Observação etnográfica numa Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais: Desafios, ética e trabalho emocional
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Data de Publicação: | 2013 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10216/114911 |
Resumo: | Ao longo das últimas décadas têm sido produzidos diversos documentos jurídicolegais com o objetivo de regular procedimentos éticos em investigação científica. Contudo, têm sido negligenciadas as reflexões e eventuais respostas aos desafios que decorrem do trabalho emocional desempenhado por investigadores qualitativos, sobretudo quando abordam temas sensíveis. Com base na análise reflexiva de momentos eticamente relevantes registados nos diários de campo ao longo de 5 meses de observação etnográfica realizada no Serviço de Neonatologia de um Hospital público da área metropolitana do Porto – Portugal, neste artigo explorar-se-á o trabalho emocional da investigadora na gestão dos desafios que o terreno lhe foi proporcionando. Pretende-se, desta forma, contribuir para enraizar no trabalho de campo a escassa reflexão metodológica realizada neste domínio, nomeadamente nos seguintes níveis: autorrevelação e reciprocidade no que concerne os significados atribuídos à parentalidade; ouvir histórias verbalizadas pela primeira vez; gestão de emoções; e reflexividade decorrente da formação académica da investigadora e respetiva experiência de recolha de dados. Durante o período de observação etnográfica sobressaiu a importância do trabalho emocional. O contacto com os pais permitiu compreender mais aprofundadamente a imensidade e a magnitude de sentimentos ambivalentes que estes vivenciam no contexto do internamento dos seus filhos, desafiando a normatividade dos papéis parentais. A partilha de informações pessoais e altamente emotivas por parte de mães e pais converte-se na responsabilidade de dar voz às suas visões, experiências e conhecimento, a fim de contribuir para o enriquecimento das boas práticas clínicas e da governação da saúde e, sobretudo, para o desenvolvimento de cuidados de saúde centrados nos pais. Apesar da intersubjetividade subjacente à observação etnográfica, defende-se o estabelecimento de orientações baseadas na experiência pessoal de investigadores e disseminada em artigos científicos, bem como a realização de cursos de formação orientados para a investigação em saúde que envolve contextos e/ou temas sensíveis. |
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