Casa Hipólito : história, memórias e património de uma fábrica torriense
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.2/6548 |
Resumo: | Em 1902 António Hipólito, jovem migrante de Alcobaça para Torres Vedras, fundou uma empresa de metalomecânica ligeira, em nome individual, à qual chamou A Industrial. Latoeiro de folha branca, rapidamente se apercebeu das oportunidades facultadas por uma sociedade marcada pela ruralidade em que a vitivinicultura tinha lugar de destaque. Começando pelo fabrico de lanternas de acetileno, expandiu-se para os equipamentos necessários à lavoura: pulverizadores, prensas de lagar, bombas de trasfega, torpilhas, etc. Apostando na qualidade e em preços acessíveis, ao mesmo tempo que dava atenção especial à divulgação dos seus fabricos através de publicidade na imprensa e participação em mostras e exposições, conquistou paulatinamente mercado local e nacional. De tal modo se notabilizou que o Governo Português o distinguiu em 1930 com a Comenda da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial. Quando, por motivos de saúde, o Comendador António Hipólito, em 1944, entregou a gerência da fábrica aos filhos e ao genro, a empresa passou a sociedade por quotas com a designação de Casa Hipólito. Nessa altura já fabricava fogões e lanternas a petróleo, equipamentos domésticos que viriam a torná-la famosa em Portugal e no estrangeiro para onde passou a exportar parte significativa da sua produção. Nos anos 50 a 70 atingiu o auge da sua actividade e expansão através da licença exclusiva de fabrico da marca alemã Petromax e alargando a gama de produtos ao sector de gás em parceria com a Cidla, primeiro e a Shell depois. Construindo novas instalações e empregando centenas de trabalhadores, tornou-se a maior empresa do concelho de Torres Vedras e uma das principais do país no seu ramo. Em 1972 passou a Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada. Todavia, o impacto do ano de 1974 com a Revolução de Abril veio pôr a nu as deficiências estruturais de que já padecia: progressiva incapacidade de autofinanciamento, obsolescência do parque de máquinas e dos produtos fabricados, dificuldade em enfrentar a concorrência no sector vinícola, dificuldades em substituir o modelo de gestão familiar por outro mais adaptado ao crescimento da empresa. Nos anos 80 acentuou-se o percurso descendente. Em 1987 os credores impuseram um plano de recuperação e o controlo da gestão por via judicial. Iniciou-se um processo imparável de decadência que só terminou com a declaração de falência em Abril de 1999. Do que foi a actividade fabril da Casa Hipólito restam as memórias de quem lá trabalhou, os numerosos e variados testemunhos da imprensa local e um Fundo Documental à guarda do Museu Municipal Leonel Trindade de Torres Vedras. Este trabalho que ora se apresenta resulta de uma investigação realizada sobre estas fontes informativas com uma dupla finalidade: preservar a memória social da Casa Hipólito, descrevendo o seu percurso de quase cem anos e registando as memórias de alguns que nela trabalharam; e propor formas concretas de tratamento museológico do património que dela foi possível salvar. |
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Casa Hipólito : história, memórias e património de uma fábrica torrienseCasa Hipólito (Torres Vedras, Portugal)Património culturalArquitetura industrialFábricasMemóriasIndústria metalomecânicaTorres VedrasRecollectionsLight metalworkViticultureNew museologyIndustrial heritageEm 1902 António Hipólito, jovem migrante de Alcobaça para Torres Vedras, fundou uma empresa de metalomecânica ligeira, em nome individual, à qual chamou A Industrial. Latoeiro de folha branca, rapidamente se apercebeu das oportunidades facultadas por uma sociedade marcada pela ruralidade em que a vitivinicultura tinha lugar de destaque. Começando pelo fabrico de lanternas de acetileno, expandiu-se para os equipamentos necessários à lavoura: pulverizadores, prensas de lagar, bombas de trasfega, torpilhas, etc. Apostando na qualidade e em preços acessíveis, ao mesmo tempo que dava atenção especial à divulgação dos seus fabricos através de publicidade na imprensa e participação em mostras e exposições, conquistou paulatinamente mercado local e nacional. De tal modo se notabilizou que o Governo Português o distinguiu em 1930 com a Comenda da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial. Quando, por motivos de saúde, o Comendador António Hipólito, em 1944, entregou a gerência da fábrica aos filhos e ao genro, a empresa passou a sociedade por quotas com a designação de Casa Hipólito. Nessa altura já fabricava fogões e lanternas a petróleo, equipamentos domésticos que viriam a torná-la famosa em Portugal e no estrangeiro para onde passou a exportar parte significativa da sua produção. Nos anos 50 a 70 atingiu o auge da sua actividade e expansão através da licença exclusiva de fabrico da marca alemã Petromax e alargando a gama de produtos ao sector de gás em parceria com a Cidla, primeiro e a Shell depois. Construindo novas instalações e empregando centenas de trabalhadores, tornou-se a maior empresa do concelho de Torres Vedras e uma das principais do país no seu ramo. Em 1972 passou a Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada. Todavia, o impacto do ano de 1974 com a Revolução de Abril veio pôr a nu as deficiências estruturais de que já padecia: progressiva incapacidade de autofinanciamento, obsolescência do parque de máquinas e dos produtos fabricados, dificuldade em enfrentar a concorrência no sector vinícola, dificuldades em substituir o modelo de gestão familiar por outro mais adaptado ao crescimento da empresa. Nos anos 80 acentuou-se o percurso descendente. Em 1987 os credores impuseram um plano de recuperação e o controlo da gestão por via judicial. Iniciou-se um processo imparável de decadência que só terminou com a declaração de falência em Abril de 1999. Do que foi a actividade fabril da Casa Hipólito restam as memórias de quem lá trabalhou, os numerosos e variados testemunhos da imprensa local e um Fundo Documental à guarda do Museu Municipal Leonel Trindade de Torres Vedras. Este trabalho que ora se apresenta resulta de uma investigação realizada sobre estas fontes informativas com uma dupla finalidade: preservar a memória social da Casa Hipólito, descrevendo o seu percurso de quase cem anos e registando as memórias de alguns que nela trabalharam; e propor formas concretas de tratamento museológico do património que dela foi possível salvar.In 1902, António Hipólito , young migrant from Alcobaça, arrived in Torres Vedras and established a metalwork company in an individual basis called The Industrial. Being a white foil tinker, this young man soon became aware of the opportunities offered to him in a rural countryside society in which viticulture stood out. By starting the production of acetylene lanterns, he rapidly expanded his business to the manufacture of tools which any farmer would consider of the utmost importance when performing their labour. This was the case of atomizers, wine presses, winery pumps, sulphating equipment and other devices. By attempting to bring together quality and affordable prices, particular attention to marketing strategies was given. In order to make his products known he advertised in the Press and by participating in industrial exhibitions, he managed to make his production widely known. Thanks to this, he gradually gained reputation, both in the local and in the national market. Thanks to his performance as an entrepreneur, he was awarded The Ordem de Mérito Agrícola e Industrial Insignia in 1930. On account of health problems, in 1944, António Hipólito had to pass the company management to his descendants and son-in-law. The company became a shareholder society and was named Casa Hipólito. At the time, stoves, lanterns, household equipment, were already produced in this plant. This same production would make the company well-known not only in Portugal but also overseas, where a great deal of its production was exported to. The peak of productivity was reached between the 50s and the 70s through the exclusivity of the production of the German brand Petromax and the widening of a range of gas products in a joint action with Cidla and later with Shell. By building new facilities and employing hundreds of workmen, the company became the greatest enterprise in the municipality of Torres Vedras and one of the most important in its particular line in Portugal. In 1972, the company became an anonymous society of limited liability. However, in April 1974, the Portuguese Revolution and the political reforms brought about all the structural weaknesses from which the company had been suffering for some time. We can mention some of them, such as the increasing self-financing inability, the obsolescence of machinery and manufactured goods. Also some difficulty in facing the wine sector competitiveness, feebleness and difficulty in replacing the family business management model by another, more suitable to the company In the 80s, the downward process increased. In 1987, the creditors enforced a regaining plan and the management regulation by court order. From then on, a process of decay began and the company was forced into bankruptcy, in April 1999. In the end, only remained the recollections of those who had worked there for so long, a vast number of statements in the local press and also a documental spoil to the care of Leonel Trindade Museum in Torres Vedras. This paper now presented is the result of a research carried out on these information sources, bearing in mind the preservation of the social memory of Casa Hipólito, by describing its progress through almost one hundred years and registering some recollections of employees who worked there at the time. Moreover, it is also the aim of this paper to propose concrete ways upon museological treatment, regarding heritage preservation.Ramos, Paulo OliveiraRepositório AbertoDuarte, Joaquim Manuel Jorge Moedas2017-05-172017-06-122017-05-17T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.2/6548TID:201707683porDuarte, Joaquim Manuel Jorge Moedas - Casa Hipólito [Em linha]: história, memórias e património de uma fábrica torriense. [S.l.]: s.n.], 2017. 342 p.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-16T15:24:36Zoai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/6548Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:47:00.705936Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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