre os dois grupos, verificando-se, apenas, alguma tendência, para tal, no que concerne à ALT (p=0,054). Foi quantificada a carga vírica de VHB a 46 dos 47 indivíduos coinfectados, tendo os valores sido estratificados em três grupos – sete (15,2%) tinham ADN de VHB não detectável, 27 tinham ADN de VHB <104 UI/mL e 12 (26,1%) tinham ADN de VHB >104UI/mL. Estes grupos foram, por sua vez, comparados quanto às características clínicas, não havendo diferenças, estatisticamente, significativas quanto ao estádio clínico da infecção por VIH, segundo a OMS. Quanto às características laboratoriais (contagem de linfócitos TCD4+, AST e ALT) não se notaram diferenças, estatisticamente, significativas. Foi feito o estudo genotípico de 27 (58,7%) amostras, tendo sido detectados o genótipo A em 25 (92,6%) indivíduos e o genótipo E em dois (7,4%). Não foram detectadas mutações de resistência à LAM nas amostras testadas. Conclusões Os resultados encontrados neste estudo, no que concerne à prevalência da infecção por VHB, vão de acordo com os resultados de outros estudos realizados em Moçambique em outros grupos populacionais, o que permite concluir que a transmissão da infecção por VHB ocorre precocemente. Os genótipos aqui identificados são sobreponíveis aos encontrados em estudos realizados em Moçambique e em países vizinhos. Outros factos a realçar foram a ausência, nos coinfectados, de sinais clínicos ou laboratoriais de doença hepática descompensada e, também, a ausência de mutações que conferem resistência à LAM, o que coloca a necessidade de se efectuarem estudos prospectivos para a avaliação da evolução clínica, laboratorial e da resposta a terapêutica antivírica nesta população.Background: Information available in Mozambique about the prevalence of HBV infection is scarce, limited to data in blood donors, with one study showing a prevalence of 10.6% in Maputo and another study of 10.2% in Tete. There is no data published on the prevalence of HBV-HIV coinfection. In addition, no study to date has been published regarding the genetic diversity and primary lamivudine resistance profile of HBV. Knowledge of the circulating genotypes are relevant, as they are predictors of clinical outcomes and response to chronic hepatitis B treatment. This study was conducted to evaluate the frequency, genetic diversity and prevalence of primary resistance of HBV to lamivudine in HBV-HIV treatment naive co-infected patients in Maputo, Mozambique. Methods A cross-sectional, descriptive study of HIV-infected treatment naïve adults followed in two health centers in Maputo. Information was collected through closed questionnaires, physical examination and blood samples for the evaluation of hematological and aminotransferases profiles, viral load, genotype, serological and resistance profile of HBV. Participants were divided into two groups, HBV-HIV co-infected and the HIV to compare demographic, clinical and laboratory characteristics. Results 518 HIV-infected individuals were included with a mean age of 33 years old and majority female (66.2%). A prevalence of HBV co-infection of 9.1% was found. The mono-infected group was found to have more individuals with a history of blood transfusions (p = 0.047). No significant difference was found between the two groups for age, gender, lack of condom use, intravenous drug use, presence of ritual scars, piercings or tattoos, previous vaccination for hepatitis B or multiple sexual partners. No physical signs of chronic liver disease were observed in either group. In addition, no significant difference was found by WHO clinical stage of HIV infection. HBV-DNA was available for 46 of 47 co-infected individuals and were stratified into three groups: 7 (15.2%) had no detectable HBV-DNA, 27 had HBV DNA <104 IU/mL and 12 (26.1%) had HBV DNA > 104IU/ml. Clinical and laboratory characteristics were compared amongst these groups and demonstrated no statistically significant difference in the WHO clinical stage of HIV infection, CD4 count or transaminases. Genotypic study of 27 (58.7%) samples was performed, with genotype A detected in 25 (92.6%) individuals and genotype E in 2 (7.4%) individuals. No lamivudine-resistance mutations were detected. Conclusions This study represents a characterization of the prevalence, genotype and sociodemographic characteristics of HBV-HIV co-infected individuals in Maputo. The HBV genotypes detected matched those described in South Africa and Zimbabwe suggesting local transmission of the same strain of HBV between these countries and Mozambique. While primary resistance to lamuvidine was not detected, subsequent studies may reveal the development of secondary resistance in those co-infected individuals on anti-retrovirals with lamuvidine.Antunes, Francisco, 1943-Gudo, Eduardo SamoRepositório da Universidade de LisboaChambal, Lúcia Mabalane, 1983-2017-03-24T11:23:05Z20162016-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/27271TID:201211289porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:18:01Zoai:repositorio.ul.pt:10451/27271Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:43:44.035488Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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