Paisagem, mobilidade e slow tourism: uma abordagem pós fenomenológica da experiência da paisagem na prática de bikepacking
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/55477 |
Resumo: | O bikepacking é uma forma de cicloturismo que combina o desportivo com o turístico, onde há saídas de vários dias, viajando-se de bicicleta e acampando-se. Pela dependência que o humano tem das materialidades que possibilitam a sua experiência do mundo, pode falar-se num cyborg cinético bicicleta-humano-tenda. Esta dissertação tem por objetivo perceber quais as disposições afetivas do humano, mediado pelas materialidades bicicleta e tenda, na forma de ser-no-mundo caraterística do bikepacking. Procurou-se articular o bikepacking com o paradigma das novas mobilidades e o conceito de slow tourism, descrever o ser-no-mundo do cyborg cinético e perceber quais as particularidades na experiência multissensorial da paisagem que ele faz durante esta prática. A pesquisa concretizou-se através de uma etnografia da mobilidade, recorrendo a observação participante e a entrevistas em profundidade. Resulta do relato dos entrevistados e da observação participante que o bikepacking potencia ao cyborg um leque variado de escolhas no rumo a seguir e uma flexibilidade permanente de toldar a sua viagem, onde geralmente são exploradas estradas secundárias. As principais condicionantes nesta experiência são as condições materiais que medeiam o humano na sua experiência do mundo – das quais ele está dependente – e a sensação de segurança, nomeadamente ao nível da convivência com outros veículos nas estradas e da escolha dos locais para dormir. Conclui-se também que em Portugal, local onde foram recolhidos os dados, a prática de bikepacking é muito masculinizada, havendo um número reduzido de praticantes mulheres. Pela sua natureza, o bikepacking parece coincidir com o quadro teórico do slow tourism, relação essa que é problematizada. Os entrevistados não evidenciaram uma preocupação ambiental como causa da escolha da bicicleta como forma de viajar, pelo que a relação com o slow tourism – uma forma de turismo que tem como caraterísticas principais o desacelerar, o foco na integração nas comunidades e culturas locais e uma preocupação ambiental – encontra aqui uma primeira especificidade. Além disso resultou evidente que o ritmo do cyborg varia conforme os condicionalismos das materialidades e sobretudo das escolhas do humano que variam entre uma vontade de acelerar e de desacelerar. No bikepacking a relação com o ritmo é mais complexa do que uma mera vontade de desacelerar e isso faz com que, apesar de se poder enquadrar no quadro teórico do slow tourism, essa relação tenha de ser entendida na sua complexidade. As disposições afetivas mais relevantes apontadas pelos bikepakers entrevistados têm que ver com a flexibilidade nas escolhas do rumo a tomar, no maior leque de escolhas que esta forma de ser-no-mundo possibilitada, pela experiência do espaço não-fragmentada e por uma maior exposição a estímulos sensoriais dos diferentes elementos da paisagem. |
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A pesquisa concretizou-se através de uma etnografia da mobilidade, recorrendo a observação participante e a entrevistas em profundidade. Resulta do relato dos entrevistados e da observação participante que o bikepacking potencia ao cyborg um leque variado de escolhas no rumo a seguir e uma flexibilidade permanente de toldar a sua viagem, onde geralmente são exploradas estradas secundárias. As principais condicionantes nesta experiência são as condições materiais que medeiam o humano na sua experiência do mundo – das quais ele está dependente – e a sensação de segurança, nomeadamente ao nível da convivência com outros veículos nas estradas e da escolha dos locais para dormir. Conclui-se também que em Portugal, local onde foram recolhidos os dados, a prática de bikepacking é muito masculinizada, havendo um número reduzido de praticantes mulheres. Pela sua natureza, o bikepacking parece coincidir com o quadro teórico do slow tourism, relação essa que é problematizada. Os entrevistados não evidenciaram uma preocupação ambiental como causa da escolha da bicicleta como forma de viajar, pelo que a relação com o slow tourism – uma forma de turismo que tem como caraterísticas principais o desacelerar, o foco na integração nas comunidades e culturas locais e uma preocupação ambiental – encontra aqui uma primeira especificidade. Além disso resultou evidente que o ritmo do cyborg varia conforme os condicionalismos das materialidades e sobretudo das escolhas do humano que variam entre uma vontade de acelerar e de desacelerar. No bikepacking a relação com o ritmo é mais complexa do que uma mera vontade de desacelerar e isso faz com que, apesar de se poder enquadrar no quadro teórico do slow tourism, essa relação tenha de ser entendida na sua complexidade. As disposições afetivas mais relevantes apontadas pelos bikepakers entrevistados têm que ver com a flexibilidade nas escolhas do rumo a tomar, no maior leque de escolhas que esta forma de ser-no-mundo possibilitada, pela experiência do espaço não-fragmentada e por uma maior exposição a estímulos sensoriais dos diferentes elementos da paisagem.Bikepacking is a form of bicycle touring that combines sport with tourism, where there are departures for several days traveling by bicycle and camping. Understanding bikepacking requires a more-than-human approach due to the dependence that humans have on bicycle materialities, which enable their experience of the world. This essential interaction to bikepacking makes it possible to speak of a kinetic bicycle-human-tent cyborg. This dissertation aims to understand which are the affective dispositions of the human, mediated by materialities, such as bicycle and tent, in the form of being-in-the-world characteristic of the bikepacking performance. Consequently, it was required to articulate bikepacking with the theoretical framework of the paradigm of new mobilities and the concept of slow tourism, describe the experience of mobility and being-in-the world of the cyborg and understand the particularities in the multisensory experience of the landscape that it makes during this practice. For this, an ethnography of mobility was carried out, using participant observation and in-depth interviews. As a result of the interviewees' reports and participant observation, the bikepacking activity gives the cyborg a wide range of choices in the direction to follow and a permanent flexibility, where secondary roads are usually explored. The main constraints in this experience are the material conditions that mediate the human in his experience of the world – on which he is dependent – and the feeling of security, specifically at the level of coexistence with other vehicles on the roads and the choice of places to sleep. It is also concluded that in Portugal, where the data was collected, the practice of bikepacking is very masculinized, with a small number of female practitioners. By its nature, bikepacking seems to coincide with the theoretical framework of slow tourism, which can induce problematic. The bikepackers interviewed did not show an environmental concern as the reason for choosing the bicycle as a way of travelling, so the relationship with the theoretical framework of slow tourism - a form of tourism that has as main characteristics the slowdown, the focus on integration in communities and local cultures and an environmental concern – finds here a first specificity. Furthermore, it was evident that the cyborg's rhythm changes according to the constraints of materialities and, above all, the choices of the human, raging from a willingness to accelerate and to slow down. In bikepacking the relationship with rhythm is more complex than a mere desire to slow down and this means that, despite being able to fit into the theoretical framework of slow tourism, this relationship must be understood in its complexity. The most relevant affective dispositions pointed out by the interviewed bikepackers have to do with the flexibility in the choices of the course to be taken, in the widest range of choices that the way of being-in-the-world made possible, by the experience of non-fragmented space and by a greater exposure to sensory stimuli of the different elements of the landscape.Brito-Henriques, EduardoRepositório da Universidade de LisboaMagalhães, Francisco Miguel Pedro2022-12-21T11:23:57Z2022-12-092022-12-09T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/55477TID:203128613porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T17:02:29Zoai:repositorio.ul.pt:10451/55477Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:06:08.033823Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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